terça-feira, 28 de novembro de 2017

O Poder Em Nossas Mãos

O Poder Em Nossas Mãos

Sinceramente, não entendo como um ser humano pode querer infligir dor e sofrimento a outro ser humano. Como alguém pode deliberadamente acordar e pensar em querer fazer o mal a alguém, sem que essa pessoa tenha lhe feito qualquer mal ou tenha lhe dado motivos para que possa praticar tais atos contra outrem.
Esse fim de semana tive o desprazer de assistir ao vídeo da “escritora/socialite”, que vou me recusar a falar o nome, falando sobre a pequena Titi, filha dos atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank. Não conheço a Titi, e muito menos os atores, contudo, consigo sentir a dor e a revolta que eles estão sentindo, não só por simpatizar com a menina pela raça, mas por conseguir sentir empatia para com outro ser humano.
O curioso do caso, é que ele ocorre logo após outra atriz, a Taís Araújo, dar um depoimento nas redes sociais sobre o racismo e as pessoas tentarem ridicularizar ou minimizar o caso. Pois é, por mais incrível que pareça, muita gente ainda acredita que o levante dos movimentos negros contra o racismo é mimimi ou vitimismo. Muitos ainda creem que os negros estão reclamando de barriga cheia.
Porém, no caso da pequena Titi, mais do que o racismo, temos a desumanidade. Vemos o quanto a nossa sociedade está doente, a ponto de alguém se achar no direito de falar as barbaridades que falou de uma criança, inocente e sem qualquer mácula, e ainda assim achar que não é nada demais, que não tem qualquer problema com isso tudo.
Vejo muitas pessoas se solidarizando com a dor dos pais, mas poucos preocupados com a dor da menina. Não que a dor dos pais não seja para se ter solidariedade, não é isso, mas a menina precisa e muito mais da proteção das pessoas.
Aliás, essa tem sido uma máxima em nossa sociedade atual, falamos que um garoto de 12 anos tem cabeça para discernir sobre se comete um crime ou não, mas não para escolher vivenciar sua sexualidade (não estou falando de sexo, mas de escolher quem quer amar).
Já falei uma vez sobre racismo aqui, relembrando o caso do goleiro Aranha, que foi chamado de macaco por algumas pessoas e a época eu falei que quando estão chamando uma pessoa negra de macaco não estão apenas ofendendo-o, mas retirando a sua humanidade. E isso é a mais pura verdade, quando fazem isso, nos comparam a um animal, a uma fera, a uma besta, que não possui nada em comum com os outros seres humanos.
E negar a humanidade de alguém por conta da cor da sua pele é um absurdo! Podemos negar a humanidade de alguém quando ela realmente é selvagem, quando ela se comporta como um ser que não é humano, quando ela abre mão de ser digno da sua humanidade e passa a agir de uma forma contrária a todos os princípios que pregamos, de igualdade, liberdade e fraternidade.
Já tivemos casos de pessoas na história da humanidade que negaram o seu lado humano, Adolf Hitler, Mao Tsé Tung, Slobodan Milosevic e tantos outros líderes que provocaram um verdadeiro genocídio, que foram considerados inimigos da humanidade. Ocorre que, hoje temos pessoas, que não são líderes, que não são influentes, que não possuem ascensão alguma na nossa sociedade, mas que mesmo assim podem ser considerados inimigos da mesma.
Tantos crimes de ódio nos dias atuais, não são meros descasos ou ausência de conhecimento. As pessoas realmente estão com sentimentos negativos e com ideias ruins. Julgam que podem falar o que quiserem, não se importam com os sentimentos alheios e acham que todo mundo precisa achar tudo isso normal.
Pois bem, estamos no momento da vidada. Essa é a realidade, ou a gente muda a postura ou vamos nos afundar cada vez mais. Cada um de nós devemos deixar de sermos seres e passarmos a sermos mais humanos. Respeitar o próximo, não se importando com as diferenças, fazendo valer o que temos de melhor.
A humanidade está se perdendo e poucas sãos as vozes que vejo se levantarem contra isso, poucas são as pessoas que realmente querem vir ao mundo e espalhar amor e carinho, que não se deixam dominar pela raiva e pelo ódio. Hoje, o comum é o falar e fazer o mal, inclusive criticando quem tenta fazer o bem, quem tem a vontade de ajudar ao próximo. Já passou da hora de resgatarmos a nossa humanidade, de voltarmos a agir como seres humanos, buscando o bem coletivo e não só o individual.
Sendo assim, precisamos fugir dessa onda de mau-caratismo e ausência de valores, dessa onda de ódio e rancor, dessa vontade de fazer o mal, desse desejo de ser sozinho de pensar só em si. Precisamos voltar a pensar na humanidade como um todo, pensar que cada indivíduo é importante, que cada vida importa e não nos deixarmos embrutecer pelos dias atuais.
Paguemos o mal com o bem, o ódio com o amor, o rancor com a ternura, sejamos melhores do que já fomos, sejamos mais humanos, mais acolhedores, mais amorosos, mais afetuosos, mais universais, mais verdadeiros, mais sinceros, mais legais. Que possamos cada dia mais sermos faróis para uma nova era, iluminando os caminhos das pessoas que precisam de exemplos, que não nos deixemos corromper, que possamos ser mais certos e corretos, que possamos ser aquela mudança que queremos no mundo. Esse poder está em nossas mãos!

