quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Aquilo No Peito

Aquilo No Peito

Ouvia o vento soprando por aí vadio
Como se nada mais importasse para ele
Permanecia ali no baixio
Imaginando um bom futuro dele

Sentia o apertar do ventrículo esquerdo
Dilacerava, pouco a pouco, o miocárdio
Sentia que a qualquer momento iria perdê-lo
Uma música doce tocava no rádio

Sentia-se um pouco diferente
Por estar com aquela sensação no peito
Tentava desocupar a sua mente
Pra fazer algo diferente do que já tinha feito

Assim, se deixando levar, sentia
Que aquela nova sensação era sufocante
Era algo que sua alma arredia
Evitava quase que a todo instante

Contudo, a dor só apertava
Quando se lembrava dela
Daí, era a certeza que martelava
Era um sentimento de querela

Só tinha ouvido falar daquilo até agora
Mas parecia que ele tava descobrindo a verdade
O sentimento vinha de dentro para fora
Algo que o fazia crer na uberdade

Tal qual uma quimera
Era uma mistura inusitada
Faria loucuras sinceras
Para ver a sua dor comutada

Então quem sabe assim
Conseguirá entender o que está se passando
Fez do seu peito um jardim
E lá acabou uma semente plantando

Ele não sabia de que era aquela semente
Só sabia que estava crescendo rápido
E quando ela aparecia era inexoravelmente
Como se a vida tivesse sápido

E então, mesmo não querendo
Ele com sua pouca experiência
Acabou entendendo
O que significava a sua concupiscência

Essa coisa no peito tem um nome único
Só podemos chamar de amor aquilo tudo
Um ato quase mediúnico
Que parece um pouco desuetudo

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