Duas
Garrafas E Meia
Como não notei antes que
esse seu sorriso era só melancolia
Você fingia que estava
feliz, mas isso era só fachada
Eu notava a sua tristeza
bem funda em seu olhar e não entendia
Porque alguém manteria
suprimida a sua desilusão guardada
Toda vez que eu te
olhava, eu percebia um choro engasgado
O seu olhar embargado,
pouco se notava por olhares menos atentos
Sempre eu tentava te
confrontar, acaba com o grito abafado
Sentia que era tudo culpa
do mundo, ninguém estava assim isento
Te puxei no canto para
saber o que com você se passava
Você saiu apressada,
dizendo que não era nada e que precisava de tempo
Tentei te alcançar, mas
quanto mais eu insistia, mais você se afastava
Nosso passo acabou fora
de compasso, ficamos a destempo
Disse-me, desarvorada,
que já era grandinha e que sozinha se cuidava
Pensei na dor que eu
vira, mas preferi me afastar de você
Cada um que sabe de si,
só você sabia aquela dor que encruava
Eu simplesmente não
entendia quem era capaz de querer te ver sofrer
Foi para casa certa de
que o pior já tinha passado, queria uma taça
Bebeu duas garrafas e
meia, se entorpeceu de vinho
Só quem já sofreu, sabe
que com álcool a vida embaça
Você preferia o álcool ao
colo, cafuné e carinho
Depois de um tempo, na
madrugada já embriagada
Lançou mão do telefone
para me pedir pra te ajudar
Chorava copiosamente,
como se fosse uma pobre coitada
Acreditava que era
indigna de se amar
Contudo, me permitiu ir
lhe resgatar
Mas na verdade, você só
precisava esquecer a dor
Abrir mão do que está a
te machucar
Deixa de lado a
melancolia e deixe explodir o amor
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