Arte
da Hipocrisia
Um
defeito que eu graças a Deus nunca tive é a hipocrisia. Sempre fui uma pessoa
muito direta, se gosto, sou a melhor pessoa, se não gosto, faço questão de
deixar claro pra pessoa que não vou com a sua cara. Não suporto quem faça o
jogo de dar tapinhas nas suas costas e depois fale mal de você.
Engraçado
é que nos dias de hoje, pessoas que sejam francas, diretas e sem meios termos
são cada vez mais exceção e não a regra, hoje em dia você tem que tomar cuidado
com as pessoas que mal te conhecem e dizem já te considerar pacas, que sempre
te elogiam quando estão com você, pois geralmente ao estarem longe são as primeiras
a te meter o malho.
Existem
pessoas que me conhecem há muito tempo, mas que não fizeram a menor questão de
me conhecer realmente, ao longo de quase 20 anos, se dizem minhas amigas, falam
comigo, me botam no seu círculo íntimo de amizades, mas nunca se preocuparam em
saber os meus dramas pessoais, minhas angústias, meus anseios, minhas
frustrações, são pessoas que se você parar hoje e perguntar, vão dizer que são
minhas amigas, mas não sabem nem o que eu gosto de fazer nas horas vagas.
Quando
o quesito é hipocrisia, sou muito radical. Prefiro alguém que diz na minha cara
que não gosta de mim, do que alguém que diz ir com a minha cara, mas que no
fundo só fala mal de mim. Não, já falei aqui em outro texto que não me acho
perfeito, muito pelo contrário, tenho defeitos mil, muitos mesmos, sou muito
difícil de mudar minhas convicções, mas sei reconhecer quando estou errado,
contudo, não sou hipócrita e odeio quem o seja, de verdade, odeio mesmo.
Prefiro
um inimigo sincero do que um amigo de mentira. Considero mais uma pessoa que
seja sincera ao me tratar mal sempre do que um amigo de conveniência. Aquele
tipo de pessoa que só te procura quando precisa, depois some por eras, e
novamente te procura quando da necessidade dele.
Pra
quem não sabe, sou católico apostólico romano, tento ser sempre uma pessoa
capaz de não julgar os outros, embora saiba que isso é uma tarefa quase
impossível, contudo, tento fazê-lo ao máximo, pois sei que cada um tem sua
história, seus problemas, suas vivências e isso faz com que cada um seja único
e logo, não posso impor minhas vontades, pensamentos, forma de vida e afins aos
outros.
Aprendi,
com o passar dos anos, que a Igreja se assemelha ao hospital, afinal, ninguém
que está no hospital está por conveniência, está por necessidade, assim
também é com as pessoas na Igreja, elas estão lá por serem pecadoras,
reconhecerem isso e buscarem ser pessoas melhores. Contudo, muitas, embora “doentes”,
ainda assim, se consideram mais sãs do que outras pessoas, como se pudesse
haver um ranking de quem é mais ou menos doente. Pois bem, no fim das contas,
pecado é pecado, não importa se é considerado um crime grave na lei dos homens,
para a lei de Deus, todos os pecados são iguais e altamente ofensivos.
Percebo,
porém, que há pessoas que gostam de julgar os outros sem saber nada sobre eles,
acham que suas posições sempre são as corretas, utilizam-se de seus padrões pré-estabelecidos
para enquadrar os outros e quando não somos o que elas pensam, somos taxados de
coisas que não somos, de predicados que não temos, somos rotulados,
simplesmente, por sermos aquilo que aquelas pessoas imaginam e não veem o que
realmente somos.
Quantos
e quantos talentos não se perdem por não serem o que se esperam deles e nossa
sociedade impõe uma certa forma de agir e pensar? Como haveria inovações e
mudanças na sociedade se todos fossem iguais? É antagônico pensar em
individualismo e ao mesmo tempo impor um padrão.
Deixem
as pessoas serem diferentes, elas sendo felizes e não atrapalhando a vida de
ninguém não estarão cometendo mal algum. Se bem que um sábio já me disse que a
felicidade alheia é ansiada por todos, desde que o outro não seja mais feliz
que você. Pois é, pessoas diferentes tendem a ser extremamente felizes, pois
elas se libertaram do jugo das imposições da sociedade, daí as pessoas
hipócritas quererem impor suas posições sobre os outros.
Cada
ser nesse planeta é diferente! Não, não estou aqui levantando a bandeira da anarquia
e o fim da sociedade como regente da vida humana, mas sim, o fim das imposições
da sociedade para padrões, quando estes não são estabelecidos por lei. Afinal,
não sou obrigado a gostar de determinada música só porque todos os outros
membros da sociedade a minha volta o fazem, ou ainda, não sou obrigado a
professar a mesma fé, quer dizer, professar qualquer fé, porque as pessoas o
querem.
Essa
grande perseguição do que as pessoas julgam certo e errado é ainda mais ridícula
e mais sem graça do que se pode imaginar. Sou livre, pago meus impostos, se
quiser sair na rua vestido de teletubie ou ainda de Changeman, posso fazê-lo,
se tenho alguma característica linguística que não é comum eu continuarei
usando-a, aceite isso.
Não
aceito que venham me julgar sem que se tenha um senso crítico considerável, sem
que se observe desde sempre os fatos. Fazer uma análise de mim, meramente por
conta de meia dúzia de coisas que você observou, sem nem se preocupar com o que
está sendo dito na verdade é uma forma inócua de pensar.
Desperte
sua mente para o que realmente importa, ouça o discurso, leia os relatos,
observe os dizeres, pense por conta própria, não se baseie no que você acha e
acima de tudo, não seja hipócrita. Se você tem alguma dúvida, você pode perguntar,
tem todo o direito, mas sempre busque entender o autor.
Se
posso dar um conselho para uma vida melhor é: NUNCA JULGUE UM LIVRO PELA CAPA.
Tente sempre transpor seus preconceitos e entender o porquê das coisas e nunca,
mas nunca mesmo, se apegue aos discursos pré-fabricados.
E
deixe as pessoas diferentes agirem diferente, o mundo seria muito chato se
todos fossem iguais. Não quero aplausos, mas não quero que vaiem antes mesmo de
a obra estar acabada.
PS:
E viva a criatividade humana e todas as formas de individualidade em que ela se
manifesta.
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