sábado, 25 de novembro de 2017

Dia Da Vivi

Dia Da Vivi

Hoje venho celebrar a minha irmã. Dia 25 de novembro, é o dia dela! Outras pessoas podem fazer aniversário nesse dia, mas na minha vida, esse dia sempre será reservado a ela. Desde quando vim ao mundo, pude perceber que ela era diferente. Em primeiro lugar, porque somos uma família de 5 pessoas, sendo 3 homens e 2 mulheres, mas ela era a menina, era a diferente. Afinal, éramos eu e meu irmão, os meninos, sempre iguais e ela a menina, a diferente, além de meu pai e minha mãe (que embora seja mulher também, sempre teve a sua figura como a mãe e não como menina).
Logo, fui percebendo que ela não era igual a nós, era diferente, não brincava de carrinho, de Comandos Em Ação, não se interessava muito pelo nosso vídeo game e nem por esportes, embora não fosse daquelas pessoas que nunca brincava dessas coisas, apenas não eram os interesses dela e isso a deixava como diferente de nós.
Imagina você, três crianças, 2 meninos e 1 menina, vivendo no mesmo quarto, que não era grande o suficiente para abrigar a todos, mas que nos servia bem. Quando eu cheguei aos meus 6/7 anos, minha irmã chegava aos seus 9/10, uma diferença enorme na época, afinal, eu ainda estava aprendendo a ler e ela já estava pensando em sair sozinha e desbravar o mundo. Aí então, ela começou a ideia de sair do nosso quarto e ter um quarto só para ela.
Felizmente, meus pais puderam fazer o quarto dela e ela se sentiu mais à vontade para crescer e se desenvolver. E as diferenças entre nós se tornaram ainda maiores, afinal, ela tinha a própria TV, não precisava mais ver os programas de meninos que eu e meu irmão gostávamos. Já pegava e via os seus programas preferidos, via as suas coisas, que agradavam ao seu gosto. Coisas que me causavam muita estranheza, afinal, com 3 anos a menos que ela, só queria saber de futebol, vídeo game, esportes e desenhos e seriados japoneses.
Mas o tempo foi passando e pude chegar a adolescência um pouco depois dela, que já tinha o nosso irmão a lhe acompanhar. Nessa época pude perceber que as suas influências eram muito parecidas com as minhas. Claro que eu não era fã de boybands, mas conseguia ouvir com ela, mas tínhamos muito a coisa de ouvir Big Mix no rádio, curtindo todos os funks dos anos 90 com o som nas alturas na sala do nosso apartamento no Cachambi.
Nessa época eu pude ver o quanto nós tínhamos gostos parecidos, o quanto conseguíamos nos alegrar com as vitórias do outro e nos entristecer com as suas derrotas. Lembro bem que foi através dela que eu comecei a ouvir mais atentamente ao movimento do pagode dos anos 90, quando ela ganhou o CD do Molejo e esse CD ficava em nosso aparelho de som tardes a fio, com a gente fazendo as coreografias e decorando as músicas. Bons tempos esses!
Sempre fomos de gostar muito da rua, aliás, acho que se eu gosto tanto da noite como eu gosto hoje em dia, é porque ela me abriu os caminhos. Quantas e quantas discotecas no Colégio Militar a gente não ia. Eu achava que era o máximo de independência que teria naquela época, não só por termos os dois sido alunos do Imperial Colégio Militar do Rio de Janeiro, mas por saber que eu era famoso no colégio, justamente por ser o irmão pentelho da Viviane Mendes.
E não era só isso, eu passava o dia no play do prédio, brincando, jogando bola e ficando na piscina e no fim do dia, subia para casa, tomava um banho e depois descia para ficar curtindo altos papos com ela e os amigos dela até o play fechar. Comecei a conhecer um pouco mais a ela graças a esses papos até tarde da noite no play do Porto Bonança.
Comecei a ver que não era só o sangue que nos ligava ou o fato de estudarmos no mesmo colégio, nossa ligação era maior, era no jeito de falar, nas gírias usadas, nos gostos, nas escolhas a serem feitas... Passei a ver que apesar de sermos muito parecidos fisicamente, a nossa conexão era espiritual, muito além de sermos irmãos, nos tornamos amigos, confidentes e principalmente parceiros.
O tempo passou, a gente cresceu, mas nunca mais deixamos de ser amigos, nossa relação só foi aumentando cada dia mais. Por um breve momento da vida ela se afastou do ninho, foi viver a vida dela sob outro teto, contudo, quando ela precisou, quando teve que ser acolhida, cá estávamos nós de braços abertos para recebê-la.
Viviane, saiba sempre que o mundo pode não ser o melhor lugar, que muitas vezes vamos apanhar, sofrer, chorar, sofrer mais um pouco, lamentar, nos desiludir, sofrer ainda mais, porém, sempre que você estiver para baixo, saiba que eu terei sempre uma mão, um braço, um corpo e uma vida para te levantar. Suas vitórias são minhas e as suas derrotas são minhas também. Não tenho apenas orgulho em ser seu irmão, tenho prazer e felicidade.
Mesmo a nossa vida não sendo sempre um mar de rosas, sei que posso sempre contar com a sua torcida e você pode ter certeza que desde que eu nasci, até o fim das nossas vidas, irei torcer por você. Agradeço pelo seu carinho, seu companheirismo, sua cumplicidade, mas acima de tudo, agradeço o seu amor. Muita gente fala que não devemos agradecer o amor, mas eu agradeço, não só retribuo, mas faço questão de ser grato por seu amor, afinal, ele é tudo o que alguém pode querer.
Como disse o poeta: “Se todos fossem iguais a você, que maravilha seria viver”. Pois é, posso falar não só por mim, mas também por todos os amigos, conhecidos, familiares... Todas as pessoas, que de uma forma ou outra tem o mundo transformado e melhorado só por saberem que você existe no mundo delas. Agradeço a Deus por você existir na minha vida e poder ser tudo o que você é para mim. Te amo!

