sexta-feira, 22 de abril de 2016

Nesse Fla x Flu, Sou Mais O Juiz

Nesse Fla x Flu, Sou Mais O Juiz

Cara, o mundo anda tão chato, mas tão chato, que você até se desmotiva em conviver com certas pessoas. Facebook deixou de ser uma diversão há tanto tempo, que hoje só o utilizo para promover algumas ações, manter contato com alguns amigos e me informar sobre eventos e saídas, nada mais.
Perdeu-se a ideia de rede social, hoje está mais para rede anti-social, afinal, cada um está mais e mais voltado para os seus interesses, só querem que as pessoas tenham opiniões iguais as suas, não se importam com manter as amizades, desde que possam manter seus posicionamentos como os corretos.
Está rolando uma crise moral das pessoas, cada um só se liga em falar mais alto, ter a última palavra, poder colocar o seu posicionamento sobre o de todos os outros e assim mesmo ele se desfaz da opinião alheia de tal maneira, a ponto de jogar no lixo a moral e respeito mútuos, conquistados durante anos de amizades, até chegar ao ponto atual, onde tanto fez, como tanto faz ter aquela pessoa em seu círculo de amizades.
Tenho um posicionamento político que já explanei aqui nesse espaço, contudo, sem me desfazer dos pensamentos de cada um, mesmo eu julgando que algumas posições são antagônicas e/ou sem pé nem cabeça, não discuto mais com ninguém por conta de política. Não vale a pena discutir com ninguém por política.
Repare, falei discutir com ninguém por política, mas vale sim discutir política, assim como futebol e religião. Não acho que esses sejam assuntos tabus, creio que devemos sim discutir esses temas, mas de forma sadia, de forma consciente, onde as pessoas possam trocar ideias, chegar a um ponto comum entre eles, para construir um ponto em comum para o melhor de todos.
Por exemplo, eu não acredito mais em nomes, em políticos personalíssimos, mas sim em políticas sérias que possam reestruturar este país. Sempre fui muito pouco afeito a acreditar nas pessoas, mas sempre tive a ilusão de que os partidos políticos como um todo ainda defendiam interesses coletivos interessantes, cada um defendendo os interesses próprios e visões de como se chegar a um país melhor distintas uns dos outros.
Ocorre que até isso eu perdi as ilusões, não creio mais que nossos partidos políticos e nossos políticos em si sejam capazes de apresentarem soluções para os problemas que o nosso país tá passando. Coloquei já pra mim que uma reforma política ampla, acabando com essa enormidade de partidos anencéfalos, criando novas formas de se manter a real representatividade do povo através dos votos e não mais com essa questão de coligações e afins, onde um único candidato pode eleger a totalidade de candidatos de um partido, bem como um novo pacto federativo, onde todos os entes possam se comprometer com o real desenvolvimento do país.
Mas por que entrei nessa temática? Bem, porque comecei a ver que existem pessoas que também pensam como eu, que estão mais preocupadas em melhorar a qualidade dos políticos e melhorar as discussões sobre os políticos. Vi muitas pessoas questionando sobre em quem cada um tinha votado para deputado federal nas últimas eleições. Eu lembro quem foram todos os meus candidatos, alguns foram eleitos, outros não, mas de todos eu tenho os contatos, posso falar com eles diretamente e cobrá-los de suas posições políticas.
E não só eu, como muitos outros também podem entrar em contato com eles, e com tantos outros candidatos. Afinal, eles são representantes do povo, como um todo, não dizem respeito somente aos seus eleitores, mas a todos os que são governados por eles.
Então, me pergunto, de que adianta um Fla x Flu na política, se hoje temos muito mais do que apenas duas vertentes, que na verdade não representam diferença alguma, se todos fazem o mesmo jogo político. A realidade é que não faz diferença colocar A, B, C ou D no comando, se o jogo é jogado de uma forma suja, perversa, mesquinha e própria para manter o Status Quo do jeito que está.
Hoje, vejo muita gente odiando os jogadores, os políticos, mas o problema não são eles, é o Jogo, o nosso sistema político. Ele está totalmente fora da realidade, não há como se seguir nessa linha, está na hora de haver um rompimento com essa política que é praticada em uma Democracia jovem, mas feita por personagens antigos ou que são herdeiros de antigas oligarquias políticas desse país.
Entenda, não estou falando que uma pessoa de idade não possa ser importante para o cenário político de nosso país, mas, se o cara está há 40 anos no congresso e ainda assim, ele possa ser relevante, trazer novas ideias, buscar novas formas de política.
Uma das minhas frases preferidas do cinema foi dita no filme do Batman: “Ou Você Morre como Heroi, Ou Vive o bastante para se tornar o vilão..”. Essa frase sintetiza muito do que eu penso sobre a política brasileira. Sempre temos a tendência a buscar um herói, uma nova esperança, um novo salvador da pátria, mas a realidade é uma só: Na política ou você se corrompe, ou você se omite ou você vai pra guerra.
Atualmente, não há ninguém indo pra guerra, só temos omissos ou corruptos, não temos quaisquer personagens da nossa política que tenham realmente a envergadura moral para tal. Não existe café de graça, ninguém paga a campanha de um político, no caso grandes empresas, meramente por ideologia política, mas sim por conta de garantir que seus interesses sejam respeitados e garantidos por esse ou aquele político.
Basta vermos a lista de políticos que foram beneficiados com doações pelas empresas da Lava-Jato, não estou nem falando dos que receberam caixa dois ou propinas, mas sim de todos os que receberam doações, serão quase que a totalidade de políticos eleitos em nosso congresso. Isso é vergonhoso, pois deixa claro que não há interesse político, mas sim a certeza de garantir os interesses das empresas.
Por isso mesmo, não entro mais em discussões políticas, apenas aplaudo e enalteço posicionamentos que sejam semelhantes aos meus, para que as pessoas se sintam assim como eu, que não estão sozinhas. Pois se no nosso jogo político hoje é um Fla x Flu, então eu tô torcendo pro juiz.

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