Só
Tomo Café Amargo
A
vida é impureza em sua essência
Mazelas,
desilusão, sofrimento
Sorrisos,
desapegos, amor
Nostalgia,
saudade, amizade
Nada
disso é puro ou perfeito
Talvez
por isso eu viva em desespero
Tentando
achar motivos para seguir em frente
Buscando
um sentido para a minha vida
Sabendo
que o único destino certo é a morte
O
resto é brilho e perfumaria
O
fardo é extremamente pesado
A
dor e a agonia são constantes
A
conscientização de que só o fim é certo
Causa
uma certa afazia de sentimentos
Anestesiando
o coração do cativo
As
chagas já não ardem nem dilaceram
A alma
pena em ser o que mais dói
E o
corpo sucumbe diante dos males
As
borboletas no estômago já não existem
Foram
comidas por todos os sapos que engoli
Só
tomo café amargo
Que
é para ver se a vida parece mais doce
O
caos tenta vir para me limpar
Para
purificar a minha existência vil
Mas
a verdade é que não há pureza na vida
Nem
toda a maldade está em quem faz o mal
Há
maldade também em quem se omite
A
vida é impureza e só a morte é pura
Pois
é ela quem finda todo o bem e todo o mal
Acaba
com os sonhos e os pesadelos
Finita
presença insignificante é a minha
Quem
sabe a morte me ressignifica
E
torna puros os sentimentos que carrego