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Dia De Ação De Graças

Dia De Ação De Graças

A gente em muitos momentos esquece de agradecer, prefere reclamar, prefere se lamentar, prefere fechar os olhos para as coisas boas que conseguimos conquistar e que devemos ser gratos. Muita gente pode achar que agradecer por momentos pequenos é uma supervalorização do pouco. Mas eu não vejo assim.
Passei a valorizar as pequenas coisas, confiando sim que Deus está no comando da minha vida e sabe bem o que é melhor para mim em cada um dos momentos da minha vida. A partir do momento em que me coloco grato até por coisas que a muitos olhos seriam ruins, passo a ser uma pessoa mais feliz e menos amargurada com os rumos da minha vida.
Nem sempre eu sei o que é melhor para mim e na maioria das vezes em que sei, não tenho certeza de que as minhas escolhas são as melhores possíveis para mim. De verdade! Não sei bem se estou conseguindo ser claro, mas já tive diversas provas na vida de que a gente não consegue mudar o que Deus tem para nós.
Mas tratando de agradecer, tenho muito a agradecer em minha vida. Sou muito grato pela minha família e meus amigos, pessoas que estão sempre dispostas a fazer de tudo para me verem feliz, que alegram meus dias, que lutam por mim, que se importam com a minha felicidade e que buscam trazer um pouco mais de paz, serenidade e alegria para o meu mundo. São aquelas pessoas que fazem da minha permanência nesse mundo caótico em algo um pouco mais suportável.
Sou grato por ter um lar. Repare que não falei uma casa, pois realmente eu tenho um lar, uma instituição bem fundamentada e estruturada, que é a base para tudo de bom que tenho em minha vida. Pois é nesse lar que eu tenho meus pais, meus irmãos, minha sobrinha, minha cunhada... É nesse lar que eu posso também conviver com meus amigos. É nesse lar em que recebi a maior parte das minhas lições de vida, onde aprendi o que é o amor, o que é gratidão, o que é felicidade...
Sou grato por poder escrever nesse espaço. Foi esse espaço que me ajudou e muito a sair de um dos momentos mais tristes da minha vida e foi ele que me fez sair desse momento, que me fez retomar o rumo da minha vida e que hoje me serve como algo mais, como um grande incentivador e motivador para viver. Se hoje posso dizer que sou escritor, isso se deve a este espaço, esse blog.
Sou grato pelos meus fracassos. Sim, aí a gratidão por coisas pequenas! Pois é, quando agradeço por esses fracassos, posso falar que consigo reconhecer minhas derrotas e consigo aprender com elas. Posso olhar para eles e tirar lições, buscando melhorar, buscando me tornar uma pessoa melhor com os erros que cometi.
Sou grato por ter uma cama para dormir. Nos dias de hoje, muitas pessoas estão dormindo nas ruas, estão sem ter um teto sobre suas cabeças, sofrendo com todos as intempéries que o mundo lá fora nos traz, sujeitos ao mal tempo, as maldades humanas e todo o mal que esse mundo pode despejar sobre alguém.
