Jogue
Como Uma Mulher
Quem me conhece sabe do
meu posicionamento em favor da igualdade de gênero, do quanto eu acho as
mulheres merecem muito mais destaque em nossa sociedade e tudo mais. Não tenho
problemas em assumir essas coisas, tenho a minha volta mulheres de fibra, como
minha mãe, minhas tias e foram as minhas avós também. Claro que cada uma delas
dentro das suas características, mas todas elas dentro dos valores de
feminismo, mas nunca sem perder a feminilidade, a humanidade e a candura.
Além delas, tenho as
outras mulheres da minha família, as minhas amigas, algumas das minhas
conhecidas, que também me fazem ver o quanto as mulheres são maravilhosas,
cheias de fibra, de força de vontade, de gana, de garra, de convicções, de
forças interiores, que nenhum homem jamais vai ser capaz de ter.
Por tudo isso, me sinto
apto a falar deste tema, me sinto capaz de tratar dessa questão da nossa
Seleção de Futebol Masculino em comparação com a nossa Seleção de Futebol
Feminina, que tanto está causando alvoroço com as pessoas.
As mulheres sempre
honraram as cores da nossa camisa! Isso desde sempre, na primeira competição
que me lembro delas participarem, foram as Olimpíadas de 1996, quando, apesar
da quarta colocação, elas jogaram muito, ainda mais que a nossa Seleção era
semiprofissional, as meninas ainda não tinham a menor estrutura e eram
relegadas ao anonimato, pois nossos cartolas não viam as mulheres como
atrativos para o futebol tupiniquim.
Em todas as competições
nós vemos as melhores jogadoras que temos em nosso país, se esforçando para
jogarem. Claro que em um caso ou outro, temos problemas com os clubes para elas
poderem se apresentar, mas sempre se mostram na disposição de defenderem as
cores do nosso país.
Enquanto isso, temos o
futebol masculino com os seus jogadores ultra paparicados, com seus cabelos
ultra esquisitos, suas chuteiras multicoloridas, seus brincos de pérolas, seus
fones de ouvidos que parecem caixas de som, seus corpos ultratatuados, que não
jogam nada, não é de hoje. A última Seleção Masculina que nos representou bem,
foi a de 2005, desde então, não temos mais um time que jogue futebol digno de
representar a nossa camisa.
Enquanto temos a Martha,
que já foi a melhor do mundo por 5 anos seguidos, se coloca sempre à disposição
para dar entrevistas, é a nossa líder, já no masculino, temos o Neymar, uma prima-dona,
uma diva, todo tatuado, cabelinho com corte especial, chuteira personalizada,
dito o melhor jogador brasileiro dos últimos tempos, o único craque, o único
capaz de mudar a realidade do futebol brasileiro, não consegue ser o líder que
a Seleção precisa, não consegue nem manter seus nervos no lugar.
A realidade é que aqui no
Brasil, se só 10% dos jogadores conseguem alcançar o estrelato, recebendo altos
salários, imagina o futebol feminino?! Nossas jogadoras dependem de uma benesse
do nosso governo, que as contrata para as forças armadas, para dessa forma ter
como as meninas se dedicarem de forma “profissional” ao futebol. Então, você
imagina, essas mulheres, guerreiras, conseguem mostrar muito mais força de
vontade e disposição.
Mas sejamos sinceros,
para a equipe masculina não está faltando só vontade e disposição, não tapemos
o sol com a peneira. Está faltando mesmo é futebol. Tá faltando querer jogar
bola, querer jogar como time, está faltando jogar coletivamente, está faltando
abandonar o individualismo, está faltando o Neymar jogar o mínimo que ele
consegue, parar de ficar despachando da sua mesinha ali na ponta esquerda da
Seleção.
Enquanto na Feminina nós
temos a Cristiane e a Beatriz, duas mulheres gols, na masculina só temos
jogadores de armação, só temos jogadores que se preocupam mais em criar jogadas
do que marcar os gols. Falta um artilheiro como a Cristiane, que chama a
atenção das zagas adversárias, além disso, faltou convocar os jogadores maiores
de 23 anos que façam a diferença, o Weverton pode sim fazer a diferença, mas o
Renato Augusto tá fazendo número lá, coitado. Nada contra ele, mas ele não
ajuda.
Então, a questão é essa,
temos um time masculino que tem muita mídia e pouco futebol e um time feminino
que tem muito futebol e pouca mídia. A verdade é que não há como não falar que
as mulheres merecem sim conquistar a primeira medalha de ouro do futebol
brasileiro em casa. Que os homens podem começar a comer a bola a partir de
agora, podem, mas que eu adoraria muito ver Marta e companhia ganhando a
medalha de ouro e esses homens tendo que engolir a soberba deles e aplaudirem
as nossas maravilhosas jogadoras.
Seria um tapa na cara do
país do 7 x1, para ver se nossos dirigentes tomam vergonha na cara e começam a
se lembrar que esse esporte é movido pela paixão, de quem o joga, de quem
torce, de quem o entende, de quem não o entende, de quem gosta dele e de quem
quer ver o futebol brasileiro sempre como o mais bonito do mundo, o mais bem
jogado e o mais vitorioso. Joguemos sim como mulher, pois as mulheres vencem,
seja no futebol, no vôlei, no handball e onde mais precisar, pois a brasileira
é desde sempre uma vitoriosa, tendo que encarar todos os dias uma sociedade que
as coloca sempre em segundo plano.
PS: E a primeira medalha
de ouro brasileira nas Olímpiadas Rio 2016 foram de uma mulher, negra,
homossexual e favelada, mais um tapa na cara dessa nossa sociedade comandada
por homens, brancos, heterossexuais e de posses. Salve, Rafaela Silva! Salve,
Marta! Salvem as mulheres!!!
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