quarta-feira, 16 de março de 2016

Dia De Cão

Dia De Cão

Finalmente cheguei em casa, depois de fazer um périplo pela cidade do Rio. Sair de Ipanema e ir para o Recreio deveria ser uma coisa fácil e simples, não é? Pegar um ônibus diretamente da zona sul para o Recreio, afinal, temos opções como o Integrada 08 e o 09, além dos frescões para Recreio, Santa Cruz, Campo Grande e também Sepetiba, fora uma baldeação para a Alvorada e de lá o BRT para casa.
Nos dias de chuva, andar pela zona sul é um suplício e por isso mesmo resolvi fazer um caminho alternativo, me preocupando em andar só em meios de transporte que andam em linha reta, em pistas exclusivas, como metrô e BRT. Desta forma, hoje me preocupei em ir de metrô até Vicente de Carvalho e de lá pegar o Semi Direto, que é uma das linhas do TransCarioca, que só para em uma estação antes de chegar na Alvorada.
Para a minha surpresa, o percurso até foi tranquilo até chegar na Barra. O BRT demorou menos de 40 minutos para percorrer uma das maiores distâncias da nossa cidade, o que me deu esperança de chegar em casa logo, logo. Ledo engano.
Ao chegar no terminal, me deparo com uma cena já estranha, várias pessoas na pista e ônibus parados atrás delas. É, você entendeu bem, as pessoas estavam parando os ônibus BRT na Alvorada, impedindo que os mesmos circulassem normalmente. Eu, dentro do ônibus apenas pude esperar que a situação se resolvesse.
Fiquei uns 15 minutos por lá, até perceber que a situação não se resolveria assim tão rápido, pois a manifestação não acabou. Alguns vão falar, que eram pessoas conscientes preocupadas com a situação do país, mas não, eram apenas pessoas irritadas pois a pista do BRT estava alagada em Pingo D’Água e os ônibus para lá não estavam saindo.
Encarei uma caminhada da Alvorada até o Nau da Barra, para poder pegar um ônibus convencional, chegando lá, passaram 3 ônibus para o Recreio completamente lotados, que não tinham condições de receber nem ar, imagina uma pessoa. Depois disso, veio um 4, esse relativamente vazio, já que pude entrar e ainda me acomodar.
Contudo, para minha total infelicidade, as manifestações não ocorriam apenas na Alvorada, na estação Salvador Allende a coisa tava pegando também, então, desde a altura do Rio Mar, o trânsito foi se arrastando até chegar a Salvador Allende, onde descobrimos que os manifestantes resolveram fechar a avenida das Américas.
Então, depois de sair 17:30 de Ipanema, cheguei em casa às 22:00, ou seja, 4 horas e meia de deslocamento em um percurso que com trânsito bom, faço, de ônibus, no para-para, em no máximo 40 minutos. Isso tudo, porque hoje em dia na cidade do Rio de Janeiro não pode mais chover.
Defendo manifestações, acho um direito garantido pela Constituição Federal e em um Estado Democrático de Direito é uma forma de mostrar a vontade do seu povo, contudo, esse tipo de manifestação sem pé nem cabeça, é o tipo de coisa que abomino, pois transforma todos em massa de manobra.
Não consigo entender o que que fechar a avenida das Américas ou impedir os ônibus de saírem da Alvorada mudaria a situação de a região do Pingo D’Água ter ficado embaixo d’água. É algo que não me entra na cabeça, só estava prejudicando as outras pessoas que depois de tantas e tantas horas trabalhadas. Eu mesmo não tive a menor simpatia com o movimento, ainda mais que eu tinha outras coisas para fazer, além de passar tanto tempo enfiado num coletivo.
Um dia que começou péssimo e terminou de forma ainda pior. Parecendo aqueles dias em que você não deveria sair da cama. Acordar com a notícia de que um vizinho foi brutalmente assassinado do lado da sua casa e terminou com essa epopeia para chegar em casa. Um dia de cão, um dia daqueles para esquecer.

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