Sou grato pela minha saúde. Não sou uma pessoa que tem uma saúde de ferro, mas também não posso me queixar da minha saúde, afinal eu sou um cara muito alérgico, mas apesar disso, não tenho do que me lamentar, só ser muito grato, pois não tenho nenhum problema grave de saúde, não tenho nenhuma enfermidade crônica ou estou com alguma doença terminal.
Sou grato pela minha cor/raça. Sou negro e com muito orgulho! Sou muito feliz por isso, não que veja diferença entre as pessoas por conta de sua cor/raça, mas justamente por algumas pessoas verem. Sou um cara que tem uma capacidade de criar textos coerente e muito acolhidos pelas pessoas, que não representam um determinado grupo de pessoas, que não se identificam pela cor/raça, mas sim porque consigo trazer assuntos e as pessoas não precisam saber a minha etnia para me entender. Porém, mesmo tendo essa capacidade, fico feliz de poder me identificar como negro e ser tido como exemplo para as pessoas.
Sou grato pela pessoa que me tornei. Alguém que não se sente melhor ou pior que os outros, que respeita as pessoas, que deseja o bem ao próximo, que não consegue guardar rancor, que busca ser útil a sociedade, tenta ser sempre o mais gentil possível e que busca ser justo com os outros, seguindo os ensinamentos de Cristo, buscando ser feliz a todo o tempo.
Sou grato por ser brasileiro, por ser carioca, por ser Flamengo, por ser mangueirense, por gostar de música, por gostar de praia, por gostar de ler, por gostar de futebol, por gostar de cinema, por gostar de cultura, por gostar de cerveja, por gostar de estar com os amigos, por gostar de samba, por gostar de pagode, por gostar de rock, por gostar de cozinhar, por gostar de andar de bike, por gostar de dias de sol, por gostar de escrever, por gostar de estar ao ar livre, por gostar de papear, por gostar da vida.
Em suma, eu sou grato por estar vivo, pois já tiveram momentos em que pensei que isso não era uma dádiva, mas sim um tormento, mas hoje, sei que Deus me pôs aqui para ser feliz, e uma das bases da felicidade é a gratidão. E hoje posso dizer, que sou grato por todas as pequenas coisas e não é valorizar as pequenas coisas, é ter a certeza que a gratidão é um caminho para a felicidade.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Anjo

Anjo

Oh, meu anjo, onde você está?
Saiba que você é o mais próximo da perfeição
Eu sou apenas um boquirroto
Cuja vida tem pouca valoração

Queria te botar num potinho
Para assim evitar as suas agruras
Te proteger desse mundo cão
E enxugar qualquer lágrima tua

Mas eu falhei contigo, meu anjo
Deixei o mundo nos afastar
Causando seu descontentamento
Permitindo assim te magoar

Agora eu penso em minha vida
Sabendo que dela não mais terei
Aquele ser que a vida ilumina
E que nem em sonho eu sonhei

Um ser de coração tão puro
Que causava inveja no mais perfeito cristal
Alguém que não vê maldade no mundo
Um ser de luz, especial

Mas o mundo é mesmo um lugar cruel
Que faz da felicidade artigo de luxo
Quando ela parece deslumbrar para mim
A tristeza vem e eu murcho

Saiba, oh anjo, que a vida não é justa
Queria que você soubesse disso
Existem milhões de formas de amar
E nem todas elas são compromisso

