Precisamos
Falar De Eleições
Olha, tá complicado mesmo
de acompanhar a política deste país. Me desiludi faz tempo com a política
atual, com o seu modelo arcaico e anacrônico, onde as casas legislativas e que
têm o real poder decisório, quando você tem esse jogo de interesses escusos por
parte dos parlamentares, sejam eles da esfera que for, impondo os seus
interesses e as suas vontades sobre os interesses da população, que embora
eleja um único representante do executivo, contudo, elege diversos
representantes legislativos que acabam valorando o seu apoio ao governo,
inclusive traindo suas propostas de campanha.
Falo isso não é de hoje,
quem me acompanha, sabe muito bem que eu já venho falando da necessidade de uma
reforma política séria e profunda para o nosso país voltar a fomentar o
interesse pela arte da política, criar novos líderes, capazes de fazer nosso
país avançar e que nossa democracia se consolide de vez.
Não vou falar aqui se foi
golpe ou não, mesmo porque, isso não irá mudar em nada o ocorrido, então, isso
só entra realmente como fato histórico. Contudo, realmente me preocupa com
aonde vamos parar depois de domingo. Sim, afinal, domingo teremos eleição. E
essa eleição vai ser realmente muito complicada, pois não há políticos que
empolguem. E podemos ver isso ocorrendo não somente aqui no Rio de Janeiro, mas
nas principais cidades do Brasil. Nas principais capitais, Rio, São Paulo,
Porto Alegre e Salvador, só para citar algumas, estão envoltas com disputas de
políticos de carreira, alguns já na segunda ou terceira geração de políticos.
Para piorar, não vemos personagens dignos de merecerem muitos votos.
Uso o Rio como exemplo, a
disputa está entre o Bispo Crivella (que depois de ser cavalo paraguaio em
diversas eleições, tem realmente grandes chances de eleger), mesmo sendo aliado
da família Garotinho, temos o espancador “inocentado” Pedro Paulo (que é o
candidato a situação e que não consegue decolar na disputa, justamente por
representar o mais do mesmo), que também é ex-secretário da casa civil da
prefeitura, Jandira (que é uma das candidatas de esquerda, mas não consegue
trazer a simpatia da esquerda intelectual), que tenta ser a defensora do
governo deposto da Dilma, o político de carreira Flávio Bolsonaro (da segunda
geração de uma família nefasta para a nossa política), que além de trazer
propostas esdrúxulas, ainda se mostra ignorante sobre a cidade, o “esquerdista”
Freixo (um político talhado para o legislativo, mas que por ter pouco traquejo
político, não serve para o executivo), o típico membro da oposição, raivoso e
com incapacidade para o diálogo...
Esses são os principais
candidatos no pleito carioca e nenhum deles causa grande empolgação aos
moradores da cidade. Isso tudo é por conta dos conflitos que dividiram a nossa
sociedade, desde eleições anteriores, quando se tornou uma questão de nós x
eles. Pior que isso, a questão maior, pra mim, é que nós não discutimos
política, apenas passamos a querer impor nossas vontades sobre os outros,
deixamos que só o que importa seja a nossa opinião e nada além disso.
Passamos a ser um povo
que não fala, não discute e somente atura política. Política, como toda arte ou
ciência, tem que ser estudada, debatida, conversada, discutida e tudo mais. Não
podemos simplesmente deixar as coisas caminharem e nos indignarmos das nossas
poltronas ou computadores a cada novo escândalo que aparece nos noticiários.
Para tal, precisamos ter senso crítico, precisamos pensar a política, pensar o
que queremos para o nosso país, o que queremos para nosso futuro como nação. E
isso está sendo negligenciado por todos nós. Um grande sábio disse: Se você não
se interessa por política, pode ter certeza que alguém que se preocupa menos
com você se interessará. E essa premissa está estampada em todos esses escândalos
que tomaram conta do nosso país.
Mas voltando ao pleito municipal,
o Rio não foi capaz de construir uma alternativa aos personagens políticos que
temos há anos. Crivella é candidato há muitas eleições, Pedro Paulo é o
continuísmo de tudo o que foi feito por Eduardo Paes, para o bem e para o mal,
Jandira é o radicalismo da esquerda estampado até a raiz do seu cabelo, Freixo
é o típico político de legislativo, que serve bem ao propósito da representatividade
política, onde ele brada sempre que necessário contra os mandos e desmandos dos
governantes, Bolsonaro é da segunda linhagem de uma família de desequilibrados
políticos, trazendo mais do mesmo de seu pai, Índio e Osório estão em partidos
de direita que não conseguem trazer visões novas para os problemas reais de
nossa cidade... Infelizmente, em 4 anos, a cidade do Rio não conseguiu produzir
um personagem capaz de mudar o jogo que está sendo jogado em nossa cidade,
nosso estado e em nosso país há décadas.
