quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Esse Sou Eu


Esse Sou Eu

Vão querer te dizer o que vestir
O que comer ou beber e aonde ir
Vão te impor uma forma de pensar
Como agir ou sentir e o que falar

Vão te mostrar o que é “certo”
Vão te fechar o que é aberto
Vão te calar os altos gritos
Vão te impor cru ao invés de frito

Vão querer te impor condições
Vão querer te impor emoções
Vão querer te impor dores
Vão querer te impor sabores

Mas entenda, cada um é um
Todo ser humano é incomum
Ser diferente é plenamente normal
Essa é a verdade mais cabal

A alegria está em ser quem eu sou
Alguém que ninguém jamais pensou
Alguém que a cada dia se faz exclusivo
E que por isso é tão efusivo

Se eu fosse tudo o que querem de mim
Tenho certeza que seria o meu fim
Pois isso me jogaria no absoluto breu
Afinal, eu seria tudo, menos eu

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Ídolos

Ídolos

É tão estranho dizer adeus a um ídolo
Não somente por ter te proporcionado alegrias
Mas por ter servido de exemplo e de inspiração
Alguém em quem você se espelhava
Que te fazia acreditar que sua vida poderia ser diferente
Alguém que você via fazendo algo
E passava a impressão de que tudo aquilo era simples
Eu já enterrei muitos ídolos
Alguns por fazerem o encanto acabar
Outros por que a vida quis levá-los
Acontece que temos a impressão de que ídolos são heróis
Que não são seres humanos falhos e que cometem erros
Enxergamos eles como membros do Olimpo, semideuses
Super-heróis de histórias em quadrinhos
Mais fortes, mais rápidos, mais inteligentes que os normais
Acreditamos que eles sejam imortais
Mas bem disse o poeta: “É tão estranho, os bons morrem jovens”
E quando vemos a face mais humana desses semideuses
É que nos damos conta do quanto a vida é breve
O quanto ela é um piscar de olhos
Nossos ídolos não deixam o nosso imaginário
Não paramos de imaginar a volta perfeita dentro do carro
A aceleração final na pista de atletismo
O arremesso certeiro no estouro do relógio
O show magistral em apoteose e êxtase
O último recitar da poesia tão marcante
O perecimento do ser humano é natural e irrefreável
Não temos como lutar contra a morte
Mas quando os nossos ídolos se vão
A gente percebe que até os grandes um dia partem
E nos deixam a impressão de que a vida é muito mais
Que devemos valorizar cada segundo
Que cada instante conta, que cada momento é importante
Que não podemos deixar a vida escorrer por entre os dedos
A gente nunca sabe o dia de amanhã
No fim das contas, famosos ou não
Somos sempre o ídolo de alguém
Sempre inspiramos as pessoas a serem melhores
E no fim, o importante é saber o que deixamos de legado
E legado é a forma como as pessoas vão se lembrar de nós
Que no dia que eu me for, eu seja como meus ídolos
E deixe para trás um legado de amor e inspiração

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

O Discurso Do Rei

O Discurso Do Rei

Não frise o cenho ao ler minhas palavras
Elas não são imperativas, mas reflexivas
O meu discurso não é de fácil compreensão
Precisa-se de certas capacidades cognitivas

Mas sempre fiz os alertas necessários
Para que todos estivessem de olhos abertos
Com os ouvidos atentos aos ruídos falados
Alerta ao que nos deixa boquiabertos

O ódio encarnado em discursos religiosos
A morte estampada em palavras de vida
A mentira verdadeira na boca dos mentirosos

O falso rei e seus discursos asquerosos
O sangue dos inocentes fez suas mãos tingidas
Que mata a democracia em atos jocosos

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Toda Vez Que Se Mata O Amor

Toda Vez Que Se Mata O Amor

Já julguei tantas vezes ter encontrado o amor de uma vida
Só que eu morri cada uma das vezes e ninguém notou
Para que todos esses romances tenham feito sentido para mim
Afinal, cada vida que eu morri, eu amei de corpo e alma
E tive que renascer das profundezas da desilusão amorosa
As lágrimas derramadas serviram como o Dilúvio
Matando-me por ser infiel ao amor que eu não mais sentia
Cada morte era anunciada por um término de relação
E em cada renascimento, começava uma nova vida
Julgando-me novamente incapaz de amar um bom amor
Até achar um novo bom amor para eu poder amar
E quando por ele eu me entregava de cabeça, novamente
As profecias de morte ao longe se anunciavam
Pois, mais uma vez o amor me mataria com o fim
E então, tal qual a fênix, eu ressurgiria das cinzas
Das profundezas de minha alma renascida em trevas
Até que no horizonte de minha alma se avizinhasse
Um arco-íris de cores vibrantes trazendo a esperança
E o amor me germina e me gera mais uma vez
E sigo o ciclo de nascer e morrer em cada paixão
Com a fé inabalável de que todo amor dura uma vida inteira
Mas que se morre toda vez que se mata o amor

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Me Desfiz

Me Desfiz

Eu já te quis demais
De mais a mais
O tempo passou

Ficaram as marcas
E as mágoas
E tudo mudou

Fui feliz por anos
Mas sofri seus danos
E me desfiz

Caí e me levantei
Muitas lágrimas chorei
Tentando ser feliz

Despois da desilusão
Remontei meu coração
Por pura insensatez

Perdi o medo de sofrer
De amar não vou morrer
Amor é uma desfaçatez

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

A Revolução Dos Animais

A Revolução Dos Animais

Maldita hipocrisia esquizofrênica
A revolução dos bichos já começou
As raposas tomaram conta do galinheiro
O burro chegou à presidência
E as hienas estão em volta aplaudindo
Só que o povo não é composto por ovelhas
Esse é o nosso Brasil brasileiro
Onde a vaca comemora abertura de açougue
O veado torce pelo caçador
As formigas acham que são bota
Enquanto todas são comidas pelo tamanduá
E por aí, os macacos seguem iguais
Mudos, cegos e surdos
Jogam pérolas aos porcos
Mas os mesmos só querem lavagem
A pomba branca aqui faz arminha com a mão
E o chyuaua vira pitbull nas redes sociais
Aqui, cobra dá rasteira em cobra
A mudança está nas mãos do bicho preguiça
Bodes velhos expiam tudo do alto de suas coberturas
Dizem que o problema são as piranhas e os veados
Mas o boi manso se enfurece em nome do país
Enquanto os tubarões se alimentam no congresso
As vacas de presépio aplaudem todos os erros
E a bicharada não se entende nessa selva de pedra
A manada é tocada para o abate
Enquanto cada cachorro lambe a própria caceta
Quando os gatos saem, os ratos fazem a festa
Mas a gente bem sabe: Quando o navio começa a afundar
Os ratos são os primeiros a se jogarem no mar
No fim, a foca fica sempre com a bola no nariz
E o peixe palhaço não vê graça em nada