terça-feira, 3 de março de 2020

Novo Leito


Novo Leito

E essa chuva lá fora que não para
Lavando o meu rosto e a minha alma
As gotas de lágrima de quem chorara
Escorrem marcando pela minha palma

Sob a pele escura se derrama a lágrima
E eu com esse meu sorriso sem graça
Enquanto dentro de mim cresce a grima
Eu sigo servindo aos outros de vidraça

Ofuscando os pensamentos mais doídos
Matando a dor que sinto afogada
Sob a água os escárnios estão diluídos
A chuva livra o pegado de alma expiada

Catártico sentido o voraz desgosto
As águas de março me afogam em mim
A chuva cai sobre mim como um dia de agosto
E eu só penso que esse é o meu melhor fim

Água para beber, banhar e limpar
Água para lavar, molhar e benzer
O que tiver que ser, a água vai levar
E que escoe de mim todo o sofrer

Afoguei a minha alma em lágrimas salgadas
Para submergir a dor latente do meu peito
Atrás de respostas corro por ruas alagadas
Como água busco encontrar novo leito

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