quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Uma Lição Infantil


Uma Lição Infantil

Acordei, abri minha janela
Era um dia de sol como um outro qualquer
No parquinho brincava um grupo de crianças
Elas eram de todos os matizes, cores, raças e origens
Em volta, os pais, também assim, deveras plurais
Engraçado, os pais interagiam mais com os seus celulares
Enquanto os filhos brincavam entre si
Os progenitores não olhavam para os lados
Não riam, não conversavam, nem nada
As crianças, felizes, brincavam, sorriam e gritavam
Parei para observar aquela cena
E acabei me pegando as particularidades
Via que o casal inter-racial olhava seu filho
Um menino negro, muito bem vestido
Um casal LGBT olhava para a menininha oriental
Sua filha, uma graça, mas com roupas humildes
Um pai solo, olhava atentamente para o menino loirinho
Que usava roupas mais surradas
Um casal branco, observava o seu filho
Essa criança era indígena, provavelmente adotada
Mas muito bem tratada, com roupas e brinquedos de invejar
Cada um dos progenitores tirava os olhos do celular só para ver sua criança
E as crianças nem aí para os seus pais
As crianças estavam em seu mundo
Onde não importava a cor, o sexo, a raça, a religião, ou a classe social
Todas brincavam com todas, todas riam com todas
Todas gritavam, todas pulavam, todas eram felizes
Passaram-se uns 30 minutos e eu maravilhado com aquilo
As crianças, mostrando-me o que era realmente amizade
Elas repartiam os brinquedos
Não importava se eram importados ou feitos a mão
Todos tinham a sua vez para escolher a brincadeira
Todos podiam falar, fazer, ser e pensar o que quiserem
Ludicamente, fui levado para a minha infância
Lembrei dos meus amigos e como tudo era mais fácil
Quando voltei a mim, me liguei novamente nos pais
Nessa hora, cada um buscava o seu filho, sem se importar com as pessoas a sua volta
As crianças, sendo puxadas por seus pais, se esforçavam para olhar para trás
Até que uma das crianças grita: - Tchau, amigo!
Os outros todos repetem o gesto
Me liguei, nesse momento, que os pais se quer se cumprimentaram
E aí, me dei conta de que as crianças sabem ser amigas
Que são desprendidas de preconceitos, de elitismos ou coisas assim
As crianças só querem ser amigas, pois só querem brincar
Só querem se divertir, só querem ser felizes
Nós adultos complicamos tudo
Mas amizade de verdade é amizade de criança
Não importa a idade

