sábado, 1 de outubro de 2016

Precisamos Falar De Eleições

Precisamos Falar De Eleições

Olha, tá complicado mesmo de acompanhar a política deste país. Me desiludi faz tempo com a política atual, com o seu modelo arcaico e anacrônico, onde as casas legislativas e que têm o real poder decisório, quando você tem esse jogo de interesses escusos por parte dos parlamentares, sejam eles da esfera que for, impondo os seus interesses e as suas vontades sobre os interesses da população, que embora eleja um único representante do executivo, contudo, elege diversos representantes legislativos que acabam valorando o seu apoio ao governo, inclusive traindo suas propostas de campanha.
Falo isso não é de hoje, quem me acompanha, sabe muito bem que eu já venho falando da necessidade de uma reforma política séria e profunda para o nosso país voltar a fomentar o interesse pela arte da política, criar novos líderes, capazes de fazer nosso país avançar e que nossa democracia se consolide de vez.
Não vou falar aqui se foi golpe ou não, mesmo porque, isso não irá mudar em nada o ocorrido, então, isso só entra realmente como fato histórico. Contudo, realmente me preocupa com aonde vamos parar depois de domingo. Sim, afinal, domingo teremos eleição. E essa eleição vai ser realmente muito complicada, pois não há políticos que empolguem. E podemos ver isso ocorrendo não somente aqui no Rio de Janeiro, mas nas principais cidades do Brasil. Nas principais capitais, Rio, São Paulo, Porto Alegre e Salvador, só para citar algumas, estão envoltas com disputas de políticos de carreira, alguns já na segunda ou terceira geração de políticos. Para piorar, não vemos personagens dignos de merecerem muitos votos.
Uso o Rio como exemplo, a disputa está entre o Bispo Crivella (que depois de ser cavalo paraguaio em diversas eleições, tem realmente grandes chances de eleger), mesmo sendo aliado da família Garotinho, temos o espancador “inocentado” Pedro Paulo (que é o candidato a situação e que não consegue decolar na disputa, justamente por representar o mais do mesmo), que também é ex-secretário da casa civil da prefeitura, Jandira (que é uma das candidatas de esquerda, mas não consegue trazer a simpatia da esquerda intelectual), que tenta ser a defensora do governo deposto da Dilma, o político de carreira Flávio Bolsonaro (da segunda geração de uma família nefasta para a nossa política), que além de trazer propostas esdrúxulas, ainda se mostra ignorante sobre a cidade, o “esquerdista” Freixo (um político talhado para o legislativo, mas que por ter pouco traquejo político, não serve para o executivo), o típico membro da oposição, raivoso e com incapacidade para o diálogo...
Esses são os principais candidatos no pleito carioca e nenhum deles causa grande empolgação aos moradores da cidade. Isso tudo é por conta dos conflitos que dividiram a nossa sociedade, desde eleições anteriores, quando se tornou uma questão de nós x eles. Pior que isso, a questão maior, pra mim, é que nós não discutimos política, apenas passamos a querer impor nossas vontades sobre os outros, deixamos que só o que importa seja a nossa opinião e nada além disso.
Passamos a ser um povo que não fala, não discute e somente atura política. Política, como toda arte ou ciência, tem que ser estudada, debatida, conversada, discutida e tudo mais. Não podemos simplesmente deixar as coisas caminharem e nos indignarmos das nossas poltronas ou computadores a cada novo escândalo que aparece nos noticiários. Para tal, precisamos ter senso crítico, precisamos pensar a política, pensar o que queremos para o nosso país, o que queremos para nosso futuro como nação. E isso está sendo negligenciado por todos nós. Um grande sábio disse: Se você não se interessa por política, pode ter certeza que alguém que se preocupa menos com você se interessará. E essa premissa está estampada em todos esses escândalos que tomaram conta do nosso país.
Mas voltando ao pleito municipal, o Rio não foi capaz de construir uma alternativa aos personagens políticos que temos há anos. Crivella é candidato há muitas eleições, Pedro Paulo é o continuísmo de tudo o que foi feito por Eduardo Paes, para o bem e para o mal, Jandira é o radicalismo da esquerda estampado até a raiz do seu cabelo, Freixo é o típico político de legislativo, que serve bem ao propósito da representatividade política, onde ele brada sempre que necessário contra os mandos e desmandos dos governantes, Bolsonaro é da segunda linhagem de uma família de desequilibrados políticos, trazendo mais do mesmo de seu pai, Índio e Osório estão em partidos de direita que não conseguem trazer visões novas para os problemas reais de nossa cidade... Infelizmente, em 4 anos, a cidade do Rio não conseguiu produzir um personagem capaz de mudar o jogo que está sendo jogado em nossa cidade, nosso estado e em nosso país há décadas.
