Quando A Melhor Resposta É Não Sei
Fico
maravilhado com os amigos que tenho, e digo os amigos de verdade, aqueles que
realmente vale a pena chamar de amigos, aqueles que podemos demorar meses para
vermos e quando os encontramos só temos coisas boas para fazer, lembrar e dizer
e é como se tivéssemos nos visto ontem. Digo isso, porque nesse fim de semana
tive a experiência de repartir momentos com amigos que não via fazia tempos,
tanto no sábado quanto no domingo, foram momentos que valeram a pena e renderam
os textos de ontem e de hoje.
Dito
isto, vou tratar do tema de hoje com maior alegria do mundo, pois discuti ele
com uma pessoa que me trouxe muitas reflexões sobre a minha vida em milhões de
momentos e que ontem me ajudou ainda mais ao abrir os seus problemas pra mim e
eu pude ver que eu mais uma vez não estou sozinho quanto aos meus
questionamentos.
Porque
temos que dar respostas a todos os questionamentos que nos fazem? Porque temos
que agir de acordo com o que a sociedade nos impõe? Porque temos que fazer
aquilo que todo mundo espera da gente? Porque temos que ser algo que não é o
que desejamos? Porque? Porque? Porque? São tantos porquês em nossas vidas e
tantos questionamentos que muitas vezes a gente não tem a resposta para a
pergunta, não sabemos exatamente o que dizer, o que falar, como agir... Muitas
vezes a gente apenas está jogando o jogo, mesmo sem saber o porquê.
Há
anos, quando eu era criança, se me perguntassem o que eu queria ser quando
crescer eu provavelmente responderia engenheiro. Na minha quinta série eu tinha
um plano todo traçado para como me tornar engenheiro, estudaria no IME, seria
um aluno dedicado, iria encarar uma vida trabalhando com contas e tudo mais,
pra mim era algo simples, afinal, era bom em fazer contas de somar, subtrair,
dividir e multiplicar. Ocorre, que no decorrer dos anos, da minha vida escolar,
eu me deparei com uma realidade terrível: EU ODEIO MATEMÁTICA DE SEGUNDO GRAU.
Odeio mesmo, é algo que eu não vejo utilidade, pra que que eu tinha que
aprender a calcular a área de um pentágono ou o volume de um paralelepípedo, ou
a fórmula de Báscara? Todas essas coisas me afastaram do plano de ser
engenheiro, algo que foi bom pra minha sanidade mental, que já não é das
maiores, como muitos de vocês já perceberam.
Com
o avanço dos anos, percebi que eu não iria trabalhar com números, apesar de ser
bom em raciocínio lógico, em contas simples, em Geometria, coisas quem me são
muito claras na mente quando aparecem na minha vida, mas que eu me afastei,
simplesmente porque eu odeio calcular o X das coisas. Então, abracei a área de
humanas como uma realidade absoluta na minha vida. Desde o primeiro dia no meu
segundo grau, atual Ensino Médio, eu fiz testes vocacionais, que só serviram
para embananar ainda mais as coisas, afinal, eu sou mesmo uma bagunça e meus
testes sempre deram inconclusivos, com abrangência para todas as áreas:
Humanas, Exatas, Biomédicas, Artes Cênicas... Ou seja, eles diziam para mim, você
pode fazer o que você quiser. E aí é que mora o perigo, o que eu quiser.
Afinal, o que eu quero?
Ontem
eu conversando com a minha amiga, me vi muito nela, afinal, ambos somos da área
jurídica, estamos numa fase de questionamentos sobre nossas escolhas
profissionais, pessoais e amorosas, temos talentos diversos e acima de tudo,
somos uma bagunça. Desculpa falar assim, mas é a verdade. Não é bagunça no
sentido de que somos desorganizados ou coisa parecida, somos uma bagunça porque
não somos convencionais, não seguimos o plano de ação, não estamos mais no
Kansas, como diria a Dorothy. Pois é, já estamos numa zona cinzenta, depois de
muito tempo, onde estamos buscando as nossas respostas, mas nos permitindo não
tê-las.
Nosso
plano de ação é traçado sempre pelos nossos pais, eles nos indicam o caminho,
nos mostram opções, nos chamam aos destinos que eles julgam serem os melhores e
sei que eles fazem isso para o nosso bem. O papel dos pais é esse, orientar,
proteger, guiar, mostrar... Contudo, em algum momento, a gente tem o estalo, em
algum momento a gente deixa o caldo entornar e a gente se transforma, passamos
a ter a visão real das coisas, nos deparamos com a vida real, com o concreto e
não mais com a fantasia e aí, a coisa muda, temos que encarar os nossos
fantasmas, estamos por conta própria e nesse instante, as visões de nossos pais
já não são convergentes que as nossas.
Quando
entrei pra faculdade de direito, entrei cheio de sonhos, esperanças, utopias...