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Não Leia Meus Textos


Não Leia Meus Textos

Vieram me perguntar como eu definiria meus textos, as temáticas que eu costumo apresentar neles e tudo o que envolve a minha escrita. Não sei se eu defino de alguma forma tradicional, até porque, eu não me considero um escritor tradicional, há dias em que eu acordo e quero fazer algo com métrica e rima e outros em que acordo afim de jogar tudo isso para o alto e faço um texto sem ritmo, sem métrica e sem padrão.
Na verdade, eu não posso me considerar um escritor pós-moderno ou contemporâneo, pois não estou aqui apenas para subverter tudo o que já foi feito anteriormente. Muito pelo contrário, me alimento de várias fontes para criar o meu estilo, usando o mesmo para subverter as ideias consolidadas de mundo ideal, mas também para manter as coisas que julgo que devem ser como elas realmente são.
Na verdade, me vejo como um instrumento de contracultura, alguém que não se vale da cultura popular para fazer cultura popular, alguém que faz da sua escrita uma forma de alteração da realidade coletiva, buscando moldar o mundo da forma como eu julgo ideal para mim. Não é algo que seja anárquico ou comunista, eu apenas não me prendo aos conceitos tradicionais, apesar de me valer deles para subvertê-los.
O divertido disso tudo, é que não preciso me fixar em uma coisa ou outra, sou um libertário, quase libertino, daqueles que se desprendem de rótulos e pré-definições, sou apenas tudo aquilo que acho e me julgo capaz de ser e fazer. Mas não me defino como qualquer dessas coisas, sou apenas um escritor que tem uma necessidade de escrever e é experimentalista.
Acho que essa é a única característica que eu me permito ter, sou um escritor experimentalista, mas apesar de ter um livro a venda nas livrarias, não me sinto um escritor profissional. Sou e serei sempre um escritor amador, que é remunerado por isso, pois não me vejo como alguém profissional, que tem uma rotina, que tem um estilo só, que faz a coisa somente de um jeito e de uma forma. Para mim, o divertido de poder escrever, é que o papel aceita as palavras que eu quiser, do jeito que eu quiser e da forma que eu quiser.
Então, se você se incomoda com a desordem, com a contracultura, com a pluralidade, com a diversidade, com a coerência do caos, com a falta de ritmo ou a falta de padrão, já te digo: não leia meus textos, será uma missão punitiva para você, pois é isso que você vai encontrar. E sob a contemporaneidade de um artista rupestre, eu vou lançando meus textos no mundo, pensando em acrescer algo na vida de alguém, nem que seja na minha. Sem me preocupar com números de seguidores, mas sim com os de leitores, sigo em frente, me mantendo fiel a minha crença de que a literatura é capaz de mudar o mundo.
Portanto, se você procura aqui o que você está acostumado a ver em todas as páginas de escritores, saiba que aqui você não vai encontrar. Aqui você encontrará somente aquilo que você não está esperando e o que você não precisa. Sou daqueles que me preocupo com o conteúdo e não com a forma, com a mensagem e não com o mensageiro, com o texto e não com a imagem. Quando você tá crente que verá poesia, surge uma crônica, quando você quer ler uma opinião, vem um poesia, quando você quer ler sobre amor, falo de morte.
E assim sou eu, um contraescritor, um contrapoeta, um contracronista, um transgressor, um erudito popular, um popular erudito, o oposto de tudo isso que eu falei, mas também exatamente aquilo que você pensa de mim. No fim, sou só mais um louco, um lunático, um maluco, que acredita que a arte é capaz de mudar o mundo e fazer com que as pessoas se reinventem após ler um texto meu. Alguém que muda o seu próprio mundo a cada texto escrito.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Black Friday De Sentimento


Black Friday De Sentimento

Hoje vai rolar uma liquidação
50% do meu coração
Quem vai querer? Esse é o momento
É black Friday dos meus sentimentos

Tô leiloando metade do amor
Quer para você? É só pedir que eu dou
Eu tô vendendo para ter proventos
É black Friday dos meus sentimentos

Não tá entendendo? Fica ligada que eu vou te falar
Eu vou seguir a moda que tá rolando
Hoje eu vou leiloar para sair ganhando

Tem como pagar? Eu vou fazer você me entender
Amar tá fácil, geral tá querendo
Se contenta com 50%

Tem quem queira e tem quem não
Pode ser amor ou pode ser paixão
Eu tô vendendo bem, de coração
Mas se levar, não aceito reclamação

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Fundidos


Fundidos

Quando ato meu corpo ao seu, me acabo
Me faço e refaço tudo o que me dá prazer
E ter você é um ato, visão de um mundo abstrato
E o prazer me consome de fato e por direito
Conceito aberto de pouca importância
A única relevância é estar contigo em meus braços
Atando mais forte os laços que te prendem na cama
Você se recama e depois reclama, mas nada demais
Pois você pede mais e só se satisfaz depois que inflama
E quando me chama, meu corpo em chama te deseja
E aí você vem e me beija e depois se deita
Como uma gueixa pedindo mais de mim

E não é o meu fim, é só o começo
E meu corpo teso em cima do seu corpo
Me finjo de morto e te faço o meu porto
E você do meu peito a sua morada
Descarada, me toca como se eu fosse uma flauta
Pauta meu prazer em notas de uma escala
E quando você dá pala, eu não me contenho
E meu desejo ferrenho vem com força
Por mais que você se contorça o prazer não acaba
E você se acaba, mas logo se reanima
E se aproxima pedindo mais
E de novo na beira da cama

E se faz de mucama, mas não esconde
O desejo te consome e você se dá mais uma vez
E pede de novo, querendo o prazer do meu corpo
Por mais que você me olhe torto, virando os olhinhos
Te agarro com força para não deixar escapar nada
Desencanada, se joga na cama como se não tivesse amanhã
Suco de romã para brindar uma noite de paixão
Nossa união ninguém pode quebrar
Fundidos por Eros, ungidos
Sem nome, mas com seu endereço
Esse amor eu te agradeço
Rezando que nada possa nossos corações separar