Por isso mesmo, desde que surgiram os nomes em nossa disputa municipal, eu fiquei extremamente preocupado, pois saberia que não conseguiria votar no melhor candidato, seria, como na última eleição, tanto nacional, quanto estadual, onde tive que fazer um “voto útil”, votando no candidato que eu julgava menos pior. Sendo assim, realmente não me sinto exercendo plenamente o meu direito de escolha política.
De todos os candidatos com alguma representatividade real nas eleições do Rio, o único com o qual eu realmente me identifico, propositalmente não citei anteriormente. Estou falando de Alessandro Molon. Acreditava que teria de fazer um voto de sacrifício, um “voto útil” já no primeiro turno, mas acompanhando os debates e as pesquisas, verifiquei que independente do que acontecer no domingo, teremos um segundo turno na cidade. Por isso mesmo, vou votar conforme minhas convicções, achando que o melhor para a cidade são as propostas de uma pessoa que se mostra íntegra, que tem envergadura moral, que é respeitável, que não trai suas propostas de campanha e que está buscando uma cidade melhor para todos.
Molon foi muito bem nos debates em que pode participar, principalmente no último, na Rede Globo, que aqui deve ser enaltecida, por ter aberto um espaço para os candidatos menos badalados, tanto o meu, como o Osório, que é outra pessoa séria, por quem tenho um grande apreço, apesar de ter um problema sério de incapacidade mental para apertar o 4 e depois o 5 numa urna eletrônica. Portanto, prefiro errar por ser idealista demais, do que trair minhas convicções e votar em um candidato que não quero que seja eleito agora. Sei que de qualquer forma, independente do voto que eu dê, as eleições irão para o segundo turno, o que facilita essa minha posição de voto ideal, contudo, já sabendo também que só por um milagre o meu candidato vai para o segundo turno.
Já no segundo turno, eu exercerei meu direito, escolhendo sim o menos pior, dando “voto útil”, retirando do comando da minha cidade quem eu julgue que será menos nocivo para ela. Primeiramente, FORA TEMER. Segundo, eu vou votar em qualquer candidato que vá para o segundo turno contra o Crivella, excetuando o Bolsonaro, que julgo um mal ainda maior. Desta feita, irei votar para impedir que Crivella e Bolsonaro cheguem ao comando da minha cidade, se for preciso quebrar algumas convicções no meio disso, farei, inclusive votando no PSDB ou PSD, votar na Jandira (a quem não tenho a menor solidariedade política, mesmo que sejamos de polos políticos iguais), votar no Freixo (que eu considero despreparado politicamente, por não saber fazer o principal para a política, que é ser político, saber dialogar e negociar) ou votar no Pedro Paulo (que além de espancador de mulher, é o pior candidato de situação desde que comecei a votar em 98).
Acho que o que vale para esse domingo é refletir sobre o que acreditamos que trará um futuro melhor e mais brilhante para a nossa cidade. Eduardo Paes não é lá flor que se cheire, mas vai chegar ao final de seu mandato com uma grande aprovação, justamente por ter se colocado como um cara talhado e trabalhado para a política, sabendo negociar com todos os campos políticos que têm em nossa cidade, além de ter feito as festas olímpica e paraolímpica, bem como, melhorado a mobilidade urbana com os BRTs, mesmo não sendo esse o modelo mais correto para a nossa cidade.
Se tudo ocorrer como o esperado no domingo, segunda-feira estaremos iniciando a disputa de segundo turno entre Crivella e Pedro Paulo e aí, terei que escolher quem eu julgo o menos merda desses dois candidatos. Diante da minha história política, não posso jamais trazer de volta ao comando executivo, a família Garotinho. Os malefícios que essa cidade trouxe para o nosso estado e consequentemente para a nossa cidade foram tamanhos, que qualquer um que tenha o seu apoio não merece o meu voto. Logo, apertarei 15 no segundo turno no final do mês, odiando muito os políticos da minha cidade, por não terem me dado uma alternativa real, para que eu não precisasse eleger um espancador de mulheres e a corja do PMDB novamente.
Assim, espero que você que se der ao trabalho de ler este texto até o final, pense simplesmente que seu voto fará diferença, que você precisa pensar não somente em você, mas também na cidade como um todo, não só no seu nicho, mas também naqueles lugares que você não faz nem ideia de que existam em nossa cidade. Não é só porque você não pega ônibus que as alterações das linhas de ônibus não fazem diferença para você. Não é só porque você não usa os hospitais públicos municipais que eles não influem na sua vida. E assim por diante, você tem que pensar em tudo, em todos, você precisa mesmo é pensar no coletivo, pensar no que possa realmente mudar a vida de mais pessoas para melhor. Depois disso, qualquer que seja a sua escolha, que ela realmente seja isso, um objeto de mudança para melhor da nossa cidade, das nossas vidas e criadora de um futuro melhor. Que venha domingo, que venham as eleições e no segundo turno a gente conversa mais.

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