Você É Responsável
Pela Sua Felicidade
Sabe, eu estive
muito ligado nos últimos acontecimentos político-sociais, tentando buscar um
pouco de inspiração para escrever e um pouco, além de tentar achar bons
exemplos para me inspirar e buscar renovar minha fé, um pouco abalada na
humanidade, nos últimos tempos. Vasculhei muitas coisas, revi vídeos, assisti a
algumas reportagens e quanto mais eu mexia, mais eu me desencantava.
Ocorre, que no
meio desse mar de lama, caos e maldade alimentada em todos nós, surgiu-me um
oásis, onde pude ver um documentário com a Jada Pinkett Smith, atriz norte
americana, esposa do Will Smith, chamado Red Table Talk, algo como Conversas Na
Mesa Vermelha. Nessas tais conversas, Jada conversa com a filha e com a mãe, e
um dos momentos que mais me marcou, nessa conversa é justamente quando ela está
falando sobre a felicidade.
A Jada é uma atriz
conceituada em Hollywood, casada com um dos maiores astros do cinema, mãe de 3
filhos (dois de sangue e mais o filho mais velho do Will, do primeiro casamento
dele), sendo a matriarca de uma família artística, onde além dela e do marido,
os filhos também são artistas. Todos eles possuem seus sonhos e suas vontades,
seus anseios e seus objetivos.
O que mais me
marcou nesse documentário, é que Jada dá uma lição sobre felicidade
impressionante, que se assemelha muito ao que eu falo sobre o tema. Ela fala
que cada um é responsável pela sua felicidade e não pode colocar a sua
felicidade como responsabilidade dos outros.
Você vai dizer,
que essa não é uma novidade para ninguém, que muitas pessoas já pensaram isso,
seja da forma que for, que a felicidade é sempre individual. Mas é curioso você
observar uma mulher rica, bem-sucedida, esposa e mãe, falar sobre isso da forma
como ela fala. Afinal, sempre ouvimos e vemos nossas mães e esposas falando que
a felicidade delas é a felicidade dos filhos e dos maridos, certo?
A nossa sociedade
oprime as mulheres a pensarem dessa forma, não permite que elas pensem fora
dessa realidade, “criminalizando” qualquer mulher que pense diferente disso. E
o que no discurso dela é tão diferente e inovador, assim? Bem, entenda, cada um
pode ver isso de uma forma, a interpretação é livre, mas eu achei fantástica a
forma dela assumir que é errado uma mãe colocar a felicidade dela nos ombros de
um filho ou a esposa colocar nos ombros do marido, simplesmente porque cada um
é responsável pela sua própria felicidade.
A felicidade
realmente é responsabilidade de cada um, é uma puta sacanagem você colocar a
responsabilidade dela em cima de uma outra pessoa. Falo aqui sobre qualquer
relação, não necessariamente relações amorosas ou de pais e filhos, mas sim
para todas as relações. Sejam casais, amigos, pais e filhos, colegas de
trabalho, qualquer tipo de relação que você queira tratar, você não pode se
anular pelo outro, você não pode viver em função do outro e achar que a
felicidade do outro vai bastar pra você ser feliz.
Uma das imagens
mais marcantes desse documentário é quando a Jada desobriga a filha dela de
fazê-la feliz. E ela explica que faz isso, pois no momento em que ela coloca
essa obrigação nas costas da filha, a partir do momento em que a filha percebe
isso, quando nota que a mãe não está feliz, ela se sente pressionada, começa a
se cobrar por algo que não está ao seu controle. Aí a filha começa a ver a mãe
triste e sabe que a felicidade da mãe depende dela e começa a se sentir
culpada, se coloca pra baixo e se sente mal por tudo isso, quando na verdade, a
mãe não está feliz, porque não quer ser feliz.
Calma, não estou
aqui falando que as pessoas não podem se alegrar com a felicidade dos outros,
que não podem se regozijar por com as conquistas daquelas pessoas de quem ela
gosta, muito menos estou dizendo que as pessoas precisam ser egoístas a ponto
de não se importarem com a felicidade alheia, não é nada disso, muito pelo contrário.
