quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Sou Mangueira e Sou Flamengo (Baile de Favela)

Sou Mangueira e Sou Flamengo (Baile de Favela)

Sou um cara que tenho uma base familiar muito grande, meus pais, irmãos, tios, primos, sobrinhos e também as pessoas que entraram na minha família me fazem ser quem eu sou hoje. Essa base familiar me fez gostar de esportes, gostar de samba, gostar de carnaval, gostar de boa música, gostar de festas, gostar de alegria, gostar de cerveja, gostar de praia, gostar de cinema, gostar de artes, gostar de cinema, gostar de várias coisas boas...
Dessa base familiar, veio minhas duas maiores paixões: FLAMENGO e MANGUEIRA! Por isso mesmo, ontem o dia foi de festa, de consagração, um dia que vai entrar pra minha galeria de dias felizes na minha vida. Dia de baile de favela, dia de alegria extremamente popular.
Não dá para falar de Mangueira e não explicar minha relação genética com a Estação Primeira. Sou neto do Cocada da Mangueira, foi tamborim da Bateria Surdo Um até um ano antes da sua morte em 2006. Minha família paterna viveu na Mangueira até mais ou menos o ano de 1983. Meu avô, minha avó, meu pai e meus tios, viveram entre becos e vielas da Mangueira.
Buraco Quente, Olaria, Chalé, foram locais frequentados por eles. Meu avô conheceu, conviveu e foi amigo de boemia de Cartola, Carlos Cachaça, Nelson Sargento, Nelson Cavaquinho, Xangô da Mangueira... Meu avô é parte da História da Mangueira. Esteve presente em todos os títulos da Mangueira até o de ontem.
Saber que a Mangueira não vinha tão bem quanto veio ontem, desde que meu avô se afastou da escola e ter visto a sua epopeia na Marquês de Sapucaí, cantando a maravilhosa Maria Bethânia, foi de uma emoção ímpar pra mim. Me veio uma catarse de sentimentos. Faço um parêntese aqui para lembrar que a Mangueira não ganhava um título desde 2002, quando cantou o Nordeste, região com a qual tenho relação, pois minha família materna é de lá.
Claro que você quando tem relações tão intensas com algo, você acaba sempre tomado de emoção. Mas ver esse carnaval do jeito que foi feito, foi esplêndido! A emoção da escola, todos os integrantes cantando, a beleza das fantasias e alegorias, a comoção na arquibancada, a cara das pessoas vendo o desfile, tomados pelo toque do tamborim e o rufar do tambor da Mangueira.
A escola veio maravilhosa, já começou com uma cena incomum nos desfiles da Verde e Rosa há tempos, por ter trazido já na sua comissão de frente mulheres com os seios de fora. Quem conhece a escola ou entende um pouco do seu carnaval, sabe que a Surdo Um (bateria da Mangueira) é conhecida por algumas características marcantes, uma delas é de sua marcação ser feita apenas com o surdo de primeira. Além disso, a formação da bateria não é seccionada, ou seja, não é separada por instrumentos, os instrumentos ficam misturados, pois assim o som fica mais homogêneo. Contudo, nos últimos carnavais, as notas da bateria sempre foram menores do que o esperado, sob a alegação de não conseguirem ouvir o toque dos tamborins.
Para resolver essa questão o mestre Rodrigo Explosão, colocou uma seção de tamborins logo na frente da bateria para que fossem ouvidos por todos os jurados. Deu resultado, as notas da bateria voltaram ao normal, foram 3 dez e um 9.9, que foi descartado, o que trouxe novamente a maestria para a Surdo Um.
Ver a bateria da Mangueira e não me lembrar do meu avô é impossível, era sempre ficar olhando cada tamborim verde e rosa para tentar vê-lo. Na segunda-feira eu sabia que com aquele desfile ele não estava em carne e osso, mas com certeza ele estava lá, não sei de que forma, mas não tem como ter um título da Verde e Rosa e não ter a certeza de que o Cocada não estava lá.
Só tenho a agradecer por trazer no meu DNA a essência mangueirense, além disso, a minha outra paixão é vermelha e preta. O meu coração é Flamengo e Mangueira!
Depois de tanta alegria, de ser tomado pelos meus sentimentos, afinal, foram 14 anos sem gritar é campeão, o Flamengo ainda coroou essa minha noite. O time jogou solto, lembrando os áureos tempos.
Ontem foi um dia nostálgico, afinal de contas, há muito tempo Mangueira e Flamengo não me davam alegrias no mesmo dia. Me remeteu aos tempos em que era criança, onde o carnaval era pura festa, onde a Mangueira sempre fazia um bom carnaval, onde o Flamengo jogava por música, onde Carnaval e Futebol eram as paixões nacionais, onde não tinha gente enchendo o saco, onde as coisas eram mais simples e onde você ser feliz, comemorar e estar de boa, não tinha o menor problema.
Esse título da Mangueira, depois de um jejum tão longo, me lembrou o Brasileiro de 2009 pelo Flamengo, onde também, contra tudo e contra todos, o Vermelho e Preto se sagrou campeão. Depois de anos sendo maltratados, tanto Mangueira quanto Flamengo deram a volta por cima e encerraram jejuns históricos, os maiores das suas histórias.
Acordei hoje tomado de sentimentos. Orgulho, nostalgia, felicidade, alegria, saudade e contentamento. Esse coquetel de emoções estampou um sorriso no meu rosto, que deve durar ao menos até o próximo carnaval, onde lembrarei novamente do velho Cocada, o Zeca, o Zé, o meu vô Zeca, um homem que era só alegria e que ensinou toda a família a amar o Flamengo e a Mangueira, que são e sempre serão as minhas maiores paixões.

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