segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Jogue Como Uma Mulher

Jogue Como Uma Mulher

Quem me conhece sabe do meu posicionamento em favor da igualdade de gênero, do quanto eu acho as mulheres merecem muito mais destaque em nossa sociedade e tudo mais. Não tenho problemas em assumir essas coisas, tenho a minha volta mulheres de fibra, como minha mãe, minhas tias e foram as minhas avós também. Claro que cada uma delas dentro das suas características, mas todas elas dentro dos valores de feminismo, mas nunca sem perder a feminilidade, a humanidade e a candura.
Além delas, tenho as outras mulheres da minha família, as minhas amigas, algumas das minhas conhecidas, que também me fazem ver o quanto as mulheres são maravilhosas, cheias de fibra, de força de vontade, de gana, de garra, de convicções, de forças interiores, que nenhum homem jamais vai ser capaz de ter.
Por tudo isso, me sinto apto a falar deste tema, me sinto capaz de tratar dessa questão da nossa Seleção de Futebol Masculino em comparação com a nossa Seleção de Futebol Feminina, que tanto está causando alvoroço com as pessoas.
As mulheres sempre honraram as cores da nossa camisa! Isso desde sempre, na primeira competição que me lembro delas participarem, foram as Olimpíadas de 1996, quando, apesar da quarta colocação, elas jogaram muito, ainda mais que a nossa Seleção era semiprofissional, as meninas ainda não tinham a menor estrutura e eram relegadas ao anonimato, pois nossos cartolas não viam as mulheres como atrativos para o futebol tupiniquim.
Em todas as competições nós vemos as melhores jogadoras que temos em nosso país, se esforçando para jogarem. Claro que em um caso ou outro, temos problemas com os clubes para elas poderem se apresentar, mas sempre se mostram na disposição de defenderem as cores do nosso país.
Enquanto isso, temos o futebol masculino com os seus jogadores ultra paparicados, com seus cabelos ultra esquisitos, suas chuteiras multicoloridas, seus brincos de pérolas, seus fones de ouvidos que parecem caixas de som, seus corpos ultratatuados, que não jogam nada, não é de hoje. A última Seleção Masculina que nos representou bem, foi a de 2005, desde então, não temos mais um time que jogue futebol digno de representar a nossa camisa.
Enquanto temos a Martha, que já foi a melhor do mundo por 5 anos seguidos, se coloca sempre à disposição para dar entrevistas, é a nossa líder, já no masculino, temos o Neymar, uma prima-dona, uma diva, todo tatuado, cabelinho com corte especial, chuteira personalizada, dito o melhor jogador brasileiro dos últimos tempos, o único craque, o único capaz de mudar a realidade do futebol brasileiro, não consegue ser o líder que a Seleção precisa, não consegue nem manter seus nervos no lugar.
A realidade é que aqui no Brasil, se só 10% dos jogadores conseguem alcançar o estrelato, recebendo altos salários, imagina o futebol feminino?! Nossas jogadoras dependem de uma benesse do nosso governo, que as contrata para as forças armadas, para dessa forma ter como as meninas se dedicarem de forma “profissional” ao futebol. Então, você imagina, essas mulheres, guerreiras, conseguem mostrar muito mais força de vontade e disposição.
Mas sejamos sinceros, para a equipe masculina não está faltando só vontade e disposição, não tapemos o sol com a peneira. Está faltando mesmo é futebol. Tá faltando querer jogar bola, querer jogar como time, está faltando jogar coletivamente, está faltando abandonar o individualismo, está faltando o Neymar jogar o mínimo que ele consegue, parar de ficar despachando da sua mesinha ali na ponta esquerda da Seleção.
Enquanto na Feminina nós temos a Cristiane e a Beatriz, duas mulheres gols, na masculina só temos jogadores de armação, só temos jogadores que se preocupam mais em criar jogadas do que marcar os gols. Falta um artilheiro como a Cristiane, que chama a atenção das zagas adversárias, além disso, faltou convocar os jogadores maiores de 23 anos que façam a diferença, o Weverton pode sim fazer a diferença, mas o Renato Augusto tá fazendo número lá, coitado. Nada contra ele, mas ele não ajuda.
Então, a questão é essa, temos um time masculino que tem muita mídia e pouco futebol e um time feminino que tem muito futebol e pouca mídia. A verdade é que não há como não falar que as mulheres merecem sim conquistar a primeira medalha de ouro do futebol brasileiro em casa. Que os homens podem começar a comer a bola a partir de agora, podem, mas que eu adoraria muito ver Marta e companhia ganhando a medalha de ouro e esses homens tendo que engolir a soberba deles e aplaudirem as nossas maravilhosas jogadoras.
Seria um tapa na cara do país do 7 x1, para ver se nossos dirigentes tomam vergonha na cara e começam a se lembrar que esse esporte é movido pela paixão, de quem o joga, de quem torce, de quem o entende, de quem não o entende, de quem gosta dele e de quem quer ver o futebol brasileiro sempre como o mais bonito do mundo, o mais bem jogado e o mais vitorioso. Joguemos sim como mulher, pois as mulheres vencem, seja no futebol, no vôlei, no handball e onde mais precisar, pois a brasileira é desde sempre uma vitoriosa, tendo que encarar todos os dias uma sociedade que as coloca sempre em segundo plano.

PS: E a primeira medalha de ouro brasileira nas Olímpiadas Rio 2016 foram de uma mulher, negra, homossexual e favelada, mais um tapa na cara dessa nossa sociedade comandada por homens, brancos, heterossexuais e de posses. Salve, Rafaela Silva! Salve, Marta! Salvem as mulheres!!!

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