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Negra Consciência


Negra Consciência

Para começar, sou um homem negro! Para quem não sabia ainda, eu prefiro falar logo, que é para não haver qualquer tipo de dúvidas, para que não pareça que estou pegando carona em um tema ou que eu não sei sobre o que estou falando. Sou negro, com muito orgulho e me sinto no dever de fazer certas considerações sobre o dia de hoje.
Em primeiro lugar, cabe ressaltar que nasci no ano de 1982, tenho 36 anos e sou o mais novo de três irmãos. Meu irmão mais velho nasceu em 78, 90 anos após a abolição da escravatura. E ele é o primeiro membro da minha família a nascer fora de uma favela. Pois então, se passaram 90 anos e foram necessárias 4 gerações, para que alguém da nossa família nascesse fora da favela. Alguns podem dizer que isso é pouco, mas quem fala isso, não consegue entender as mazelas que a escravatura trouxe para a população negra e ainda traz.
Eu sou um cara negro, instruído, formado em advocacia, escritor, moro em uma área nobre do Rio de Janeiro e ainda assim, hoje, 130 anos depois de ser assinada a Lei Áurea, ainda sinto os efeitos de uma sociedade escravagista. Muitos ainda me veem como um objeto ou posse de alguém.
Eu sei bem o que é você ser “suspeito profissional, bacharel, pós-graduado em tomar geral”. Tive que aprender, desde quando comecei a sair com os meus pais, a andar sempre bem arrumado e com os meus documentos, a saber o meu endereço de cor e o telefone de casa. Só quem é negro entende o que é ter tanto medo de polícia quanto de bandido.
Por sermos uma sociedade onde o racismo é institucionalizado, evitamos nos colocar em determinadas situações de risco, preferimos andar sempre arrumados, bem vestidos, para que não sejamos confundidos com o esquema padrão de bandido, que é o famoso “preto pobre”. Chega a ser cotidiano isso, estar no ônibus de madrugada e ser o único a ser revistado, ficar preso na porta giratória do banco quando você não tem mais nada para tirar dos bolsos, ou então, ter seu carro parado numa blitz, quando eles procuram um carro branco e o seu carro é preto, ou vice-versa.
Você sabe como é estar no ônibus e apesar do lugar ao seu lado estar vazio, as pessoas preferirem fazer a viagem em pé? Pois é, uma realidade que nós sabemos bem como é. Você sabe como é ter que andar sempre com um comprovante de residência, para não ser confundido com uma ameaça aos “cidadãos de bem” da sua rua? Pois é, isso acontece comigo direto. Ser negro e morar bem é algo ainda pouco comum a nossa sociedade.
Me lembro que quando mudei para o Recreio, sempre me perguntavam o que os meus pais faziam. Se meu pai era jogador de futebol ou se minha mãe era cantora. Quando eu respondia que meus pais eram professores, as pessoas ficavam incrédulas, ainda mais com o fato de que em nosso país, professores não são bem remunerados. Só que meus pais trabalhavam muito, para que pudéssemos ter o padrão de vida que tínhamos.
Por isso mesmo que eu vejo o Dia da Consciência Negra como algo ainda necessário, afinal, apesar dos avanços, ainda temos muito o que avançar na questão da igualdade racial. Não que os negros não sejam conscientes, afinal, somos negros a vida toda e sabemos bem as mazelas que enfrentamos e os problemas que precisamos superar, mas precisamos que as outras pessoas tomem consciência da negritude, do quanto nós somos importantes para esse país.
Seria desnecessário o Dia da Consciência Negra se houvesse a Consciência Humana, se todos soubessem que são iguais, se todos tivessem as mesmas oportunidades, se todos pudessem ser o que quisessem em suas vidas, que todos pudessem amar e serem amados da mesma forma, se não tivéssemos um padrão de beleza eurocêntrico, se respeitássemos a cultura e hábitos dos outros, se soubéssemos ver o quanto que cada ser humano é importante para fazermos um mundo melhor. Mas enquanto isso não acontece, se faz necessário que haja o Dia da Consciência Negra, para fazermos com que todos vejam que ser negro é ser como qualquer um, só que com mais melanina.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Manifesto De Um Escritor De Internet


