Andaluz
Trancou a porta do
quarto, apagou as luzes e fechou as cortinas
Não queria o menor
contato com a luz do dia
Tornava-se cada dia mais
um ser soturno
Encobria com a escuridão
a dor que escondia
Fazia do escuro o seu
aliado para camuflar a dor
Pretendia assim
demonstrar que estava tudo bem
Acontece que poucas
pessoas são capazes de a dor mascarar
E você não é capaz de
enganar ninguém
Escondeu-se numa
realidade paralela
Sua mente vagava e
divagava no mundo
Já se julgava como parte
essencial das sombras
Virava, dia a dia um ser
noturno
Jogada no poço vazio da
dor e da solidão
Fazia da sua alma um ser
taciturno
Cada vez mais fechado em
si mesmo
Alimentando a dor num
movimento diuturno
Pensou que sair disso
seria extremamente fácil
Que faria algo que
pareceria até mágico
Mas quando a dor se sente
com a alma
Corre-se o risco de
termos um final trágico
Minha vontade é de
derrubar a porta do seu quarto
Mas pode deixar, que
civilizadamente, ela eu abro
Adentro a seu reino de
trevas, bizarrices e dor
Um grande show de
horrores, um cenário macabro
Você e a dor tornaram-se
um só
Agora era impossível de
se conseguir separar
Sua alma era a soma da
desilusão e melancolia
Dava pra sentir que era
muita dor pra alguém suportar
Mas você, na imensidão da
escuridão do quarto
Se sentia no controle de
toda essa situação
Fazia de tudo para se
mostrar extremamente forte
Mas quem te conhece sabe a
dor que deu em seu coração
Porém essa sua dor não é
dor para se sofrer
Ninguém deve carregar
tanta dor no seu peito
Você pode até falar que
merece isso
Mas saiba você que pra
toda dor há jeito
Abra a janela e deixe o
sol entrar
Deixa o calor do sol te
aquecer
Assim você vai se alegrar
e sorrir
Venha pra fora, volte a
viver
Reveja as cores e formas
do mundo aqui fora
Permita que a luz dissipe
essas trevas
Deixe a luz te iluminar
Permita que esse
sentimento seja de cevas
Não se esconda no escuro,
volte pro claro
O mundo é melhor sob a
luz
Deixe a energia do sol te
preencher
Que você vire andaluz
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