De
Voyeur
Chegou em casa depois de
mais um dia de trabalho, muito cansado
Seus movimentos lentos,
ritmados e calculados, mostravam o quanto ele sentia o perigo
Ao se aproximar da
soleira de casa, percebeu que a porta estava aberta
Percebeu que assim o seu
lar, pra ele, não era um poderoso abrigo
Sorrateiramente se
esgueirou pelo espaço da porta para dentro de casa
A penumbra traía os seus
sentidos e o silêncio ocupava o seu lar
Teve taquicardia e
palpitação ao caminhar pela sala vazia
Cada som do silêncio como
estampido em seus ouvidos a ressoar
Ao se aproximar do
corredor, começou a ouvir algo irreconhecível
Não sabia do que se
tratava ao certo, mas dava ainda mais medo
Um calafrio lhe subiu
pela espinha e suas pernas logo bambearam
Mediu cada um dos seus
passos como se estivesse ali em segredo
Quanto mais se aproximava
do quarto, mais o barulho aumentava
Era um sussurro abafado,
como que se alguém estivesse com mordaça
Sacou de um porrete no
armário e foi caminhando com ainda mais apreensão
Sufocava seus pensamentos
pois naquele momento estava em estado de caça
Cada passo parecia o
desenrolar de uma maratona
Esfregou os olhos
buscando aprimorar sua visão para o breu
Alcançou a porta do
quarto, quando pra dentro olhou pela fresta
Para sua surpresa, ele
então viu, que alguém mexia no que era seu
Pela fresta avistava um
corpo na cama se retorcendo
Um gemido baixinho
escapava por entre o lençol e os lábios
A lúdica imagem de uma
criança se divertindo com o melhor dos brinquedos
Percebeu que só de longe
observar, por um tempo, era o mais sábio
Empurrou a porta
cuidadosamente, contudo, notou que não fazia diferença
A esposa se possuía em
alguma intenção muito específica
O corpo estava em êxtase
tão grande que parecia flutuar
Estado de excitação tão
grande que logo se verifica
Ele olhava fixamente
aquela cena parado no tempo e no espaço
Maravilhado com aquilo,
sentiu que suas calças encolheram
Aproximou-se da cama e
ela despertou do transe
Olharam-se apaixonados e
ficaram felizes porque se escolheram
Ela não parava de
seduzi-lo, só queria ser olhada
Acabou curtindo ser
observada, gostavam do voyeurismo
O desejo dele já pulsava
em cada parte do seu corpo
O casal assim se divertia
exercitando o seu erotismo
Ela controlava a situação
com maestria
Dançava nua, estava muito
à vontade
Ele sentia-se enfeitiçado
pelo gingado dos quadris
Se comportava como um
plebeu diante de vossa majestade
Podia ver, mas não tocar,
assim era a brincadeira
Ela usava toda a extensão
da cama para provocar
Ele já estava ali, já a
ponto de explodir
Mas ficava de voyeur, só
pra a ela agradar
Sentia-se como dançarina
de cabaré
Aquela que era capaz de
atrair cada olhar
Seduzir pra ela era puro
lazer
Ainda mais se fosse pra
sempre amar
Beijaram-se apaixonados, como
se só aquele momento importasse
Buscava saciar com ela o
seu desejo mais primitivo
Agia conforme o mais
louco dos critérios
Se entregava pra ela do
jeito mais instintivo
Maravilhoso! ����
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