Manifesto De Um Escritor De Internet

Você escritor, se pergunte porque você escreve. Questione os seus motivos! Pense bem! Não quero uma resposta imediata. Essa é uma pergunta muito mais reflexiva do que você imagina. Afinal, porque diabos você publica os seus textos na internet? Para que você quer que eles sejam vistos de verdade?
Será que você é daqueles que só quer alimentar o seu ego? Será que está aqui apenas para conseguir seguidores, curtidas e afins? Porém, será que seus textos são realmente necessários? Será que eles não têm a profundidade de uma poça d’água no chão de um quarto escuro? Será que você só quer que seus amigos façam elogios ao que você escreveu, quando na verdade você copiou aquilo do texto de um outro autor da internet?
Pois é, agora sim você pode me apresentar uma resposta sincera. Se você faz isso só para você se sentir melhor com a sua própria capacidade de juntar palavras em uma forma agradável aos olhos, você está fazendo isso pelos motivos errados.
Na verdade, quem resolve escrever pela internet não está atrás de fama, não está atrás de dinheiro, não está atrás de curtidas, de seguidores ou de comentários elogiosos. Quem o faz, faz isso, única e exclusivamente para conseguir ter um pouco de conexão com o mundo fora da sua cabeça. Encontrar pessoas com quem o escritor consegue fazer uma conexão muito mais direta e sincera, pois é feita com a alma.
Se quem escreve na internet consegue fama, dinheiro, admiradores e tudo mais, isso é consequência. Em primeiro lugar, o que queremos, são leitores, é conseguir tocar a alma de pessoas, é mudar a vida de alguém por ela ter lido o que a gente escreveu. Não se precisa ficar escravo ou refém dessas pirotecnias fajutas.
Não é o número de seguidores ou curtidas que vão fazer de você um grande escritor, nem o número de pessoas que acessam a sua página que vão provar o quanto você é talentoso. O que mostra isso, é o número de vezes que você recebe uma mensagem de alguém falando que ela precisava ler aquilo, ou ainda, informando que mudou a forma de pensar pois leu um texto seu, ou em casos ainda mais sensacionais, quando alguém fala que o seu texto mudou a vida da pessoa.
Pois é, paremos de nos preocupar com o que não importa. Foquemos mais na qualidade dos nossos textos, nas mensagens que passamos, no tipo de mundo que queremos projetar, em como usamos o nosso dom para fazer do mundo um lugar melhor. Isso é o que realmente importa.
Sou escritor da internet há quase quatro anos e posso afirmar, é libertador você fazer sua arte sem preocupações se a massa vai adorar, se você vai agradar a alguém, se você vai ser lido por algum grande produtor de livros... O que conta, é você conseguir se conectar com o seu público, fazer as pessoas entenderem a sua mensagem, elas compreenderem o que se passa na sua mente na hora em que você escreve e o quanto aquilo é importante para mudar o caráter de alguém, forjar uma nova forma de pensamento ou ainda, mostrar para alguém o quanto a sua vida vale a pena.
Por isso, agradeço a todos os que realmente leem os meus textos, aos que se preocupam em dar um retorno sobre eles, aos que acompanham o meu trabalho, aos que eu consegui mudar um pouco a vida e aos que embora discordem dos meus posicionamentos ideológicos, conseguem compreender que no fundo, no fundo, o que eu quero mesmo é que o mundo seja tão colorido, maravilhoso e mágico, como nos livros de história que eu aprendi a ler quando criança e que me inspiraram a fazer o mesmo, fazer as pessoas crerem em um mundo melhor.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Frutos Da Poesia


Frutos Da Poesia

Um dia se jogou uma semente no chão
Em uma terra arrasada chamada internet
Uma bela muda germinou
E se tornou uma frondosa árvore

E essa árvore é mágica
Pois dá centenas de frutos
Frutos suculentos, frutos magníficos
Frutos magnânimos, frutos belíssimos

São frutos que não alimentam o corpo
Alimentam excepcionalmente a alma
Alegram quando você está triste
Esquentam quando você está frio

Que emocionam quando você precisa
E te fazem sorrir, que te fazem chorar
Que te levam a refletir sobre a vida
Que te mostram novos caminhos

É a fantástica árvore de Frutos da Poesia
Onde se dá frutos todos os dias
São frutos de diversos tipos e tamanhos
De diversos sabores e matizes

