Que Seja 20!

Que Seja 20!

Não te desejo paz para 2020. Pois quem só vive em paz não está preparado para quando surge a guerra.

Não te desejo tranquilidade para 2020. Pois quem vive tranquilo não está pronto para quando a vida te exige agito.

Não te desejo tudo de bom em 2020. Pois quem tem tudo o que precisa acaba não valorizando as coisas que tem.

Não te desejo só dias bons em 2020. Pois quem só tem dias bons não consegue viver a plenitude dos dias de adversidade.

Eu te desejo amor para 2020. Pois amor é sempre necessário para uma vida plena.

Eu te desejo saúde para 2020. Pois saúde nunca é demais para se ter na vida!

Eu desejo que você tenha coragem em 2020. Pois assim você vai encarar as adversidades da vida e não vai esmorecer.

Eu te desejo felicidade em 2020. Pois sendo feliz, você vai espalhar esse sentimento para quem estiver a sua volta.

Eu te desejo evolução para 2020. Para que a cada dia você seja a melhor versão sua que já existiu.

Eu te desejo plenitude para 2020. Pois assim você não vai deixar que tentem te apagar.

Eu te desejo luz para 2020. Pois assim você vai passar adiante a sua chama interior e melhorar o mundo.

Eu desejo que você tenha e faça um excelente 2020. Que ele não seja perfeito, mas que ele seja exatamente aquilo que você precisa para ser plenamente feliz!

Tenda Dos Vícios (TV)

Tenda Dos Vícios (TV)

Estava eu no mausoléu dos mal-amados

Vendo uma tela na tenda dos vícios viciados

Atento ao sim e o não dos desesperados

Amargando o paladar dos incompreendidos

Solto no ar, tal qual pássaros migrantes

Buscando um pouso forçado em terras calmas

Para satisfazer minhas vontades diletantes

Me alimento dos corpos sem almas

As maledicências dos homens me compadecem

Percebo meu mundo ruindo pedaço a pedaço

Os monstros são aqueles que mais se entristecem

Calados por “santos” cometendo pecado

Na coxia os demônios berram os textos

E os poderosos manipulam suas marionetes

Dando a narrativa todo um novo contexto

Como se estivesse em suas mãos a manete

Corações se dobram aflitos e cheios de dor

O amor é o mal dos pobres atormentados

Caçoam daqueles que se entregam ao amor

Por não entenderem os amaldiçoados

Assisto a essa peça com uma certa aflição

Ouvindo os lamentos de quem hoje está morto

A perda os colocou em estágio de nolição

Eu observo as almas saindo do corpo

Os atores vêm me tirar da plateia agora

Me paramentam e me levam para o palco

Sou objeto do morrer da aurora

Carrego toda a dor que no peito recalco

No centro do palco sou alvejado pela luz dos holofotes

Me prostro cego, mudo e meio louco

As pessoas me olham perplexas, tal qual para astarotes

O amor que tu me tinhas é mouco

Vá Com Deus

Vá Com Deus

Você tomou minha vida de assalto

Chegou trazendo novidades e esperança

Me fez crer que com você as coisas iam mudar

Que tudo seria diferente e bem melhor

Com o passar dos dias você foi mostrando como é

Comecei a sofrer ao seu lado

Fui me afastando dos meus objetivos

Cedendo às suas pressões

Me calando diante das atrocidades que você me apresentava

Você foi tirando pessoas da minha vida

Fazendo o meu mundo ser mais triste

Mas nem tudo foi ruim

Com você eu aprendi a ser mais eu

Descobri que quem quer estar ao meu lado faz por onde

Que quem me ama de verdade me aceita como sou

E que só cabe a mim escolher o meu destino

Eu te desejei com muito afinco

Depositei em seus ombros minha felicidade

Mas agora, olhando para trás, vejo que foi um erro

Você não é a chegada, é só o caminho

E hoje, perto do momento da despedida

Posso me valer da sinceridade para dizer

Até que foi bom enquanto durou

Não tenho do que me lamentar

Fiz as coisas que precisei para ser feliz

Mesmo que ela não tenha sido constante

Pensando daqui pra frente, imagino

A minha vida será melhor amanhã

Você me mostrou que posso pisar um chão de estrelas

E mesmo assim ter meus pés em terra firme

Então, é isso

Tenho gratidão por todos os momentos que passamos juntos

Mas achei alguém que me trouxe a sensação de furor de novo

Renovando as esperanças e energias

Vá com Deus!

