terça-feira, 15 de março de 2016

Só De Sacanagem, Ame-o e Mude-o

Só De Sacanagem, Ame-o e Mude-o

Hoje, conversando com umas pessoas, uma delas disse que com certeza eu fora na passeata domingo, devido ao alto teor político que eu emprego em minhas falas e também por ela me achar uma pessoa esclarecida e muito inteligente. Eu apenas ri do comentário, olhei nos olhos dela e perguntei – Você acha mesmo que eu estava na manifestação domingo? No que a pessoa me respondeu – Ué, você é PT?! No que eu devolvi: Não sou PT, mas não acredito que esses protestos resolvam algo, o que vai resolver esse problema político é uma reforma política séria, além de um novo pacto federativo.
Ao dizer tais palavras, acho que a pessoa me viu como a mais nova besta fera do inferno, arregalou os olhos para mim e simplesmente disse: Era o dever cívico de todo cidadão de bem ir para a manifestação. Nesse momento, percebi que não adiantaria entrar no mérito dessa discussão com alguém que acha que a esperança é personificada.
Ela continuou com o discurso pré fabricado, de que o PT arrebentou o país, de que o país estava melhor antes, que isso, que aquilo e eu me mantive inerte, aceitando as palavras dela com total atenção, buscando ver ali algo que realmente valesse a pena ser rebatido, contudo, até esse momento em nada valia rebater.
Então, ela me lançou a frase: Somos Todos Moro. Nesse momento eu parei, olhei para ela e me lembrei das minhas professoras de História do colégio e também meu grande mestre, amigo e conselheiro, César Augusto, o gordinho mais sensacional da História do GPI e de tantos outros colégios, que ao falarem da história de nossa nação, remontaram aos momentos em que Dom Sebastião sumiu num campo de batalha e nunca mais voltou, mas criou em nossos ancestrais portugueses e consequentemente em nós brasileiros, a ideia da personificação da esperança.
No atual momento, temos Sérgio Moro como o maior paladino da justiça, mesmo, embora, ele esteja atropelando direitos básicos dos réus nos processos da Lava Jato. Quem não é do meio jurídico pode se dar ao direito de cometer certos “julgamentos” equivocados e achar que em nome da “JUSTIÇA” tudo é válido, mas nós que somos do riscado, sabemos bem que no ramo penal, in dubio pro reo, ou seja, na dúvida, devemos beneficiar os réus.
Não, eu não inventei isso, infelizmente, mas é a realidade, pois o Direito se baseia na ideia de não se condenar nunca um inocente, mesmo que você tenha que inocentar mil culpados. Oras, fazer o que? O nosso direito é assim e eu o acho muito do válido, pois realmente obriga a que se criem provas muito robustas e irrefutáveis, conseguidas de forma lícita e diligente.
No caso da Operação Lava Jato, já tivemos muitos casos em que aparecem provas, contudo as mesmas são apenas castelos de cartas, com uma leve brisa caem. Não, não estou dizendo que a Lava Jato é uma operação ruim, que está prejudicando o país, muito pelo contrário, louvo a Polícia Federal pelos seus esforços desde muito antes, quando ela começou essa investigação como uma ramificação do Mensalão.
O que me intriga é na verdade esse Sebastianismo. Dom Sebastião sumiu em 1578, ou seja, há quase 500 anos e ainda assim, ainda hoje temos a esperança de que um grande salvador dos homens virá montado em seu cavalo branco e irá mudar “TUDO ISSO QUE ESTÁ AÍ”. Pois bem, Dom Sebastião nunca vai voltar, isso é um fato, apesar de muitos ainda hoje em Portugal e alguns aqui no Brasil, ainda acreditem no ressurgimento desse grande monarca.
O que Dom Sebastião e o Sebastianismo têm a ver com o nosso cenário político atual? TUDO! Afinal, ainda hoje acreditamos em paladinos, em heróis, em salvadores da pátria, naquele mito, naquele homem, que sozinho será capaz de mudar toda a história da nação, carregar nas costas o país e levar-nos a ser no presente o país do futuro.