Eu sou um desses frutos
Nem maior, nem melhor, apenas diferente
Mais um, para somar, para engrandecer
Somente um fruto com sabor de poesia

sábado, 10 de novembro de 2018

À Caça


À Caça

Vocês me olham desse jeito
Como se eu fosse um estorvo
Como se eu fosse louco

Eu não tô nem aí para o que vocês pensam
O que eu quero mesmo é ser feliz
E tenho urgência disso

Se você não consegue
Saia já do meu caminho
Me deixe ir rumo ao desconhecido

Eu vou sem mapa
Pois a felicidade não espera
Então, a gente tem que ir à caça

Eu já estou acostumado com os julgamentos
Com os pensamentos tortos e com a maldade
Mas eu prefiro me preocupar com o amor

Prefiro ir em busca do que me faz bem
Já me acostumei a ser feliz
Ninguém pode isso mudar

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Pseudônimo


Pseudônimo

Eu sou uma borboleta que bate asas no deserto do Afeganistão
Eu sou aquela gota d’água no fundo das Fossas das Marianas
Eu sou um grão de areia de uma praia no mar do Japão
Eu sou aquele que não faz parte da família Doriana

Sou tudo aquilo que você nega existir, mas que se faz presente
Eu sou toda aquela dor do dente siso que ainda não saiu
Eu sou todo aquele estrondoso silêncio eloquente
Eu sou toda aquela vontade de voltar ao futuro do passado que nunca existiu

Eu sou todos os dejetos que você despeja nas suas lixeiras
Sou também aquela canção que você odeia, mas não para de cantar
Eu sou todos os soldados que perderam as suas vidas nas trincheiras
Sou também aquela ligação que você nunca quis realizar

Eu sou todo aquele ser que tem sua existência indesejada
Sou o falso amor pelos quais os adolescentes fingem sofrer
Eu sou toda aquela brisa fria em uma noite gélida de inverno
Sou aquele copo de tequila depois de 5 shots de vodka

Eu sou toda e qualquer visão no espelho que causa asco
Eu sou o tropeço na frente da pessoa por quem se está apaixonado
Eu sou o prisioneiro caminhando lado a lado com o carrasco
Eu sou aquele que deu um tiro que saiu pelo outro lado

Eu sou o começo, o meio e o fim de coisa alguma
Eu sou a verdadeira identidade do cidadão anônimo
Eu sou aquela imagem retorcida por trás da forte bruma
Eu sou a pseudoverdade sob um outro pseudônimo

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Família É Isso


Família É Isso

Poucas coisas me são gratas de se falar como família. Afinal, sou um cara muito fiel aos meus. Daquele que acredita que você deve fazer de tudo para manter os seus protegidos e sempre contentes. Não importando desafios, problemas, distância ou qualquer outro obstáculo, família vem sempre em primeiro lugar.
E não estou falando de laços sanguíneos que liguem as pessoas, para mim, família se forja por sentimentos, por atitudes e por empatia. Você pode ter um parente que não signifique nada para você, mas pode ter uma consideração familiar por um grande amigo.
Mas é excelente quando você consegue desenvolver esse tipo de sentimentos pelos que lhe são semelhantes até na forma física, pois demonstra que você conseguiu superar os laços genéticos e se ligou a pessoa pelos laços emocionais.
Minha família é um núcleo duro, formado inicialmente por meus pais, sobrinha e irmãos, mas que se soma a eles, cunhados, tios, primos, amigos e todo tipo de pessoas que me querem bem e vice-versa. E o interessante disso, é que não faço distinção de sangue ou não. O que me importa é saber se eu seria capaz de morrer por essas pessoas e saber que a recíproca é verdadeira.
E quanto mais eu vou vivendo, mais eu posso ter a certeza disso. O sangue não é o que dá liga nas relações familiares, o que dá liga são os sentimentos. Forjamos a nossa família com sentimentos e lembranças, com pensamentos positivos que projetamos em nosso consciente e subconsciente sobre essas pessoas.
Por isso, que não me apego ao conceito básico de família católico-cristã. Não acho que família seja só pai, mãe e filhos. Esse é um conceito arcaico. Acho que família é todo o grupo de pessoas que querem bem uns aos outros, sem interesses paralelos, só pelo fato de querer bem mesmo. E por isso mesmo, não me importam as relações sexuais e afins, o que importa é se uma pessoa se importa com a outra o suficiente para abrir mão do seu egoísmo intrinsecamente humano.
Por isso, sou grato pela minha família. Podemos brigar, podemos nos desentender, podemos nos afastar, mas não deixamos de querer bem uns aos outros, não abrimos mão do amor que sentimos e de querer o melhor para cada um dos outros, abrindo mão até do nosso próprio bem-estar. Aprendi que isso é que é família e nada irá isso mudar!