Sei que você não foi dez comigo

Mas ano que vem é 20!

2020

Poeta

Poeta

Não sou poeta por ser cômodo

Por glamour ou coisa assim

Não escrevo para satisfação pessoal

Ou por ideologia

Não faço arte para ter retorno financeiro

Tampouco para ser ovacionado

Não escrevo meus versos por prazer

Muito menos por louros e glórias

As palavras jorram do fundo da minha alma

Do meu coração doído

Vêm das experiências vividas e compartilhadas

Das dores, dos amores, dos sabores e das cores

Daquilo que eu imagino e sonho

Do que me cega, me cala e me mata

Do que é silêncio e fúria dentro de mim

Do que é luz e não escuridão

É a força motriz que me move

O alimento que me mantém vivo

A energia que me faz crescer

É o meu Sol, a minha água

O meu alimento, a minha hóstia consagrada

Minha necessidade não é fazer poesia

A poesia é que se apossa de mim

Me faz ser bem mais do que eu

Me leva além dos meus limites

Me transporta para lugares que nunca irei

Me apresenta pessoas que nunca vou conhecer

Me faz enxugar as lágrimas que nunca vi derramarem

O meu dom me faz me perpetuar no tempo

Ser além de mim mesmo

Ser mais do que um mero escritor

Deixando de legado todo o eu que derramo em meus versos

O Meu Endereço

O Meu Endereço

Você rasgou as cartas que te mandei

Me bloqueou em todas as redes sociais

Apagou as nossas fotos de casal

Jogou fora todos os presentes que te dei

Doou todos os poemas de amor que te escrevi

Atravessa a rua toda vez que me vê

A cada vez que alguém pergunta de mim

Você finge nem saber

Age como se eu nunca tivesse existido

Não quero que você guarde tanta mágoa

Nem alimente em você tanto rancor

Abra mão de sentimentos tão nefastos

Eu sei que ainda existe amor

Mas você diz que nem se lembra do meu rosto

Da minha voz diz nem saber quando escutar

Vive falando por aí que já me esqueceu

Que se me vir não terá qualquer problema

Mas é só alguém te lembrar de mim

Que você começa a chorar

De que adianta tamanha encenação

Você insiste em dizer que esqueceu meu endereço

Mas de que adianta, se eu ainda moro no seu coração?

Onde Mora Alguém

Onde Mora Alguém

O meu peito é um lugar em que não morava ninguém

Que me fazia querer viver no vai e vem

Eu vivia na noitada e na boemia

Só vivia na noite e dormia de dia

Eu gostava de viver na doce ilusão

Deixando bem trancado o meu coração

Vivendo a minha vida do jeito que quis

Passando a fazer o que eu nunca fiz

Será

Que a vida agora vai sorrir pra mim

Trazendo esse cheiro de jasmim

Que enche a minha sala de estar?

Será

Que toda essa minha relutância

Trazendo pra minha vida consonância

De que o amor veio pra ficar?