Achava que iria mudar o mundo, me sentia meio que o Batman, aquele cavaleiro solitário
que lutaria contra tudo e contra todos e ainda assim conseguiria mudar o mundo.
Mas o mundo real é muito diferente, as instituições fazem questão de se
mostrarem anencéfalas, problemáticas, cheias de defeitos, compostas por homens
que são piores, muito piores mesmos que as instituições, você se desilude,
perde o tesão, perde os sonhos, perde tempo.
Daí
você começa a ganhar seu dinheiro, a fazer sua vida, a seguir um plano traçado,
não mais pelos seus pais, mas agora pelo seu empregador: bata metas, faça isso,
escreva aquilo, ganhe mais dinheiro, encare novos desafios, tenha novos
objetivos... E nisso já está você de novo metido em algo que não é você. Já
está você não sendo novamente um bom lugar.
Um
belo dia você simplesmente cansa, joga tudo pro alto, bica o pau da barraca,
manda tudo pro espaço. Essa situação é libertadora e libertária, você se sente
livre, abre mão das amarras impostas e encara que dessa vez você vai decidir a
sua vida, não porque alguém vai decidir por você, mas sim porque você decidiu
obter o controle total da sua vida.
Aí
você entra no processo de se descobrir, ver quem você realmente é, estar em paz
com você, com o mundo a sua volta, com as pessoas, com os amigos, com a
família, com o amor... Então, pela primeira vez em muitos anos você se permite
não ter as respostas que sempre te cobraram: Quando você vai arrumar um bom
emprego? Quando você vai arrumar um par perfeito? Quando você vai crescer? E
por aí vai. Então você se permite dizer: NÃO SEI! E é não sei mesmo, você se
permite deixar a vida te levar.
E
deixando a vida me levar, eu dei um rumo na minha vida, pode não ser o rumo dos
sonhos de muitos, afinal, estou desempregado, só faço bicos, estudo, estou
solteiro. Como disse em uma outra postagem, pode parecer uma vida patética para
muitos, mas atualmente estar nesse estágio, é a coisa melhor que podia me
acontecer. Estou feliz comigo mesmo, com as decisões que tomei em minha vida,
com as minhas escolhas, com o rumo que estou traçando para mim. Eu deixei de
não ser mais um bom lugar pra mim. Hoje me olho no espelho com alegria com o
que estou vendo, e não, não estou falando só com o biótipo, apesar de que, e
nisso faço um parêntese, estou em boa fase, me sentindo bonito, sexy e atraente
(e não quero ouvir mimimi sobre isso, quem tem que gostar de mim em primeiro
lugar sou eu, se você não concorda, só lamento), estou falando de estar
satisfeito com quem me tornei, com a pessoa que sou hoje em dia, de não estar
mais com dúvidas, seguindo os planos dos outros, estou apenas jogando o meu
jogo, me libertei das minhas amarras, estou fazendo as coisas pra mim, por mim
e que eu quero fazer.
Hoje,
posso dizer que sair do meu estado de letargia, de não saber o que eu quero. Já
sei o que eu quero para mim profissionalmente, amorosamente, socialmente e
porque não dizer, personalissimamente. Digo pra você, a vida nem sempre vai te
dar opção de reset (reinício) mas se você não gostou do ponto em que está, do
ponto em que chegou e puder mudar isso, não pense duas vezes, faça o que te faz
feliz, busque a sua felicidade, não a dos outros, no final, na hora do acerto
de contas, será só você e Deus. E como já disse, você vai chegar diante dEle e
vai dizer o que? Que não foi feliz porque seguiu o plano dos outros? Ele vai
dizer que o problema foi seu, que você teve livre arbítrio, teve escolhas, teve
opções e não utilizou as certas porque não quis. Então, aproveite que você só
tem um tíquete, uma única passagem por essa vida e encare os desafios para ser
feliz. Faça a sua felicidade!
Nunca
confunda felicidade com euforia, euforia é um estado quimicamente comprovado,
em que o seu organismo produz uma sensação de satisfação, agora felicidade é
uma questão de sentimento de você se conectar com tudo a sua volta e estar
realmente alegre, geralmente a felicidade é sem motivo, pois é quando você está
livre das suas amarras, dos seus pormenores, das coisas que não importam e se foca
no que te faz bem. É um estado de espírito que independe dos outros, é única e
exclusivamente uma sensação sua de estar bem com você mesmo, com o que você se
tornou, com o que você está fazendo por você e pelo universo. É o equilíbrio
entre o dar e o receber, em que você se satisfaz com o ponto em que você
chegou, sem que aquilo te frustre e muito menos te engrandeça. É quando você
exclui as suas expectativas e vê que a sua realidade é tudo o que você quer e
precisa.
PS:
Texto inspirado no meu papo de domingo com a minha Tatiana Baía. Você se tornou
tudo aquilo que você sempre quis ser e eu estou muito feliz de presenciar isso
e ver em você e através de você que eu também.
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