quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Tenda Dos Vícios (TV)

Tenda Dos Vícios (TV)

Estava eu no mausoléu dos mal-amados
Vendo uma tela na tenda dos vícios viciados
Atento ao sim e o não dos desesperados
Amargando o paladar dos incompreendidos

Solto no ar, tal qual pássaros migrantes
Buscando um pouso forçado em terras calmas
Para satisfazer minhas vontades diletantes
Me alimento dos corpos sem almas

As maledicências dos homens me compadecem
Percebo meu mundo ruindo pedaço a pedaço
Os monstros são aqueles que mais se entristecem
Calados por “santos” cometendo pecado

Na coxia os demônios berram os textos
E os poderosos manipulam suas marionetes
Dando a narrativa todo um novo contexto
Como se estivesse em suas mãos a manete

Corações se dobram aflitos e cheios de dor
O amor é o mal dos pobres atormentados
Caçoam daqueles que se entregam ao amor
Por não entenderem os amaldiçoados

Assisto a essa peça com uma certa aflição
Ouvindo os lamentos de quem hoje está morto
A perda os colocou em estágio de nolição
Eu observo as almas saindo do corpo

Os atores vêm me tirar da plateia agora
Me paramentam e me levam para o palco
Sou objeto do morrer da aurora
Carrego toda a dor que no peito recalco

No centro do palco sou alvejado pela luz dos holofotes
Me prostro cego, mudo e meio louco
As pessoas me olham perplexas, tal qual para astarotes
O amor que tu me tinhas é mouco

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