CurtaVida

CurtaVida

A vida é muito curta

Então, é melhor que a gente a curta

Pois se não, ela encurta

Aí, vou de curtição em curtição

Deixando que a vida não fique curtindo

Não seja um cobertor curto

Daí, então, eu vou e curto

A vida é muito curta

Mas eu não curto na vida

Eu curto a vida

E assim ela não se encurta

E eu não me curvo

A vida não faz curva

Ela tenta, mas não me encurta

A vida é muito curta

Eu vou e curto

Sem dar curto circuito

Curto cada momento

E cada momento eu curvo

Fazendo da curtição recurso

Sem que isso me tire do curso

A vida é muito curta

Logo, não me curvo

Muito menos me encurto

Não dou curto circuito

Não me privo, só me prumo

Não me prive de curtir a vida
Que assim a vida eu não encurto

Queria Que Fosse Fácil

Queria Que Fosse Fácil

Queria que fosse fácil assim te ver partir e não mais querer te amar

Queria que fosse fácil assim te deixar ir e nunca mais te procurar

Queria que fosse fácil assim não mais te ver e assim não precisar mais te desejar

Queria que fosse fácil assim olhar suas fotos e não lembrar de você

Queria que fosse fácil assim fingir que não te conheço cada vez que te vejo passar

Queria que fosse fácil assim sentir seu gosto e não querer novos beijos

Queria que fosse fácil assim falar contigo e não te querer tão perto

Queria que fosse fácil assim ouvir a sua voz e não ficar louco de desejo

Queria que fosse fácil assim receber uma ligação sua e não alegrar o coração

Queria que fosse fácil assim não amor você e conseguir te odiar

Queria que fosse fácil assim não te quer e não mais te amar

Queria que fosse fácil assim saber que você me ama e mesmo assim querer estar longe

Queria que fosse fácil assim pensar em você o dia inteiro e ter a certeza de não estar apaixonado

Queria que fosse fácil assim para te convencer a voltar e não que você me dissesse que era o fim

Queria que fosse fácil assim ouvir você dizer que me ama e isso não soar como algo triste

Queria que fosse fácil assim querer te procurar e não poder chegar perto de você

Queria que fosse fácil assim querer te bloquear e não mais te acompanhar nas redes

Queria que fosse fácil assim dizer que não te quero mais e não te querer cada vez mais

Queria que fosse fácil assim, mas não é

Queria que fosse fácil assim você querer voltar

Escrito De Escritor

Escrito De Escritor

Não sou escritor para conseguir fama

Para vender milhões de livros

Para ganhar dinheiro e admiradores

Não faço isso para ser bajulado

Muito menos para conquistar corações

Não quero seguidores ou curtidas

Não estou nessa para alimentar meu ego

Muito menos para satisfazer desejos mundanos

Eu sou escritor para aplacar a minha fúria

Para arrebatar a minha dor

Para acalmar os meus amores

Para saciar a minha imaginação

Para acabar com a necessidade de escrever

Para conseguir pôr no papel meus sentimentos

Para fazer jus a minha verve literária

Para fazer a catarse da minha alma

Escrevo por necessidade de fazê-lo

É quase uma compulsão atroz

Cada dia sem escrever me dá crise de abstinência

É um desejo incontrolável de se grafar no papel

A vontade irrefreável de ser em palavras

É conseguir deixar tudo em forma de textos

É colocar em letras os sentimentos sentidos

É transportar sua alma através do escrever

Eu escrevo para me conectar comigo

Para conseguir entender meus sentimentos

Para me expor além do meu visual

Para me comunicar com quem me lê

Para mostrar um mundo melhor

Para apresentar uma saída

Para poder ser além do que eu me permito
Para ser um espalhador de sonhos

O Garoto Dos Sonhos

O Garoto Dos Sonhos

Sonha!

Sonha, mas sonha alto, garoto!

Acredita nos seus devaneios

Se deixa levar por essa sua imaginação

Não se deixe impor limites

Devaneia, imagina, inventa

Deixe tudo ser quimera

Pura fantasia ou ilusão

A realidade é pequena para você

Não é capaz de captar a sua visão

O seu mundo é melhor

Então, pega e sonha

Mas sonha acordado

Sonha de olhos abertos

Tornando os seus sonhos realidade

Pois você crê em tudo o que tem em mente

A sua ficção é capaz de ser real

Você tornará sua fantasia em algo concreto

Afinal, o seu sonho é mais, é anseio

O mundo sob sua ótica é mais bonito

É mais colorido, é mais vibrante

É mais vivo e mais feliz

Você tem fé inabalável no seu sonho

Que torna a utopia uma verdade

Vai, garoto!