Eu nasci quebrado
Só sei amar desse jeito
Amo, cuido e quero bem
Mas meu amor vem com defeito

Sou quente e ao mesmo tempo frio
Me deixo envolver por meus pecados
Desculpe se um dia te causei dor
Mas eu aprendi a amar e não a ser amado

Assumo minhas falhas
Você é um ser de brilho intenso
Te sou eternamente grato
Oh anjo de coração imenso

sábado, 4 de novembro de 2017

Da Boca Pra Fora Todo Amor É Verdadeiro

Da Boca Pra Fora Todo Amor É Verdadeiro

As pessoas costumam confundir o meu pragmatismo para relacionamentos com uma certa frieza ou um grave distanciamento. Elas creem que por eu ter uma forma mais prática de ver as coisas, de saber separar meus sentimentos, de conseguir explorar minha sexualidade sem envolver sentimentos amorosos, além de amizade, respeito e companheirismo.
Contudo, as pessoas confundem tudo isso com frieza, chegando a acreditar que eu não sei o que é o amor, que eu não acredito no amor e que eu não espero encontrar o amor em minha vida. Vocês não podiam estar mais erradas!
Eu sou uma pessoa que acredito num amor que não o de contos de fadas. Acredito no que disse o poeta: “Sempre não é todo dia”! Posso amar a pessoa pra sempre, mas sempre não é todo dia. Não quer dizer que eu pense em abandonar a pessoa ou algo assim. Não, muito pelo contrário, quer dizer que eu sei que haverá dias em que não vou querer estar com a pessoa, que vou odiá-la um pouco, que vou estar mais desmotivado...
Estou falando que o meu amor é um amor real, não é aquele de filme de Hollywood, que precisa passar por milhões de mal-entendidos, provações e afins. Não, o amor que eu acredito não precisa passar por essas coisas. Acredito num amor maduro, onde as pessoas escolhem estar juntas e não que se sintam compelidas por uma força arrebatadora que elas não sabem bem de onde vem, mas que as força a buscarem sempre a estarem juntas, apesar de todos os prognósticos contrários.
Eu não acredito em relacionamentos onde as pessoas se esforçam muito para parecerem sempre felizes e sempre de bem. Aquelas pessoas que postam tudo o que estão fazendo, que fazem uma questão tremenda de postar cada passo dado com a pessoa amada, que posta mensagens no celular, posta fotos de momentos íntimos, expõe a sua relação em todos os ao vivos e histories das redes sociais.
Sou da teoria de que gente que é feliz não fica se preocupando tanto em postar as coisas nas redes sociais. Claro que uma vez ou outra, por um momento especial ou por uma foto ter ficado muito boa, as pessoas acabam postando algo, mas essas pessoas não se prendem a isso, não acham que cada passo do casal deve ser documentado como se assim, no futuro, as pessoas teriam base para estudar esse relacionamento tão perfeito.
Relacionamentos perfeitos não precisam ser expostos nas redes sociais, não precisam da anuência das outras pessoas, mas tão somente dos envolvidos. Vivemos em tempos tão estranhos, com essa ideia de Big Brother, de realidade aumentada, de vidas virtuais ainda mais agitadas que as vidas reais, que muita gente vive um relacionamento pra expor nas redes sociais, se preocupa mais com a opinião alheia que a do próprio parceiro.
Pior de tudo, é que essas pessoas que gostam de expor a relação, sempre fazem parecer que a relação é perfeita, é uma melação danada, declarações de amor desde o segundo dia de relacionamento, fazem parecer que a paixão entre eles é a maior do mundo, meio que querendo provocar a inveja de todos por conta desse amor monumental.
Ocorre, que eu acredito em um amor maduro, em um amor que não precisa de demonstrações faraônicas de sua existência, em um amor onde as pequenas coisas é que importam. Creio em um amor onde a pessoa ligue falando ‘tô precisando de você’ e eu possa dizer apenas ‘tô aqui, abre a porta’. Acredito no amor com amizade, dois amigos que se descobriram amantes. Acredito nisso.
Acredito num amor onde os depois possam dividir vitórias e derrotas, risos e lágrimas, bons e maus momentos... Acredito no que disse o poeta: “Você bem sabe, eu não te prometi um mar de rosas, nem sempre o sol brilha, também há dias em que a chuva cai (...)”. Não há amor que seja anti-problemas!
