Chega
De Falar De Política
Nada
contra política, até porque é uma das ciências que mais gosto e valorizo, ela
está em nossas vidas em todos os aspectos, política é a arte de se relacionar
com os outros, para que alcancemos um objetivo comum maior. Política da boa
vizinhança, do bem-estar social, antidrogas, política pessoal, política
propriamente dita... Todas essas formas de política envolvem a nossa vida.
Mas
estou cansado dessa postura de nós contra eles que se criou, de qualquer forma,
você acaba sendo o vilão para alguém, independente da sua posição, mesmo ela
sendo coerente e bem embasada, o que conta na verdade é a opinião de quem está
te julgando e aí, cairá para essa pessoa a imagem de herói ou vilão que você
terá.
Não
me cansei da política, afinal, acho ainda que essa é a única forma de se
organizar o Estado Democrático de Direito, contudo, me cansei de expor minhas
opiniões e também de ler a dos outros. Estou abdicando do meu direito de demonstrar
o que penso pelo bem da minha sanidade mental.
Quando
você defende causas impopulares como os direitos humanos, o Estado Democrático
de Direito, as minorias, o bem-estar social, igualdade de gêneros, liberdade
sexual e tantas outras causas que vão contra o senso comum, você acaba sendo
tachado de chato ou até mesmo de ignorante ou de inimigo.
Cansei
de ler opiniões políticas contrárias as minhas e simplesmente ignorar o que as
pessoas estavam falando, somente pelo bem da amizade e do convívio com a
pessoa. Muitos amigos meus, bem próximos não pensam como eu e nem por isso acho
eles pessoas piores por isso, acho apenas que eles possuem uma outra
experimentação do mundo, afinal, cada um tem uma experiência com o mundo, pois
somos únicos e a vivência que temos é única.
Assim
sendo, não vejo mais como necessária a minha exposição de ideias sobre
política, sobre a situação do país, ou até mesmo sobre a justiça do país, meu
campo de formação e minha fonte de renda.
Eu
observo as coisas e noto que acima de tudo, está faltando amor. Amor ágape.
Amor fraternal, amor pelas pessoas em geral. Amor que se traduz com respeito
mútuo, com empatia, com solidariedade, com fraternidade, com querer bem, com
desejo de justiça, com alegria em ver todos bem... Esse tipo de amor está cada
vez mais escasso.
MV
Bill fala em uma música assim: “(...) Fechar a boca e não expor meus
pensamentos/Com receio que eles possam causar constrangimentos/Será que é isso?
Não cumprir compromisso/Abaixar a cabeça e se manter omisso/A hipocrisia, a
demagogia se entregue à orgia/Sem ideologia, a maioria fala de amor no singular/Se
eu falo de amor é de uma forma impopular (...)” – Me vejo na mesma situação
hoje, prefiro me calar a causar constrangimentos, mas sei também que o amor a
que me referi antes, é totalmente impopular, por isso mesmo, prefiro parar por
aqui meus relatos políticos e voltar a me dedicar a um assunto mais agradável
aos corações em geral, falar de temas água com açúcar, coisas pouco
controversas.
As
pessoas estão muito irredutíveis em seus discursos, tanto para um lado, quanto
para o outro. Num país com proporções continentais e com tantos político,
partidos e líderes, não é de surpreender que as maiores empresas do país
pagassem propinas para ver seus interesses respeitados, o que me causa real
estranheza é a postura das pessoas que acham que corrupção tem um único rosto,
um único partido ou uma única forma de ver o mundo.
Corrupção
é realmente democrática, ataca em homens ou mulheres, heteros ou homos, altos ou
baixos, esquerda ou direita e por aí vai, a corrupção em nosso país está
endêmica, a ponto de as pessoas torcerem até para quem cometa crimes, desde que
esses mesmos crimes sirvam para ajudar a por outros criminosos na cadeia.
No
Estado Democrático de Direita, você precisa sempre zelar pelo bem do Estado,
querer que o Estado seja soberano, que suas leis sejam respeitadas e aplicadas
a todos e por todos, sendo assim, não basta a um agente do Estado parecer
honesto, ele realmente precisa ser honesto, não podendo pairar sobre ele
qualquer suspeita de parcialidade, de desonestidade ou de benefício próprio,
seja o agente um Juiz, um Político ou um Funcionário Público, o Estado tem
responsabilidade civil objetiva, que lhe imputa responsabilidade direta sobre
os atos praticado por seus agentes, criando a sensação de credibilidade
necessária para que a sociedade permaneça unida.
Quando
o Estado se corrompe e suas instituições se mostram deterioradas por conta
disso, não há mais o que se falar sobre divisões, lados ou facções, o que se
deve perceber é que o povo todo perde com isso, o povo todo sai prejudicado,
desde os mais poderosos até os mais fragilizados. A partir do momento que você
só enxerga a coisa de uma maneira unidimensional, você acaba esquecendo o todo
o macro, a realidade como um todo.
Perguntei
a um amigo o que fazer depois que tirar a Dilma da cadeira de presidente,
diante do panorama em que todos os que estão na linha sucessória também estão
envolvidos em denúncias de corrupção e a oposição também está corrompida. Ele
simplesmente me respondeu que lidaríamos com um problema de cada vez.
E
a minha diferença de pensamento em relação aos outros é essa, eu vejo o Macro,
vejo além da Dilma, vejo que o problema está justamente no nosso sistema
político, num esquema onde todos os poderes se interligam e não dão a real
autonomia de um em relação aos outros, quando deputados vendem votos para
ajudar a passar uma emenda do Presidente, ou quando o Presidente nomeia um
Ministro de um tribunal superior ou quando os congressistas sabatinam um
ministro ou ainda, quando esses ministros vão julgar os processos das pessoas
que lhes deram o cargo... Esse sistema está errado, está falho, causa interdependência,
onde a autonomia não existirá.
Entenda,
não estou defendendo nenhum dos partidos, nenhum dos políticos e muito menos,
nenhum dos lados, hoje, pra mim, todos são errados, todos são farinha do mesmo
saco. Apenas, vejo o problema como algo ainda mais profundo, não acho que a
alteração de A ou B seja a solução, acho que a questão é se de a A a Z, são
corruptos, usemos novas letras, usemos o alfabeto grego, se também não der
certo, passemos para os números, o importante é trocar o paradigma, alterar os
personagens, modificar a forma como a política é feita em nosso país.
Temos
que acabar com o atual Status Quo, onde não temos a chance de acabar com a
corrupção pois os personagens se misturam com o problema, assim, ou mudamos o
nosso sistema político, diminuindo o número de personagens, redefinindo os seus
papéis e ainda assim será necessária a reforma política e um novo pacto
federativo para que o nosso país volte aos trilhos.
Então,
essa é a última vez que pretendo falar sobre política aqui nesse espaço e
aguardo que todos entendam e possam compreender essa minha decisão, afinal,
embora um grande apaixonado por política, sou ainda mais apaixonado pelos meus
amigos, pela minha família, pela minha vida e pelas pessoas que me cercam,
sendo assim, prefiro manter o foco nas coisas boas e não nas ruins.
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