quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Aos 8

Aos 8

Já passava da hora de dormir, quando o relógio tocou
Pensei ter ouvido um som atrás da porta
Parecia ser o arrastar de uma corrente

O medo já era tanto que me dominou
O vento balançava os galhos da árvore torta
Fazendo um galho bater na janela da frente

O arrepio subia por toda a espinha
Deixando claro que o medo se instalava
Olhei pela claraboia e vi um gato preto no muro

Fingir-me de forte já não convinha
Só pensava na iluminação da lua clara
Já não escondia o meu pavor do escuro

Era a primeira vez que ficava sozinho em casa
Os pais confiaram e foram sair
Depois de anos e anos sem sossego

Por mais que evitasse, ouvia os ruídos da escada
Ouvia sons a me distrair
Parecia que a noite era um grande segredo

O edredom era a minha maior proteção
Usava a lanterna como uma arma
Iluminando tudo que eu suspeitava

Cada barulho me fazia prender a respiração
Cães uivando aumentavam o meu carma
Meu coração palpitava a cada carro que se aproximava

Queria sair correndo, mas não podia
Sabia que aquela noite seria importante
Encarei aquilo como um rito de passagem

Embora, a cada susto, o pavor ressurgia
Me toquei que não adiantava ficar periclitante
Eu deveria mesmo era me encher de coragem

Mesmo que o sono não viesse
Eu ficava de olhos fechados
Aos 8, tudo me causa assombro

Precisava sobreviver, haja o que houvesse
Nem que tivesse que encarar todos os medos amealhados
Não me deixaria transformar em escombro

Enchi-me de ousadia para encarar a noite
Confiava que podia vencer o desafio
Afinal, era só conseguir dormir sozinho

Confiei que nada estragaria o meu pernoite
Mesmo achando que minha vida estava por um fio
Um carro parou, meus pais entraram e me deram carinho

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