Vão ter dias em que as coisas não vão parecer boas, em que vai parecer que a melhor solução será jogar tudo pro alto e cada um ir pro seu lado, mas como a escolha foi estarem juntos, você respirará fundo, voltará para perto da pessoa e tentará acertar as coisas. Mas quando o relacionamento é maduro, você vai saber que apesar dos problemas, nem sempre aquela que parecer ser a melhor solução é de fato a melhor solução.
Eu acredito em relacionamentos amorosos, eu acredito no amor, eu aprendi o que é amor, vendo casos verdadeiros do mesmo. Aprendi vendo os meus avós, tanto os maternos, que tinham uma relação de respeito, bem patriarcal do início do século XX, assim como os paternos, que souberam superar diversos obstáculos para poderem ir até o fim das suas vidas juntos e morrerem sabendo do amor um pelo outro.
Aprendi com os meus pais, acompanhando diariamente, desde o meu nascimento, que o amor precisa ser construído, bem fundamentado, com alicerces fortes, com estrutura reforçada, com o pensamento no bem alheio, com o respeito, com o carinho, com a parceria, mas acima disso tudo, repetindo o mantra: Sempre não é todo dia. Pois só assim eles souberam lidar com os problemas, com a falta de dinheiro, com os apertos, com a criação de três filhos, com as diferenças, com o cotidiano, com a vida...
Eu acredito no amor que é construído dia após dia, que se montam, que se forja, com coisas boas e ruins, que permite você ir aprendendo com o outro a cada momento, onde você respeita, onde você ensina, onde você aprende, onde você doa, onde você recebe, onde você dá, onde você pede, onde você perdoa, onde você esquece...
Eu acredito num amor que não depende de redes sociais, não precisa da aprovação dos outros, que não precisa de rótulos... Eu acredito num amor que seja de verdade, que se viva com a alma, pois as pessoas estão interligadas, pois as conexões que elas fizeram são tão profundas, que um não vive sem o outro. Eu acredito num amor em que os dois vão envelhecer juntos, cercado pelo amor dos filhos, dos netos e dos bisnetos... Eu acredito num amor que será memorável, mas não como esses de histórias de cinema, mas sim as histórias que eu vivenciei com meus avós, que vivencio com meus pais, que serão eternas, pois passarão de geração em geração.
Pra quem acha que não, que sou frio, saiba que eu sou quente. Eu sou amor, eu exalo amor, eu vivo o amor, mas não é por conta disso que eu tenho que trair as minhas crenças. Muito pelo contrário, para viver o amor, ele tem que ser como as minhas crenças, a pessoa tem que ser minha melhor amiga, tem que me tornar uma pessoa melhor do que eu já sou, não por ela querer me mudar, mas sim por ela me fazer querer ser alguém melhor, tem que confiar em mim, tem que ser segura de si também, tem que querer a minha felicidade acima de tudo, pois sabe que a felicidade dela é tudo o que mais vou querer no mundo...
Eu aprendi a duras penas, que da boca pra fora, todo amor é verdadeiro. Todo mundo sabe dizer eu te amo, mas demonstrar, aí são outros quinhentos. Quantas vezes eu já precisei e não pude contar com a pessoa, ou ainda, quantas vezes eu só queria um afago e não tive? Quantas vezes eu só precisei de um incentivo pra retomar o rumo e não tive, ou ainda, quantas vezes eu dependi de um amor que não era real?
Pois é, por isso que hoje pra mim as palavras são como espumas ao vento, logo se desfazem. Já os atos, esses ficam na memória, esses gravam no coração, esses ficam marcados pra sempre na alma, tornando aquele amor, algo sentido cada vez que você se recorda de cada ato, de cada ação da pessoa, aquilo tudo sibila na sua alma... Cada ato fica tatuado nos seus sentimentos, aumentando ainda mais os sentimentos bons que você tem pela pessoa que você ama de uma forma madura, tornando assim fácil amar.
Me cansei de promessas vazias, já tive muitas desilusões, sofri já muito por amor, o que me fez evoluir, me fez amadurecer, me fez ver que falar é uma coisa, fazer é outra completamente diferente. Sendo assim, passei a valorizar muito mais tudo o que não é dito, que não é falado, aquilo tudo, que só é sentido, aquilo que só bate ao coração, que faz bem à alma, que mexe com você inteiro. Então, me perdoem o meu pragmatismo, mas dessa forma eu aprendi a valorizar muito mais aquilo que eu aprendi que é o amor.