quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Aprendendo A Lidar Com Os Problemas

Aprendendo A Lidar Com Os Problemas

Quem me conhece sabe que sou discretíssimo com vários aspectos da minha vida e o quanto eu tenho problema para lidar com assuntos embaraçosos dela. Meus amigos mais íntimos sabem que se eu estou contando algo que é realmente muito particular é porque estou me sentindo à vontade para tratar do assunto ou então porque realmente estou precisando muito de um auxílio para lidar com aquilo.
Por conta disso mesmo, algumas pessoas até estranham porque consigo colocar no papel, no caso tela do computador, com tanta clareza as minhas ideias e pensamentos sobre os diversos assuntos da minha vida.
Pois bem, essa questão de expor problemas para os outros se tornou um problema pra mim, pois eu meio que sempre fui um lobo solitário em relação a isso. Sou o filho caçula em uma família com 3 irmãos, onde sempre me virei sozinho para conseguir as coisas, sempre tentei acompanhar os meus irmãos, sempre busquei me aproximar deles e isso me deu uma aura de independência e de avanço, que meus pais respeitaram e incentivaram.
Isso me trouxe um sentimento de sempre ter que resolver meus problemas, sem contar com a ajuda de ninguém, muitas vezes eu só externava algum problema para os outros quando eu já tinha a solução do mesmo em minha cabeça. Algo como só contar da necessidade de arrumar um emprego depois de já ter arrumado um, ou então, de comentar de algum problema de saúde depois de já estar curado ou em tratamento.
Não tive essa coisa de expor minha vida para os outros, pois eu sempre tive que ter essa postura de resolvedor de problemas. Sendo assim, não me permitia transmitir meus problemas a outrem sem antes ter ao menos uma solução que pudesse acabar com aquele problema.
Essa questão fica ainda mais clara pra mim, quando estou procurando abrir a minha vida para outra pessoa. Sei que um relacionamento depende dessa questão da troca, da ajuda mútua, da necessidade de se dividir vitórias e derrotas, soluções e problemas, mas eu tive essa questão sempre muito isolada dentro de mim, aprendi a lidar com isso desde pequeno e não sei como agir diferente, só consigo ser a pessoa que ajuda aos outros, mas não aquele que tem problemas.
Dessa forma, muitas pessoas se sentem frustradas ao meu lado, ao não saberem como lidar com isso, não conseguem entender que esse é o meu jeito de lidar com as coisas, me amarguro, me martirizo, me penitencio, isso tudo sozinho, sem estar à vista de ninguém, para que não arraste alguém para o problema também sem a necessidade.
Sei que isso não é uma atitude saudável e louvável, mas eu aprendi a agir assim, e isso é um fardo meu. Até porque, não aconselho ninguém a ser assim, ninguém é uma ilha, ninguém é sozinho. Com o passar do tempo, depois de fazer terapia já por algum tempo e também estudar sobre o tema, estou melhorando muito.
Hoje já consigo me abrir mais, falar de assuntos mais polêmicos para mim, sei lidar melhor com as minhas emoções em relação as essas polêmicas, consigo absorver melhor o problema e buscar uma ajuda sempre que eu julgo necessário. Não tenho mais a pretensão de só contar de um problema quando eu já tenho a solução, até porque em muitos casos, essa solução pode demorar meses, anos ou décadas para aparecerem.
Não sou mais o mesmo cara que era há anos, hoje já sei lidar melhor com essas questões. Consigo me abrir mais com as pessoas a minha volta, consigo me abrir mais com uma pessoa que eu quero ter na minha vida, consigo me abrir mais para o mundo em relação aos meus problemas.
Quando me falaram do complexo de Atlas, que é a pessoa que quer carregar o mundo inteiro nas costas, vi o quanto isso poderia me tornar uma pessoa pior, mais melancólica, mais triste, mais frustrada e mais infeliz, daí então, resolvi mudar,
Hoje não quero mais carregar nem os meus problemas, muito menos o dos outros sozinhos. Claro que ainda encontro algumas dificuldades em dialogar sobre certos assuntos, determinados temas ainda me machucam o coração, como se ele estivesse sendo apertado por uma caixa cheia de espinhos, porém, hoje já consigo lidar melhor com esses problemas, não gerando aqueles sentimentos ruins.
As coisas boas eu também tenho dificuldade de compartilhar, mas daí, por outros motivos, por acreditar que as melhores coisas da vida não precisam de testemunhas, então, tendo a também não me manifestar muito sobre as coisas boas. Ocorre que certas coisas ficam evidentes quando a gente está feliz, até fisicamente a gente muda, com a pele ficando mais vívida, o sorriso besta de canto de lábio, você assobia ou cantarola com mais facilidade, isso tudo porque você está feliz.
Muitas pessoas ficam com inveja, mesmo bons amigos, se a sua felicidade transparece ser maior ou mais genuína que as deles, mesmo quando você torce pela pessoa, ela torce por você também, mas não pra você ser mais feliz que ele.
Logo, perceba, seja por alegria ou tristeza, aprenda a dividir com os outros esses sentimentos, sejam motivos bons ou ruins, soluções ou problemas, contudo, esteja ciente de que as pessoas vão ter reações, pensamentos e atitudes diferentes das suas, logo, não se frustre por isso, apenas saiba dialogar e tirar o melhor proveito de passar a informação adiante.

PS: Se você entrou nesse espaço achando que acharia uma fórmula mágica para lidar com os seus problemas, me desculpe. Esse é apenas um texto de um homem que aprendeu a lidar melhor com os seus próprios problemas, depois de muito rachar a cara por conta deles.

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