Pode sonhar!

Mas sonha cada vez mais alto

Tão alto que não se vê do chão

Só de onde você está

No mundo mágico dos seus sonhos

Esses sonhos
Tão reais

+ Respeito

+ Respeito

Fala-se muito de respeito

De cobrar e exigir

Ou impor e forçar

Mas eu aprendi muito bem

Respeito é igual ao amor

Quanto mais você dá

Mais você tem

Pode-se falar de apreço

Consideração ou deferência

Respeito é mais que sentimento

É uma forma de se levar a vida

Sabendo que você faz bem ao outro

E o outro fará bem a você

Falam de respeito, mas esquecem

Que respeito é atrelado a educação

Quando recebemos bons exemplos

Tratando todo e qualquer desconhecido

Como se ele fosse o nosso irmão

Vendo ele como um igual

Sabendo lidar com as diferenças

Não julgando e nem defenestrando

Acolhendo, entendendo e amando

Deixando de lado qualquer desentendimento

Desfocando do que nos afasta

E procurando o que nos aproxima

Essa é a maior lição que se ensina

Respeito é bom e todo mundo gosta

Mas se você não respeita o outro

O que te faz ser respeitado?

O humilde não exige respeito

Ele só quer mesmo é ser amado

E Respeito hoje tá fora de moda

Tal qual o pobre do Amor

Sentimentos que não são egoístas

São feitos para serem partilhados

Servidos de bandeja como prêmio
Algo que se usa e nunca fica gasto

Súcubos

Súcubos

As minhas narinas se dilatam

Na esperança de que entre amor

Para preencher meus pulmões

Meus rins e também meu coração

Que as borboletas mortas

Possam reviver em meu estômago

E que a vida volte a ser vida em mim

Cansei de esperar a volta do que não foi

Aquele amor que eu jurava existir

Creio que só existiu para e em mim

Nunca foi verdadeiro o seu falso amor

E sua despedida fez ferida ao chegar

Despedaçando a minha crença

De que eu merecia ser feliz para sempre

Acontece que eu não lamento o fim

O problema na verdade é enxergar o começo

E perceber que você nunca me amou de verdade

Que só usou o amor que eu me dispus a te dar

Súcubo de corações enamorados e felizes

Tornando-os árido, frio, inóspito e vazio

Meu pobre coração que se encheu de amor

Mas não posso reclamar por ter te amado

A dor é por você não entender o meu amor

Tornando errado o que de mais puro eu já tive

Quebrando em pedaços o meu coração

Transformando em pó minha vã esperança

Por mais que eu ainda insista em crer no amor

Eu sei que o amor não foi feito para mim

CAOS

CAOS

Muitas vezes a gente se prende ao que dá certo

Ao que conseguimos ter controle

Ao que nos faz crer que somos senhores da razão

Nos apegamos ao que nos conforta

E ao que nos deixa contentes

Nos acomoda em toda uma situação

Mas a vida é uma megera indomável

É como uma tempestade que logo vira furacão

É um cavalo selvagem que você tenta laçar

Mas sabe que nunca será capaz de domá-lo

E então você se assusta com a força da vida

Parece até que você é um barco de cristal

Boiando no mar revolto perto das rochas

E teme pelo pior, acha que não vai aguentar

Que tudo vai ser destruição e dor

Você entra em crise, vê o mundo girar

O teto começa a ficar preto e você perde o ar

E se vê em meio ao caos

A completa falta de ordem e sentido

Sua vida sai dos trilhos e você é só um passageiro

Sente a garganta apertada

Como se a corda pressionasse

E isso te sacode, te balança, te joga em outra direção

Te tira da sua zona de conforto

Faz você ver o mundo de uma outra forma

Te obriga a querer mudar

A querer que as coisas sejam diferentes

Pois o plano original não deu certo

Mas você só vê isso por conta do caos

E é esse o caos em que você se enfiou

Passam amores, amigos, empregos, oportunidades

Só não passa a vida

Pois tudo é transitório, só ela existe de verdade

