quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

A Estrada

A Estrada

Caminhando pela estrada
Chão de barro, céu de estrelas
E eu com os pés no chão
Olhando a verdade a minha frente
Pensando no que é verdade e no que é ilusão
Arrastando as minhas correntes
Arrebentando os meus grilhões
Saindo da insanidade temporária
E mergulhando na solidão da estrada
Caminhando há dias
Só carrego água e dor
Os pés esfolados de caminhar
Ao longe, uma luz me aponta o norte
E eu sigo achando que talvez eu chegue lá
Só que até ontem eu acreditava num amanhã
Mas agora eu sei que o amanhã nunca chega
Afinal, eu sempre vivo o hoje
Os lacaios tentam calar as vozes dissonantes
Os carros passam e ninguém me vê
Eu sigo o meu caminho, andando sozinho
A felicidade não é um prato que se come frio
E as minhas migalhas eu recolho atrás de mim
Não tenho a intenção de voltar
Prefiro abraçar um sonho
Do que vender minha alma a quem for
Que eu erre só por amor
E que eu aguente a travessia
Caminhões, carros, motos e poeira
Eu respiro o ar mais puro em meio a mim
Um dia isso tudo vai se acabar
E eu estarei à beira da estrada
Sentado só para ver

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