Mas, acredito sim, que cada um é guardião da sua felicidade.
Quantas e quantas
vezes eu não me alegro com as realizações dos meus pais, meus irmãos, meus
tios, meus primos, meus sobrinhos, meus amigos... Quantas e quantas vezes, não
fico feliz por ver que alguma dessas pessoas está feliz ou me entristeço por
ver a tristeza dessas mesmas pessoas? Pois é, isso acontece, é um sentimento
chamado empatia, é comum e até saudável você ter, isso que nos faz humanos, nos
faz acreditar que a humanidade ainda tem jeito.
Mas o que estou
criticando, é que muitas pessoas tendem a depositar a sua felicidade sobre os
ombros de outras. Tipo a mãe que diz que abre mão de tudo para a felicidade do
filho e que só será feliz se o filho for feliz. E quem mede essa felicidade?
Você não está na outra pessoa para saber se ela realmente está feliz ou não,
você não tem como sentir pelo outro. Uma mãe, por mais que queira o melhor para
um filho, não pode viver a vida dele, nem querer decidir o que é melhor para
ele.
Indo para o lado
dos casais, acredito que um deve querer fazer o outro feliz, mas que isso não
seja uma sentença de infelicidade. Eu posso tentar de tudo para fazer uma
pessoa feliz, tudo o que está ao meu alcance e a pessoa simplesmente não ser
feliz. Simplesmente porque cada um sente de uma maneira, cada um vivencia as
experiências de uma maneira. Por exemplo, posso bolar um plano infalível,
comprar flores, levar pra jantar, fazer tudo conforme o roteiro básico de
romantismo, mas a outra pessoa pode estar num dia em que ela só precisa de uma
taça de vinho, um abraço e colo. E por eu não dar isso pra ela, ela se sentir
infeliz e eu ficarei achando que a culpa da infelicidade dela é minha, quando
na verdade é, somente, porque ela sente diferente dos outros.
Como já disse
outras vezes, acho que a felicidade é sentimento momentâneo, que se prolonga
pelo somatório de várias “felicidades” que temos durante a vida, quando uma
pessoa diz que é feliz, é porque em sua vida se somam várias coisas que lhe
fazem estar feliz por um momento, perpetuando a sensação de bem-estar nela. Ou
seja, ela tem tantas “felicidades momentâneas” seguidas, que a vida dela é um
sentimento constante de felicidade.
Assim sendo, por
ser um estado de espírito, a felicidade é pessoal e intransferível, ou seja, só
quem sente é capaz de ter aquela sensação. Mesmo embora, você possa sentir
felicidade por conta da felicidade do outro, a sua felicidade é diferente da
pessoa que tem a felicidade original, entende? A primeira pessoa fica feliz,
você sente a felicidade dela e fica feliz também, mas as felicidades são
diferentes, embora uma seja decorrência da outra.
Contudo, se você
baseia a sua felicidade em uma outra pessoa, você joga uma carga naquela pessoa
que não diz respeito a ela. Aí, você se desobriga da sua felicidade, colocando
a responsabilidade por ela nas costas de uma outra pessoa. Sendo certo de que
as pessoas geralmente vão pensar na sua felicidade primeiro, elas vão pôr a felicidade
delas como prioridade e deixarão a sua de lado, pois a sua nunca vai ser
prioridade. E como me disse uma vez um sábio: Se você não se preocupa em ser
feliz, como você vai dar felicidade a outra pessoa?
Então, seja “egoísta”,
pense na sua felicidade, cuide dela, tenha ela como prioridade em sua vida, mas
nunca deixe de ter empatia com as pessoas a sua volta, porém, nunca deposite
nelas os motivos da sua felicidade, a sua felicidade é responsabilidade sua e
só você pode fazer as coisas para você ser feliz. E nada, nem ninguém irá mudar
isso, por mais que haja promessas, palavras e atos. No fim das contas, a
felicidade é pessoal e intransferível.