Então, você se vê em meio a terra arrasada

Saindo do fundo do poço

E tudo começa a se acertar de novo

Um novo plano, um novo caminho, uma nova vida

De vez em quando, o que precisamos é do caos
Para ele trazer nova ordem até nós

Na Lua

Na Lua

A Lua se levanta do mar

E deita sobre ele

Parecendo tentar me alcançar na praia

Jogar sobre mim a sua cálida presença

O seu toque branco e sem luz própria

A beleza dela é o que me fascina

Ela bailando trêmula sobre o oceano

Me fazendo lembrar de alguém

Que não mais está aqui perto de mim

Orbitando, distante e sem pressa

Ocultando uma face para ninguém perceber

Que sua alegria é triste e profunda

Tal qual você, que esconde atrás de sorrisos

Uma tristeza que parece não ter fim

Penso em me juntar a NASA e ir tentar

Quem sabe uma nova missão ao solo lunar

Buscar pousar na face oculta da Lua

Para assim conseguir encontrar

As causas da sua melancolia

E enquanto eu usar a Lua como moradia

Poderei ter a certeza de estar perto de você

Mergulhado no negro do infinito

Distante da necessidade de te fazer sol
E eu seguir sendo a sua lua

Eu, Pangaré

Eu, Pangaré

Selei o meu pangaré

Mas não é um cavalo branco

É um burro de carga

Afinal, só ele para me aguentar

Mas selei o meu burro e parti

Fui em busca de novas aventuras

Novas pastagens, novos ares

A princesa tem um outro pensamento

Ela quer o herói de cavalo branco

Com armadura reluzente e espada

Eu sou apenas mais um desafortunado

Meu heroísmo era estar ao seu lado

Nos bons e maus momentos

Mas isso era só bom para a princesa

E como eu ensinei para ela
O bom já não é mais suficiente

Queremos o extraordinário

Aquilo que nos tira o ar

Que nos cora o rosto

E nos faz pensar em “felizes para sempre”

Eu acredito em finais felizes

Mas a minha história ainda não chegou ao fim

Não busco uma princesa encantada

Presa em uma masmorra para ser salva

Pois não vou matar o dragão de ninguém

Não sei se sou cavaleiro ou trovador

Mas sigo por aí atrás do meu destino

Buscando alguém que aceite viver comigo

Tudo aquilo que quero viver

Enquanto isso, sigo montado em meu pangaré

Com minha armadura enferrujada

E uns versos ruins para declamar

Todo Mundo Sofre

Todo Mundo Sofre

Você nunca vai saber como é andar por onde eu ando

Ou então, pisar por onde eu piso

Muito menos, viver o que eu vivo

Cada um sabe aonde o calo aperta

E você nunca vai saber as minhas dores

Assim como eu nunca vou entender as suas

Todo mundo sofre

Mas acontece que você pode ter empatia

E não falo de você querer vir me consolar

Tô falando de você entender que dói em mim

Que eu sofro e ainda assim, aqui bate um coração

Não há competição de dor e sofrimento

Só o que há é o sentimento de impotência

De as lágrimas saltarem dos olhos sem motivo aparente

Você tentar ver cor no mundo

Mas seus olhos enxergam tudo cinza

E quem sofre, sofre sozinho

Mas não precisa ser assim

Dá pra dividir, dá pra compartilhar

É matemática simples:

Dividir a dor por dois dá menos que por um

Só que vocês acham que é vitimismo

Que é bobeira, que é querer chamar a atenção

Depois, algo de pior acontece e você se lamenta

Só que nunca foi capaz de estender, realmente, a mão

E depois já vai ser tarde

E aí, já não vai ter mais jeito

Não escute com os seus ouvidos

Ouça com a sua alma

Abrace quem sofre

Enxugue as lágrimas da pessoa

Esteja junto dela

Console

Você não sabe das dores do outro

Às vezes, um sorriso pode salvar uma vida

E você se negando a sorrir

Enquanto a pessoa do seu lado se vai

Pois não conseguiu receber um mero sorriso
E esse é o preço de uma vida

Seus Olhos Podem Ver

Seus Olhos Podem Ver

Você não consegue entender?