Por isso mesmo, desde que
surgiram os nomes em nossa disputa municipal, eu fiquei extremamente
preocupado, pois saberia que não conseguiria votar no melhor candidato, seria,
como na última eleição, tanto nacional, quanto estadual, onde tive que fazer um
“voto útil”, votando no candidato que eu julgava menos pior. Sendo assim,
realmente não me sinto exercendo plenamente o meu direito de escolha política.
De todos os candidatos
com alguma representatividade real nas eleições do Rio, o único com o qual eu
realmente me identifico, propositalmente não citei anteriormente. Estou falando
de Alessandro Molon. Acreditava que teria de fazer um voto de sacrifício, um “voto
útil” já no primeiro turno, mas acompanhando os debates e as pesquisas,
verifiquei que independente do que acontecer no domingo, teremos um segundo
turno na cidade. Por isso mesmo, vou votar conforme minhas convicções, achando
que o melhor para a cidade são as propostas de uma pessoa que se mostra
íntegra, que tem envergadura moral, que é respeitável, que não trai suas
propostas de campanha e que está buscando uma cidade melhor para todos.
Molon foi muito bem nos
debates em que pode participar, principalmente no último, na Rede Globo, que
aqui deve ser enaltecida, por ter aberto um espaço para os candidatos menos
badalados, tanto o meu, como o Osório, que é outra pessoa séria, por quem tenho
um grande apreço, apesar de ter um problema sério de incapacidade mental para
apertar o 4 e depois o 5 numa urna eletrônica. Portanto, prefiro errar por ser
idealista demais, do que trair minhas convicções e votar em um candidato que
não quero que seja eleito agora. Sei que de qualquer forma, independente do
voto que eu dê, as eleições irão para o segundo turno, o que facilita essa
minha posição de voto ideal, contudo, já sabendo também que só por um milagre o
meu candidato vai para o segundo turno.
Já no segundo turno, eu
exercerei meu direito, escolhendo sim o menos pior, dando “voto útil”,
retirando do comando da minha cidade quem eu julgue que será menos nocivo para
ela. Primeiramente, FORA TEMER. Segundo, eu vou votar em qualquer candidato que
vá para o segundo turno contra o Crivella, excetuando o Bolsonaro, que julgo um
mal ainda maior. Desta feita, irei votar para impedir que Crivella e Bolsonaro
cheguem ao comando da minha cidade, se for preciso quebrar algumas convicções
no meio disso, farei, inclusive votando no PSDB ou PSD, votar na Jandira (a
quem não tenho a menor solidariedade política, mesmo que sejamos de polos
políticos iguais), votar no Freixo (que eu considero despreparado politicamente,
por não saber fazer o principal para a política, que é ser político, saber
dialogar e negociar) ou votar no Pedro Paulo (que além de espancador de mulher,
é o pior candidato de situação desde que comecei a votar em 98).
Acho que o que vale para
esse domingo é refletir sobre o que acreditamos que trará um futuro melhor e
mais brilhante para a nossa cidade. Eduardo Paes não é lá flor que se cheire,
mas vai chegar ao final de seu mandato com uma grande aprovação, justamente por
ter se colocado como um cara talhado e trabalhado para a política, sabendo
negociar com todos os campos políticos que têm em nossa cidade, além de ter
feito as festas olímpica e paraolímpica, bem como, melhorado a mobilidade
urbana com os BRTs, mesmo não sendo esse o modelo mais correto para a nossa
cidade.
Se tudo ocorrer como o
esperado no domingo, segunda-feira estaremos iniciando a disputa de segundo
turno entre Crivella e Pedro Paulo e aí, terei que escolher quem eu julgo o
menos merda desses dois candidatos. Diante da minha história política, não
posso jamais trazer de volta ao comando executivo, a família Garotinho. Os
malefícios que essa cidade trouxe para o nosso estado e consequentemente para a
nossa cidade foram tamanhos, que qualquer um que tenha o seu apoio não merece o
meu voto. Logo, apertarei 15 no segundo turno no final do mês, odiando muito os
políticos da minha cidade, por não terem me dado uma alternativa real, para que
eu não precisasse eleger um espancador de mulheres e a corja do PMDB novamente.
Assim, espero que você
que se der ao trabalho de ler este texto até o final, pense simplesmente que
seu voto fará diferença, que você precisa pensar não somente em você, mas
também na cidade como um todo, não só no seu nicho, mas também naqueles lugares
que você não faz nem ideia de que existam em nossa cidade. Não é só porque você
não pega ônibus que as alterações das linhas de ônibus não fazem diferença para
você. Não é só porque você não usa os hospitais públicos municipais que eles
não influem na sua vida. E assim por diante, você tem que pensar em tudo, em
todos, você precisa mesmo é pensar no coletivo, pensar no que possa realmente
mudar a vida de mais pessoas para melhor. Depois disso, qualquer que seja a sua
escolha, que ela realmente seja isso, um objeto de mudança para melhor da nossa
cidade, das nossas vidas e criadora de um futuro melhor. Que venha domingo, que
venham as eleições e no segundo turno a gente conversa mais.
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