sábado, 4 de novembro de 2017

Da Boca Pra Fora Todo Amor É Verdadeiro

Da Boca Pra Fora Todo Amor É Verdadeiro

As pessoas costumam confundir o meu pragmatismo para relacionamentos com uma certa frieza ou um grave distanciamento. Elas creem que por eu ter uma forma mais prática de ver as coisas, de saber separar meus sentimentos, de conseguir explorar minha sexualidade sem envolver sentimentos amorosos, além de amizade, respeito e companheirismo.
Contudo, as pessoas confundem tudo isso com frieza, chegando a acreditar que eu não sei o que é o amor, que eu não acredito no amor e que eu não espero encontrar o amor em minha vida. Vocês não podiam estar mais erradas!
Eu sou uma pessoa que acredito num amor que não o de contos de fadas. Acredito no que disse o poeta: “Sempre não é todo dia”! Posso amar a pessoa pra sempre, mas sempre não é todo dia. Não quer dizer que eu pense em abandonar a pessoa ou algo assim. Não, muito pelo contrário, quer dizer que eu sei que haverá dias em que não vou querer estar com a pessoa, que vou odiá-la um pouco, que vou estar mais desmotivado...
Estou falando que o meu amor é um amor real, não é aquele de filme de Hollywood, que precisa passar por milhões de mal-entendidos, provações e afins. Não, o amor que eu acredito não precisa passar por essas coisas. Acredito num amor maduro, onde as pessoas escolhem estar juntas e não que se sintam compelidas por uma força arrebatadora que elas não sabem bem de onde vem, mas que as força a buscarem sempre a estarem juntas, apesar de todos os prognósticos contrários.
Eu não acredito em relacionamentos onde as pessoas se esforçam muito para parecerem sempre felizes e sempre de bem. Aquelas pessoas que postam tudo o que estão fazendo, que fazem uma questão tremenda de postar cada passo dado com a pessoa amada, que posta mensagens no celular, posta fotos de momentos íntimos, expõe a sua relação em todos os ao vivos e histories das redes sociais.
Sou da teoria de que gente que é feliz não fica se preocupando tanto em postar as coisas nas redes sociais. Claro que uma vez ou outra, por um momento especial ou por uma foto ter ficado muito boa, as pessoas acabam postando algo, mas essas pessoas não se prendem a isso, não acham que cada passo do casal deve ser documentado como se assim, no futuro, as pessoas teriam base para estudar esse relacionamento tão perfeito.
Relacionamentos perfeitos não precisam ser expostos nas redes sociais, não precisam da anuência das outras pessoas, mas tão somente dos envolvidos. Vivemos em tempos tão estranhos, com essa ideia de Big Brother, de realidade aumentada, de vidas virtuais ainda mais agitadas que as vidas reais, que muita gente vive um relacionamento pra expor nas redes sociais, se preocupa mais com a opinião alheia que a do próprio parceiro.
Pior de tudo, é que essas pessoas que gostam de expor a relação, sempre fazem parecer que a relação é perfeita, é uma melação danada, declarações de amor desde o segundo dia de relacionamento, fazem parecer que a paixão entre eles é a maior do mundo, meio que querendo provocar a inveja de todos por conta desse amor monumental.
Ocorre, que eu acredito em um amor maduro, em um amor que não precisa de demonstrações faraônicas de sua existência, em um amor onde as pequenas coisas é que importam. Creio em um amor onde a pessoa ligue falando ‘tô precisando de você’ e eu possa dizer apenas ‘tô aqui, abre a porta’. Acredito no amor com amizade, dois amigos que se descobriram amantes. Acredito nisso.
Acredito num amor onde os depois possam dividir vitórias e derrotas, risos e lágrimas, bons e maus momentos... Acredito no que disse o poeta: “Você bem sabe, eu não te prometi um mar de rosas, nem sempre o sol brilha, também há dias em que a chuva cai (...)”. Não há amor que seja anti-problemas!
Vão ter dias em que as coisas não vão parecer boas, em que vai parecer que a melhor solução será jogar tudo pro alto e cada um ir pro seu lado, mas como a escolha foi estarem juntos, você respirará fundo, voltará para perto da pessoa e tentará acertar as coisas. Mas quando o relacionamento é maduro, você vai saber que apesar dos problemas, nem sempre aquela que parecer ser a melhor solução é de fato a melhor solução.
