segunda-feira, 4 de abril de 2016

Hoje Eu Fui O Superman

Hoje Eu Fui O Superman

Dizem que o mundo é muito melhor se você consegue arrancar um sorriso de uma criança. Pois bem, hoje eu consegui fazer a alegria de uma criança. Fui hoje para a paróquia Nossa Senhora da Paz e encontrei com o filho de uma amiga lá.
Bem, eu fui pra lá vestido com uma camisa do Superman, todo mundo sabe que eu sou fã de super-heróis e por isso mesmo sei das histórias, curto mesmo, além de saber o encanto e o fascínio que eles causam nas crianças.
Então, assim que eu me aproximei do Arthur, ele ficou encantado, ele realmente acreditava que eu era o Superman. O engraçado nisso, é que geralmente o Superman é um dos super-heróis em que não há como representa-lo como um homem negro, pois a imagem dele é de um homem branco, anglo-saxão e protestante, ou seja, o homem branco comum dos Estados Unidos da América.
Contudo, as crianças sempre nos surpreendem, afinal, para o Arthur, eu era o próprio Superman, eu, ali, na frente dele não estava com a camisa do Superman, eu era o próprio, eu era o Superman. O que é curioso disso também, é que ele logo quis sentar ao meu lado, abriu espaço no banco, entre a mãe dele e uma outra amiga nossa, para que eu pudesse me sentar ao lado dele.
Daí, ele começou a me fazer várias perguntas, a primeira era, porque eu estava sem capa. Tive que me valer de toda a minha desenvoltura com crianças e bem como meu conhecimento de quadrinhos. Falei que eu estava sem meu uniforme pois eu estava ali disfarçado, que não precisava hoje estar com meu uniforme, mas que se houvesse alguma necessidade eu iria colocá-lo.
Arthur então me confidenciou que ele era o Capitão América, eu disse pra ele que super-heróis não podem revelar as suas identidades secretas, mas que como ele soube quem eu era, ele poderia confiar em mim, que eu não revelaria a identidade secreta dele para ninguém.
Os olhos dele brilhavam, ele me perguntava sobre tudo, se eu conhecia o Batman, seu eu conhecia o Hulk, que ele tinha medo dele, mas depois que eu falei que o Hulk era do bem, ele disse que não teria mais medo dele e que continuaria sendo amigo do Gigante Esmeralda pelo bem dos Vingadores.
Durante a missa, eu querendo prestar atenção nas falas do padre, mas ele tagarelando, alegre e contente, afinal, tinha encontrado um grande herói, alguém que fosse seu ídolo, seu exemplo. Me fez lembrar de quando isso acontece comigo. Quando eu era pequeno, me encantava mais com as pessoas, tinha um fascínio maior, hoje em dia, em escala muito menor, contudo, ainda ocorre. Por conta disso mesmo, eu incentivei essa mentirinha boba, para fazer uma criança entediada numa missa dominical, um pouco mais feliz.
Me lembro bem de quando eu era pequeno, que eu encontrei com o Romário no NorteShopping, eu devia de ter uns 7, 8 anos, ele tinha acabado de ser vendido para o PSV e estava lá com a Mônica Santoro, mas já era um dos melhores jogadores brasileiros, sendo craque da seleção canarinho, fiquei mega feliz de pegar um autógrafo dele, só do fato dele ter falado comigo eu já me senti a pessoa mais especial do mundo.
Mas o momento em que eu mais vi a realidade e a fantasia se misturarem, foi quando eu com meus 5 ou 6 anos, recebi uma carta do Papai Noel. É sério, eu tinha uma carta vinda diretamente da fábrica do Papai Noel, lá no Polo Norte, tudo bem, eu não sabia ler, mas ela estava lá, cheia de mensagens para mim, meu pai que enviou a carta pra mim e lembro que sempre queria pedir algo, eu me lembrava do Papai Noel, pegava ela, abraçava e pedia com mais força, pois sabia que ele existia e que ele me daria o seu aval. Pena que anos depois eu descobri que o Papai Noel não era real, da forma mais traumática possível, ao receber os presentes de Natal meu e dos meus irmãos lá em casa, entregue pelos entregadores da finada Mesbla, mas isso é uma outra história. O que me serviu de gancho pra esse texto, é o quanto você fazer uma criança acreditar em magia, em fantasia é importante.
Todos nós precisamos de ídolos, de exemplos, de pessoas em quem nos espelharmos, sabe? Eu tenho alguns muitos ídolos, tive o prazer de conhecer, nem que fosse só para trocar algumas palavras, outros eu tive o prazer de passar mais tempo junto a eles conversando, mas em todos os casos, de ídolos midiáticos, eu lembro de ter ficado com o mesmo fascínio nos olhos que o Arthur dirigiu a mim, aquele olhar de incredulidade e de alegria.
O último ídolo que eu encontrei foi o Karch Kiraly, o Mr. VolleyBall. Ele estava lá no meu trabalho, participando dos preparativos da delegação dos EUA para as Olimpíadas, eu fiquei mega feliz de vê-lo, pensando se teria a oportunidade de apertar a sua mão e trocar algumas palavras com ele, um amigo meu de trabalho disse que eu parecia um menininho perto do cara, no que eu respondi, mas é claro, o cara é o maior jogador de vôlei de todos os tempos, é um ídolo, é claro que eu estou igual uma criança.
Falo isso, pois por esse mesmo motivo, entrei no personagem de ser o Superman do Arthur, pois sei o quanto pra ele é importante ter conhecido o um super-herói, o quanto ele ficou feliz de poder conversar com ele, o quanto ele vai guardar na memória o dia em que ele conheceu, andou, conversou e brincou com o Superman.
Arthur é um garoto fascinante, tem um sorriso encantador, um olhar vivo, de quem realmente está feliz, a mãe dele, a Renatinha, está de parabéns por ter criado um garoto tão legal, que é cheio de sonhos e fantasias ainda, que não está contaminado por esse nosso mundo tão cheio de coisas ruins e pessoas sem sonhos.
Daí, incentivar esse sentimento é tão importante. Se mais pessoas se preocupassem em manter as crianças com essa ingenuidade, com esse jeito simples, com esse pensamento de que a fantasia e o real se misturam, o mundo com certeza seria um lugar melhor. Afinal, o mundo é sempre melhor aos olhos das crianças, elas só se importam com as coisas básicas, com as coisas simples, nós, adultos que temos a tendência de complicar as coisas.
Agradeço muito ao pequeno Arthur por ter me permitido viver um pouco da fantasia dele e espero muito que ele conserve ainda por muito tempo esse sentimento de fantasia e deslumbramento, de sonhos e simplicidade, que ele possa conservar esse olhar doce e ingênuo por muito tempo e possa encontrar ainda com muitos outros ídolos, heróis e super-heróis.

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