Seus rótulos sobre mim não dizem nada

Não trazem o peso além dos das palavras

E não me fazem vestir a carapuça

Eu sou iceberg que você só vê dez por cento

Sou daqueles que você tem que ver com a alma

Que tem que sentir com o coração

Que você precisa enxergar com a mente

Não me faço derrogado, pois não sou santo

Mas também não sou o diabo encarnado

Sou apenas diferente do convencional

Eu vou além das entrelinhas e metáforas

Digo mais com o que eu não falo

E o que eu não escrevo

Não sou alguém que se decifra

Mas nem por isso te devoro

Sou exatamente diferente

Mas nenhum pouco indiferente

Me importo com a impressão que passo

Só não sou escravo da opinião alheia

Tento ser coerente com o que prego

Levo amor a todos que precisam

Não sou perfeito

E nem tenho essa pretensão

Sou apenas mais um que vai errando

Tento fazer a coisa certa

Buscando fazer do mundo um lugar melhor

E querendo ser sempre aprazível

Do tipo que tem sempre o ombro amigo

Não sei ser diferente do que sou

Meu sendo de humor é mais refinado

Mas sei rir bastante das desgraças da minha vida

Tal qual o Raulzito

Não me sentarei com a boca escancarada

Cheia de dentes, esperando a morte chegar

Eu vou é tratar de ser quem sou

E se você não curte o meu jeito, só lamento

Pois eu sou muito mais
Muito mais do que os seus olhos podem ver

Cicatrizes

Cicatrizes

As marcas em meu rosto são a prova

A vida bate, deixando muitas cicatrizes

Mas o tempo até que foi bom comigo

Permitindo-me algumas vitórias tortas

Eu não lamento as minhas dores sofridas

E não trocaria os meus erros e falhas

Aprendi a entender as minhas limitações

Para compreender o que me faz ser melhor

Abdiquei das perfeições físicas e artificiais

E minha vida não se entende por aplicativos

Sou só mais um apátrida refugiado em livros

Incansável na minha busca pelo extraordinário

Eu tento me aperfeiçoar em cada texto meu

Me desfazer dos meus tolos medos bobos

Já não tenho a ilusão infantil de ser super-heroi
Só luto para ser hoje melhor do que fui ontem

Reflexo Parnasiano

Reflexo Parnasiano

O espanto é me observar então no espelho

E ver o meu olhar assim tão vermelho

Por não acreditar no que está refletido

Percebendo que a vida não faz sentido

Me vejo longe da imagem que sempre tive

Por meus fracassos eu nunca me abstive

Mas não vejo ali quem realmente sou

Tendo a impressão que a minha alma necrosou

Vejo alguém que já não mais sonha

Que vive de uma forma enfadonha

Perdendo-se em meio aos seus problemas

Preso ser entender seus teoremas

Meus poemas me servem de testamento

Já que entrei em fase de desfazimento

Me despedindo do que eu era antigamente

Tentando ser um escritor, ontologicamente

Desfaço-me das ilusões mundanas

Abandono as poesias parnasianas

Defendendo-me das minhas imperfeições

Por não me encaixar sob definições

Aprendo, pouco a pouco, que nada sei

Alienado pelo absinto que embrasei

Sentindo tudo aquilo que minha verve sofreu
Me contentando em ser nada além do que sou eu

Fomos Procurar Amor

Fomos Procurar Amor

Não tem o que se perdoar

Você errou e eu também errei

Fomos procurar o amor

Longe do lugar que a gente jurou

Que seria um lar

Você nos braços de outro alguém

Eu com outro alguém em meus braços

Maculamos os nossos lençóis

Virou eu e você o que era nós

Por puro desdém

Você resolveu curtir a noite

Eu saí ontem à noite também

Foi cada um pro seu lado

Achar o que lhe faria bem

Procurei prazer em outro afago

Você também achou o seu prazer

Mas ao te ver em outros braços

Confesso que quis te ver morrer

Agora eu me pego pensando

Se estou acordado ou sonhando

Pois você achou outra pessoa

A nossa história de amor morreu

Você me magoou, mas também sofreu

E nossa dor ainda ressoa

Tô Pronta!

Tô Pronta!

Tô pronta!

Tô pronta para recomeçar

Pronta para os desafios

Pronta para encarar os medos

Tô pronta!

Tô pronta para mim mesma

Pronta para ser livre

Pronta para ser feliz

Tô pronta!

Tô pronta para ser melhor

Pronta para ir além

Pronta para ser mais

Tô pronta!

Tô pronta para o futuro

Pronta para deixar passar

Pronta para me arriscar

Tô pronta!

Tô pronta para o que vier

Pronta para o que eu quiser

Pronta para o que Deus trouxer

Tô pronta!

Tô pronta por mim mesma

Pronta por ter sofrido

Pronta por ser forte

Tô pronta!

