quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Expiação

Expiação

Habitando na parte mais sombria de mim
Está um ser que não vê mal em causar dor
Alguém que faz da minha alma um eterno refém
Com um jeito meio insano e provocador

O ser das sombras agita suas asas
Pensando no seu voo para a liberdade
Só é livre quando sangra a vítima
Se sacia com seu leque de maldade

Aplica uma agulhada de tranquilizante
Paralisando assim a sua presa
Agia nas sombras, na calada da noite
Para evitar de ter qualquer surpresa

Esse ser sujo de sangue sou eu
Essa massa desforme de carne quem é
Precisava de alguém assim para me divertir
Prefiro o gosto de sangue ao de café

E então assim, se agita em mim
Convocando qualquer ponto de sanidade
O horror está presente sim
Meus sortilégios carregarei pela eternidade

Vaguei então por esse campo etéreo
Procurando quem sabe um real sentido
Quem sabe ser o anjo da morte de Deus
Ou quem sabe, apenas mais um pervertido

Só sei que gosto de ver a morte diante dos meus olhos
Me divirto com a dor causada
Não lamento as mutilações ou esquartejamentos
Só lamento a alma não purificada

Servindo ao propósito da expiação
Me sinto então um ato divino
Fazendo da morte motivo de alegria
Chafurdando tal qual um suíno

Agindo para levar o terror
Infligindo aos outros seus sortilégios
Preciso em cada movimento
Cometendo diversos sacrilégios

O que importa é a dor expiar
Fazer sair o mal de mim
Mas um dia alguém também vai me purificar
E então sem pecados, terei meu fim

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