O meu peito é um lugar em que já mora alguém

Que me fez abandonar todo o vai e vem

Larguei mão de viver a velha boemia

Abandonei a noite e te fiz meu dia

Me cansei de viver tanta desilusão

Passando a viver o sim e não o não

Fazendo da minha vida bem mais feliz

Brotando em meu jardim a minha flor de liz

Eternas Lembranças

Eternas Lembranças

A cada filme que vi, eu dei seu gosto

A cada livro que li, eu dei seu cheiro

A cada pessoa que eu cruzei, eu dei o seu rosto

A cada dia que vivi, eu dei seu janeiro

A cada flor que eu cheirei, eu dei sua primavera

A cada sonho que sonhei, eu dei sua presença

A cada ligação que recebi, eu dei sua espera

A cada abraço seu, eu dei sua avença

A cada ano que passou, eu quis minha alma

A cada verso que compus, eu quis minha vida

A cada beijo que te dei, eu quis uma agalma

A cada ilusão que me fiz, eu te quis olvida

Presença constante em meus pensamentos foi você

Enlouquecendo-me, pouco a pouco, em meus passos

Não sei se é você mesma ou se são minhas lembranças

Que me traem ao ver você em cada esquina

Filmes, livros, pessoas e dias

Flores, sonhos, ligações e abraços

Anos, versos, beijos e ilusões

Eternas lembranças de uma mente pouco esquecida

Você está aqui mesmo na minha frente

Você não se encontra mais perto de mim

A traição das memórias me machuca

Mais do que não saber, é achar que nunca tive

A Estrada

A Estrada

Caminhando pela estrada

Chão de barro, céu de estrelas

E eu com os pés no chão

Olhando a verdade a minha frente

Pensando no que é verdade e no que é ilusão

Arrastando as minhas correntes

Arrebentando os meus grilhões

Saindo da insanidade temporária

E mergulhando na solidão da estrada

Caminhando há dias

Só carrego água e dor

Os pés esfolados de caminhar

Ao longe, uma luz me aponta o norte

E eu sigo achando que talvez eu chegue lá

Só que até ontem eu acreditava num amanhã

Mas agora eu sei que o amanhã nunca chega

Afinal, eu sempre vivo o hoje

Os lacaios tentam calar as vozes dissonantes

Os carros passam e ninguém me vê

Eu sigo o meu caminho, andando sozinho

A felicidade não é um prato que se come frio

E as minhas migalhas eu recolho atrás de mim

Não tenho a intenção de voltar

Prefiro abraçar um sonho

Do que vender minha alma a quem for

Que eu erre só por amor

E que eu aguente a travessia

Caminhões, carros, motos e poeira

Eu respiro o ar mais puro em meio a mim

Um dia isso tudo vai se acabar

E eu estarei à beira da estrada

Sentado só para ver

Agora Sou Grande

Agora Sou Grande

Hoje eu acordei e olhei no espelho

Como eu mudei de ontem para hoje

Já não tenho mais o medo de luz apagada

E nem penso no monstro dentro do armário

Os brinquedos deram lugar aos boletos

As amizades sinceras se tornaram escassas

Os sonhos que eu tinha se tornaram devaneios

Alguns dizem que eu agora cresci

Mas que graça tem em crescer? Me diga você!

Não posso mais ter o carrinho que eu quero

As balas em meu caminho não são mais doces

O choro já não é mais de alegria

O cansaço já não é mais de tanto brincar

Antes eu brigava para não ir dormir

Hoje eu só quero conseguir dormir em paz

As coisas mudaram muito

Me olho e não vejo o menino que fui

Os planos eu adaptei pelo caminho

Me tornei um esboço do que queria

Não lamento as decisões que tomei

Eu só queria poder voltar a ser leve

Ser livre, ser eu mesmo

Hoje eu sou eu, mas não sou o mesmo

A vida adulta cobra um preço muito caro

Os sorrisos se tornam raros

Ai, mas que saudade da minha infância

Queria voltar a ser criança

Não para ser mais jovem

Mas para ser mais inconsequente

Poder ser destemido e enfrentar tudo

Sem temer o que vem depois

Eu era uma criança com medos bobos

De monstro do armário, de luz apagada...

Hoje eu temo saber o que me tornei

Agora sou grande e temo não ser o herói da minha infância

Não ter me tornado tudo aquilo que eu sempre quis ser

Mais Um Na Multidão

Mais Um Na Multidão

Estou acordado há mil séculos

E sinto que o mundo parece andar pra trás

A minha consciência é etérea

Estou acordado há mil anos

E sinto que a vida parece andar pra trás

A minha vivência é etérea

Estou acordado há mil dias

E sinto que a mente parece andar pra trás

A minha vontade é etérea

Estou acordado há mil horas

E sinto que o tempo parece andar pra trás

A minha passagem é etérea

Os ponteiros do relógio rodam pra trás

Envelhecemos e ficamos menos sábios

Perdemos a consciência coletiva

Passamos a viver por viver

Nos tornamos cada vez mais egoístas

Somos cada vez mais descartáveis

Os ponteiros do relógio apontam

Falta um minuto para o juízo final

E ninguém mais se dá conta

O tempo vivido será em vão?

As dores sentidas só machucaram?

Sou só mais um na multidão