Sérgio Moro é um juiz muito competente, porém, peca pela vaidade, gosta de aparecer, tem objetivos políticos sim, apesar de muitos taparem o sol com a peneira e mais, ele sim, tem relações com partidos políticos, como já comprovado por denúncias de meios de comunicação.
Outro que hoje está encrencado é Lula, o Luiz Inácio. Que foi cantado pelos Paralamas, onde dizia que eram 300 picaretas com anel de doutor. Lula está mais enrolado que linha em carretel, mas mesmo assim, ainda não foi nada comprovado contra ele, lembra do in dubio pro reo? Pois bem, é o fato agora, apesar de claras evidências, infelizmente ainda não existe provas robustas e irrefutáveis contra ele, o que o faz estar em papel de vítima, ainda mais depois da espetacularização que foi a sua condução coercitiva, antes mesmo dele ser intimado a depor espontaneamente.
Ainda hoje, temos mais um ídolo de barro, o Japonês da Federal, até aquele senhor, tido como ídolo de muitos, foi tema de marchinha de carnaval e tudo mais, ruiu por terra, ao ter essa semana divulgada a sua condenação no STF por corrupção passiva. Ou seja, o herói da luta contra a corrupção é um corrupto também, vejam só.
Já tivemos Collor, FHC, Lula, Joaquim Barbosa, Aécio Neves, Tancredo Neves, Marina Silva e tantos outros em nossa história que personificaram o Sebastianismo, eram a esperança em carne e osso. Contudo, homens são isso, homens. Serão sempre capazes de se corromperem, de serem falsos ídolos, de serem charlatões, de serem enganadores, de não corresponderem as expectativas que eles mesmos criaram.
Por isso, que eu hoje acredito em ideias e não em pessoas, acredito que precisamos pensar em um Brasil pelos próximos 30 anos, pelo menos, não nos preocupando se vai ser penoso ou não, até porque já está sendo. Então, precisamos pensar em que tipo de país esperamos ter daqui a 30 anos, um país ainda oligárquico, com pensamentos retrógrados, conservadores e elitistas, cada vez mais atrasado em relação ao resto do mundo ou, se pretendemos avançar, se vamos nos preocupar que não precisamos ter mais de 30 partidos que pouco ou nada representam de diferente entre eles, não precisamos de mais de 600 congressistas para decidir o futuro do nosso país, que nosso país não precisa de quase 25000 cargos comissionados em todas as esferas e poderes do governo, que precisamos nos focar mais em ética, educação e conhecimento para o povo, afinal, o povo tem os governantes que merece.
No mais, não fui para a rua nessa manifestação. Não irei nas próximas, não acho que a culpa da situação é da Dilma, não acho que o governo do PT é o único culpado, não acho que vai mudar coisa alguma se eu bater panela ou ficar piscando a luz da minha casa.
O que acho que vai funcionar para melhorar esse país é seguir a dica da Elisa Lucinda e fazer as coisas certas, de maneira certa, ser mais ético, ser ainda mais honesto, ser um cidadão de bem, pois como disse a grande poetisa: Sei que não dá pra mudar o começo, mas se a gente quiser, dá pra mudar o final. Isso tudo, só de sacanagem! Só pra mostrar pros outros, que a gente ainda pode ser um país de bem, assim como eu disse num outro texto: O melhor do Brasil, ainda é o brasileiro. Acredito nesse povo sofrido, acredito que podemos fazer melhor, escolher melhor, agir melhor, pensar melhor, ser melhor.
Não depende dos outros, não depende de um “mito”, de um herói, de um guerreiro vencedor, do grande cavaleiro no cavalo branco... Depende de nós, de mim, de você, de cada cidadão de bem, que ainda acredita que o Brasil pode ser um país melhor. Não é ame-o ou deixe-o, é ame-o e mude-o.

Nenhum comentário:

Postar um comentário