Eu acredito em relacionamentos amorosos, eu acredito no amor, eu aprendi o que é amor, vendo casos verdadeiros do mesmo. Aprendi vendo os meus avós, tanto os maternos, que tinham uma relação de respeito, bem patriarcal do início do século XX, assim como os paternos, que souberam superar diversos obstáculos para poderem ir até o fim das suas vidas juntos e morrerem sabendo do amor um pelo outro.
Aprendi com os meus pais, acompanhando diariamente, desde o meu nascimento, que o amor precisa ser construído, bem fundamentado, com alicerces fortes, com estrutura reforçada, com o pensamento no bem alheio, com o respeito, com o carinho, com a parceria, mas acima disso tudo, repetindo o mantra: Sempre não é todo dia. Pois só assim eles souberam lidar com os problemas, com a falta de dinheiro, com os apertos, com a criação de três filhos, com as diferenças, com o cotidiano, com a vida...
Eu acredito no amor que é construído dia após dia, que se montam, que se forja, com coisas boas e ruins, que permite você ir aprendendo com o outro a cada momento, onde você respeita, onde você ensina, onde você aprende, onde você doa, onde você recebe, onde você dá, onde você pede, onde você perdoa, onde você esquece...
Eu acredito num amor que não depende de redes sociais, não precisa da aprovação dos outros, que não precisa de rótulos... Eu acredito num amor que seja de verdade, que se viva com a alma, pois as pessoas estão interligadas, pois as conexões que elas fizeram são tão profundas, que um não vive sem o outro. Eu acredito num amor em que os dois vão envelhecer juntos, cercado pelo amor dos filhos, dos netos e dos bisnetos... Eu acredito num amor que será memorável, mas não como esses de histórias de cinema, mas sim as histórias que eu vivenciei com meus avós, que vivencio com meus pais, que serão eternas, pois passarão de geração em geração.
Pra quem acha que não, que sou frio, saiba que eu sou quente. Eu sou amor, eu exalo amor, eu vivo o amor, mas não é por conta disso que eu tenho que trair as minhas crenças. Muito pelo contrário, para viver o amor, ele tem que ser como as minhas crenças, a pessoa tem que ser minha melhor amiga, tem que me tornar uma pessoa melhor do que eu já sou, não por ela querer me mudar, mas sim por ela me fazer querer ser alguém melhor, tem que confiar em mim, tem que ser segura de si também, tem que querer a minha felicidade acima de tudo, pois sabe que a felicidade dela é tudo o que mais vou querer no mundo...
Eu aprendi a duras penas, que da boca pra fora, todo amor é verdadeiro. Todo mundo sabe dizer eu te amo, mas demonstrar, aí são outros quinhentos. Quantas vezes eu já precisei e não pude contar com a pessoa, ou ainda, quantas vezes eu só queria um afago e não tive? Quantas vezes eu só precisei de um incentivo pra retomar o rumo e não tive, ou ainda, quantas vezes eu dependi de um amor que não era real?
Pois é, por isso que hoje pra mim as palavras são como espumas ao vento, logo se desfazem. Já os atos, esses ficam na memória, esses gravam no coração, esses ficam marcados pra sempre na alma, tornando aquele amor, algo sentido cada vez que você se recorda de cada ato, de cada ação da pessoa, aquilo tudo sibila na sua alma... Cada ato fica tatuado nos seus sentimentos, aumentando ainda mais os sentimentos bons que você tem pela pessoa que você ama de uma forma madura, tornando assim fácil amar.
Me cansei de promessas vazias, já tive muitas desilusões, sofri já muito por amor, o que me fez evoluir, me fez amadurecer, me fez ver que falar é uma coisa, fazer é outra completamente diferente. Sendo assim, passei a valorizar muito mais tudo o que não é dito, que não é falado, aquilo tudo, que só é sentido, aquilo que só bate ao coração, que faz bem à alma, que mexe com você inteiro. Então, me perdoem o meu pragmatismo, mas dessa forma eu aprendi a valorizar muito mais aquilo que eu aprendi que é o amor.

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