Dois Lados
Francamente, o meu fracasso pode ser
retumbante
Ou as minhas angústias sejam impertinentes
A minha verve poética se faz disso
Do que eu vivi, vivo e sonho
E mesmo que eu não viva todos os escritos
Já me visualizei em cada uma das situações
Meu eu lírico habita em minha alma
É parte importante da minha existência
Se faz presente no espelho e na pele
Mas apesar de ser meio louco e exótico
E ter um quê de problemas mentais
Ainda o vejo com mais bons olhos que a mim
Pois ele pode ser tudo aquilo que eu já
quis ser
E fazer tudo isso sem os julgamentos
alheios
Ele é livre, leve e louco
Eu sou insano, insosso e instável
Capaz de amar imensamente num dia
E querer queimar o mundo no outro
Ele é forte e tem superpoderes
Vence os medos enquanto eu paraliso
Canta dança e tira onda com a sociedade
Não teme represas ou represálias
Não pede socorro, enquanto eu morro
Na poesia ele alcança a liberdade
E na vida eu acabo sempre na prisão
O seu versejar é um manifesto a liberdade
E o meu viver é amordaçar o espírito
Somos como o médico e o monstro
Habitamos a mesma mente perturbada
Mas um cria um mundo totalmente novo
Enquanto o outro se autodestrói em si
Os dois lados da mesma moeda
Eu tentando me libertar do que me prende
E ele se prendendo ao que o liberta
São versos adversos postos dispersos
No oposto do particular universo inverso
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