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Um Lugar Para Mim


Um Lugar Para Mim

Sonhei com um lugar para mim
Onde eu posso ser exatamente como sou
Imperfeito, impreciso, mas cheio de amor
Um lugar onde todos podem ser como bem querem
Amar aquela pessoa que anima seu coração
Onde ser diferente não é algo ruim
No qual as pessoas realmente amam ao próximo
Em que se busca viver em paz
Onde não há fome e nem guerra
Onde a única doença é a saudade

Sonhei com um lugar para mim
Onde eu me sinta seguro a todo instante
E eu não precise de dinheiro ou bens
Onde eu possa aproveitar o que a natureza provê
Um lugar em que o sol bate todo dia
E que só chove quando as pessoas dormem
Um lugar onde os sonhos se realizam
Onde as pessoas sorriem e são gentis
Que buscam ajudar o outro por ser o certo
E fazem o bem por ser o justo

Sonhei com um lugar para mim
Onde os meus dias são melhores
Onde minhas dores não existem
Um lugar em que eu sou melhor do que imagino
E todos a minha volta conseguem perceber
Não sei se é Eldorado ou Shagrilá
Um lugar que todos dizem não existir
Busquei esse lugar em todo o canto
E só em seus braços consegui achar
Que desse sonho eu nunca acorde

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Só Pede


Só Pede

Pede um beijo que eu roubo
Pede um carinho que eu aliso
Pede um abraço que eu aperto
Pede um amor que eu vivo

Pede que eu fique que eu moro
Pede que eu saia que eu morro
Pede que eu seja que eu viro
Pede que eu esquente que eu torro

Pede um namoro que eu faço eterno
Pede uma paixão que eu demoro
Pede uma vida que eu me entrego
Pede uma mão que eu caso

Pede que traga a paz que eu liberto
Pede que ilumine que eu brilho
Pede que ame que eu me entrego
Pede que faça que eu aconteço

Pede
Só pede
Pede com gosto
Pede com vontade

Pode pedir o que quiser
Pede o meu coração
Pede para eu ficar
Pede que eu te dou

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Sepulcral


Sepulcral

Queria poder voltar atrás
Mudar as palavras que te disse
Dar aquele abraço que você me pediu
Roubar aquele beijo que eu desejei
Pensei que teríamos outro momento
Outro encontro
Outra chance
Mas o destino resolveu brincar com a gente
Agora é isto
Sepultar em mim essa vontade de te ter comigo
Pois desperdicei a última chance
Agora você já não está mais aqui
E eu nem aqui para você
Estou nem aí
Do outro lado
Sepultado
Sem ter você para mim

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Dia De Todos Os Santos


Dia De Todos Os Santos

Dia primeiro de novembro
Dia de todos os santos
Dia de todas as rezas
Dia de todos os credos
Dia de todas as orações
Dia de todos os pedidos
Dia de todos os Deuses
Dia de todos as Deusas
Dia de todos os que pedem
Dia de todos os que ouvem
Dia de todos os que buscam o bem
Dia de todos os que pensam no outro
Dia de todos os que almejam o céu
Dia de todos os que almejam a paz
Dia de todos os que querem amor
Dia de todos os que sabem amar
Dia de todos os que choram
Dia de todos os que sofrem
Dia de todos os que agradecem
Dia de todos os que lamentam
Dia de todos os que madrugam
Dia de todos os que labutam
Dia de todos os que aqui estão
Dia de todos os que já se foram
Dia de todos que são exemplo
Dia de todos os que pecam
Dia de todos os que erram
Dia de todos os que buscam
Dia de todos os que santificam
Dia de todos os que são pagãos
Dia de todos
Todos os dias sejamos santos