Tô pronta para ter paz

Pronta para o amor

Pronta para a minha vez

Tô pronta!

Tô pronta para poder

Tô pronta para vencer

Tô pronta para sair

Fome E Sede

Fome E Sede

Tem gente com fome

Mas não tem comida

Tem gente com sede

Mas não tem bebida

Tem gente com fome

Não tem o que comer

Tem gente com sede

Não tem o que beber

Eu ando com fome

Mas não é de comida

Eu ando com sede

Mas não é de bebida

Eu ando com fome

Me dê o que comer

Eu ando com sede
Me dê o que beber

Tem gente com fome

Mas é fome de quê?

Tem gente com sede

Mas é sede de quê?

Tem gente com fome

Querendo comer

Tem gente com sede

Querendo beber

Eu ando com fome

Mas é fome de quê?

Eu ando com sede

Mas é sede de quê?

Eu ando com fome

Querendo comer

Eu ando com sede

Querendo beber

Tem gente com fome

É fome de amor

Eu ando com fome

É fome de amor

Tem gente com sede

É sede de amor

Eu ando com sede

É sede de amor

InVersos

InVersos

Inflexível

Invariável

Intransferível

Inefável

Incontável

Indivisível

Indescritível

Inafiançável

Inapelável

Inatingível

Indestrutível

Inesgotável

Incrível

Indelével

Inadiável

Incansável

Inatacável

Inabalável

Indefinível

Incoercível

Intangível

Inalienável

Indeclinável

Indecifrável

Incomparável

Inacumulável

Incorruptível

Incontrolável

Incontestável

Incompreensível

Inclassificável

O amor assim se faz

Em versos

Incompreendidos

Muitas vezes é o inverso

Totalmente inapropriados

Dois Lados

Dois Lados

Francamente, o meu fracasso pode ser retumbante

Ou as minhas angústias sejam impertinentes

A minha verve poética se faz disso

Do que eu vivi, vivo e sonho

E mesmo que eu não viva todos os escritos

Já me visualizei em cada uma das situações

Meu eu lírico habita em minha alma

É parte importante da minha existência

Se faz presente no espelho e na pele

Mas apesar de ser meio louco e exótico

E ter um quê de problemas mentais

Ainda o vejo com mais bons olhos que a mim

Pois ele pode ser tudo aquilo que eu já quis ser

E fazer tudo isso sem os julgamentos alheios

Ele é livre, leve e louco

Eu sou insano, insosso e instável

Capaz de amar imensamente num dia

E querer queimar o mundo no outro

Ele é forte e tem superpoderes

Vence os medos enquanto eu paraliso

Canta dança e tira onda com a sociedade

Não teme represas ou represálias

Não pede socorro, enquanto eu morro

Na poesia ele alcança a liberdade

E na vida eu acabo sempre na prisão

O seu versejar é um manifesto a liberdade

E o meu viver é amordaçar o espírito

Somos como o médico e o monstro

Habitamos a mesma mente perturbada

Mas um cria um mundo totalmente novo

Enquanto o outro se autodestrói em si

Os dois lados da mesma moeda

Eu tentando me libertar do que me prende

E ele se prendendo ao que o liberta

São versos adversos postos dispersos

No oposto do particular universo inverso

A Cada Vez Que Abro Mão De Mim

A Cada Vez Que Abro Mão De Mim

Olho para o infinito e não vejo nada

O abismo é mais atraente na penumbra

Tento me lembrar de uma voz amável

Mas hoje em dia o doce virou fel

Sinto o cheiro de morte entre as almofadas

E a cor da loucura me parece tão bonita

O bruxismo me faz ranger os dentes

E o sono se desfaz em meio a pesadelos

Vou dormir na hora que todos acordam

E perco a paz em meio a tantas guerras

O silêncio ensurdecedor da madrugada

Sufoca toda a minha mente insana

Leio os poetas expostos em meus cadernos

Me apego aos seus desejos de dias melhores

No meu peito só há um buraco vazio

Que quando bate o vento machuca

A companhia das vozes que me alucinam

Os barbitúricos já não me entorpecem mais

Só sinto o gosto férrico do metal em minha pele

E o prender das palavras em minha garganta

Não pude conter as minhas frustrações

E ignorei os sentimentos que senti

Hoje sou um arremedo de tudo o que quis ser

Morrendo pouco a pouco a cada vez que abro mão de mim