quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

As Cartas Que Eu Não Mando

As Cartas Que Eu Não Mando

O texto de ontem me lembrou muito o Leoni, compositor que foi do Kid Abelha e hoje é um dos mais tocados e cantados do rock dos anos 80, embora não tenha o devido reconhecimento. Ele tem uma música chamada “Conspiração Internacional”, que tem tudo a ver com o meu texto. Gosto das composições dele, pois elas também tratam do cotidiano, de uma forma lírica, ele transforma o simples em poesia.
Calma, longe de mim me comparar ao Leoni como compositor, escritor ou poeta, apenas estou falando que consigo ver a vida através dos olhos dele, fazendo com que a vida fique um pouco mais suave.
Fiz essa pequena introdução, para dizer que logo depois que me dei conta de que o texto ficou realmente muito parecido com a música do Leoni, acabei indo ouvir o DVD ao vivo dele. Nesse DVD tem uma música que me marca muito mesmo que é “As Cartas”, ela me marca pois fala da questão dos arrependimentos que temos na vida.
Fala de uma relação de um amor, que acabou e que depois de um tempo a pessoa se relembra do ex, para falar como está a vida, como estão as coisas e querendo saber o que acontece na vida daquela pessoa hoje em dia. O que me marca não é a questão do ex-amor, mas sim a ideia de uma pessoa que já foi muito importante em minha vida, mas que há muito tempo não participa do meu dia a dia.
É estranho você ter uma pessoa que fez parte da sua vida e hoje vocês parecem estranhos, não necessariamente por uma briga ou um distanciamento provocado por uma mudança ou coisa assim, mas simplesmente por vocês terem se afastado pelo tempo. O tempo é um inimigo mortal de amizades.
Mas voltando ao ponto de partida, eu sempre que ouço essa música penso no que eu diria para essas pessoas que saíram da minha vida. O que eu escreveria se fosse mandar uma carta para elas, o que eu falaria se tivesse a oportunidade de mandar notícias para uma pessoa e o que essa pessoa falaria de volta pra mim.
Acho que hoje fica mais fácil uma pessoa saber da minha vida, por conta deste espaço aqui onde vos escrevo, contudo, tem coisas que eu não comento aqui, coisas que realmente eu trataria num contato mais íntimo para uma pessoa que fez parte da minha vida.
Sinto falta de conversar com muitas pessoas que eram presentes em minha vida, é engraçado isso, na época em que as pessoas se afastaram de mim eu dei pouca importância, abri mão, claro que isso era algo que aconteceu em uma via de mão dupla, mas realmente hoje bate um certo arrependimento disso e por isso mesmo eu tenho esse tipo de pensamento de escrever uma carta, um e-mail, uma mensagem... Sei lá, qualquer coisa só para poder manter aberto o canal de comunicação.
Ocorre, que assim como na música, eu também logo me desfaço dessa ideia, eu simplesmente tiro essa ideia de cabeça e vou empilhando cartas e mais cartas sobre a minha vida para essas pessoas. Amigos, amores, familiares, colegas de trabalho, colegas de colégio ou faculdade, já pensei em escrever uma carta para cada pessoa que saiu da minha vida.
O engraçado, é que nunca penso em escrever sobre o porquê de termos nos separado ou para saber os motivos da pessoa de não ter me procurado, quero saber da vida da pessoa, saber suas vitórias, suas conquistas, como anda o coração, como anda a sua vida, quais os seus planos, suas ideias. E quero contar justamente essas mesmas coisas.
Me lembra muito aquela época em que fazíamos amigos via internet, pessoas que moravam longe, que não tínhamos a menor possibilidade de nos conhecermos pessoalmente, mas que tínhamos grande estima, pois repartíamos com eles assuntos que às vezes a gente não tratava com os nossos amigos na cara a cara.
Me bate um arrependimento na verdade de não repartir mais a minha vida com certas pessoas, de não ter mais a intimidade de não poder pegar o telefone e ligar, pedir um conselho, ouvir uma piada, contar um segredo, porém hoje, eu tenho amigos que me abarcam essa vontade de conversar com essas pessoas.
O que me bate disso tudo, é que eu sou uma pessoa que gosto do contato constante, gosto de saber dos meus e que eles saibam de mim, trato dos meus assuntos sem muito problema com aquelas pessoas que realmente me querem bem. Isso faz com que eu sempre guarde com carinho as pessoas que fizeram parte da minha vida, sejam elas quem forem, ex-amores, ex-amigos, ex-colegas de trabalho, ex-vizinhos... Seja quem for, essas pessoas em algum momento foram importantes para mim e eu gostaria de saber delas.
A tecnologia hoje facilita um pouco isso, dá pra saber um pouco da vida dos outros sem ao menos você ter que falar com a pessoa, mas eu ainda prefiro o contato, prefiro uma carta, uma mensagem, um e-mail, uma conversa na mesa de bar. Mas é isso, eu sou assim mesmo, mesmo longe, gosto de saber que todos estão bem, independente do que aconteceu, o que levou ao afastamento, eu não desejo o mal de ninguém, muito pelo contrário, só desejo que a pessoa esteja feliz, bem, com o coração leve e cheia de amor na sua vida.

3 comentários:

  1. Victao, confesso que lembrei do Leone no texto anterior, RS!
    Curto muito ele também, além da música que você mencionou. Adoro a que ele canta com Herbert e ouvindo essa música sinto também falta de uma pessoa em especial que ouvia comigo. Estranho como afastamos sem perceber , como a vida toma rumos tão diferentes em pouco tempo.
    Beijo meu amigo



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    Respostas
    1. Isso é muito engraçado mesmo.
      Não sei se consegui me expressar, mas sentir falta do que não é mais seu, é uma sensação muito esquisita.
      Mas que bom que você também teve a mesma percepção que eu ao ler o texto, mostra que eu realmente não estou ficando assim tão louco.
      Risos

      Beijos

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  2. Victao, confesso que lembrei do Leone no texto anterior, RS!
    Curto muito ele também, além da música que você mencionou. Adoro a que ele canta com Herbert e ouvindo essa música sinto também falta de uma pessoa em especial que ouvia comigo. Estranho como afastamos sem perceber , como a vida toma rumos tão diferentes em pouco tempo.
    Beijo meu amigo



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