Sobre
Política
Sinceramente, sou um cara
que tenho minhas posições políticas muito claras, meus posicionamentos são
sempre pautados no que foi a minha vida, tudo o que me fez ser quem eu sou,
tudo o que me trouxe até aqui, o que eu julgo certo e errado, o que eu penso do
mundo e o que eu quero para o futuro, aquilo onde eu acredito que o mundo vai
chegar, no que eu penso de uma sociedade justa, igualitária, onde todos terão
um futuro em condições de igualdade, sem que haja pessoas privilegiadas, somente
pelo fato delas terem nascido em determinado lugar, com determinado sexo, com
determinada cor, com determinada orientação sexual, com determinada religião,
com determinada capacidade física...
Muita gente fala que
futebol, política e religião não se discute, talvez por essa premissa burra e
pobre, que estejamos na situação política em que nos encontramos. Nós, filhos
das diretas, afinal, somos filhos de pessoas que lutaram e se envolveram
diretamente pelas diretas, nos distanciamos da política, por julgarmos que é
coisa de velho, coisa dos nossos pais, coisa ultrapassada, coisa que não nos
diz respeito. Por isso mesmo, hoje não temos lideranças jovens em nosso país,
não temos o envolvimento da juventude, não temos discussões abalizadas, não
temos pessoas com consciência política e muito menos com capacidade para
decidir o seu futuro e o futuro da nação.
Não posso generalizar,
pois ainda vejo alguns infelizes tentando fazer a diferença, com um senso
crítico, conseguindo fazer análises macro da política nacional, estadual e
municipal. Felizmente, ainda existem pessoas que pensam em tudo isso, que
conseguem ver um mundo melhor, onde a política é um instrumento para se
melhorar a vida da nação e não somente uma forma de se conseguir enriquecer,
levar vantagem, adquirir poder, mas sim, construir uma sociedade mais justa,
mais equilibrada e mais feliz para todos. Ainda existem esses infelizes, que
veem no estado democrático de direito, a simbolização da justiça, liberdade,
igualdade e fraternidade, da verdadeira democracia.
Quando deixamos de falar
sobre política, deixamos de falar de nós, deixamos de falar do país, da nação,
do futuro, de igualdade, de justiça, de segurança, de saúde, de educação, de
oportunidades, de visões de mundo, de vida, de morte, de certo, de errado, de
cultura, de infraestrutura, de economia, de ecologia, de meio ambiente, de tudo
aquilo que afeta a nossa vida, o nosso dia a dia, mas não só a nós, mas também
as pessoas a nossa volta e também pessoas que a gente nem pensa ou imagina que
existam, mas que habitam a mesma cidade, o mesmo estado ou o mesmo país que a
gente. Daí, abdicamos do nosso poder de escolha, do nosso poder de decisão, do
nosso poder de discernir o certo do errado e ao fazer isso, jogamos esse nosso
poder nas mãos de pessoas que sim, gostam de tudo isso, gostam não só de falar
de política, mas de se aproveitar da política em nosso dia a dia, mas não só
isso, gostam de levar vantagem do nosso sistema político.
Repare bem, que não estou
falando do nosso sistema político em si, mas sim da política em geral, de tudo
aquilo que nos afeta, da forma como imaginamos o mundo do nosso posicionamento
em relação a determinadas questões, a forma como vemos o mundo e a forma como
queremos que o mundo seja. Minhas visões dessas questões são muito peculiares,
já as expus em outros momentos aqui nesse espaço, você querendo, pode procurar
em outros textos meus sobre política e você verá o que eu penso de tudo isso.
Contudo, posso já
adiantar alguns pontos, sou um social democrata, o que por si só, já me coloca
sempre à esquerda nas discussões mais básicas. Acho que mulheres, negros,
pobres, deficientes, homossexuais e vários outros segmentos marginalizados da
sociedade devem ser abraçados pelo poder público e protegidos por ele das
mazelas que são produzidas por uma sociedade racista, machista, sexista,
homofóbica, preconceituosa e tudo o mais que temos de ruim, que nos impede de
sermos uma sociedade realmente justa e feliz.
A graça da política está
em opormos visões de mundo e ainda assim conseguirmos buscar um futuro coletivo
melhor para todos, embora eu não consiga ver como haver meritocracia em uma
sociedade que foi escravista até pouco mais de 120 anos e que discrimina e
exclui as pessoas que não se enquadram na sociedade, admito que não pode haver
só pessoas que concordem e pensem como eu, afinal, a divergência leva a
reflexão e embora não goste de radicalismos, nem à direita e nem à esquerda,
ainda assim, sei que numa sociedade, para o bem da política, são necessárias essas
linhas de pensamento.
Por isso mesmo, respeito
todas as formas de pensar em nome da saúde política de nossa sociedade. Embora,
na sociedade brasileira, ao menos agora, só tenhamos duas visões bem claras
para o senso comum das pessoas: ou você é esquerdopata ou então você é coxinha!
E isso está tornando a discussão política muito rasa, muito pobre e muito sem
sentido, afinal, se você não concorda com uma das visões, você obrigatoriamente
tem a outra, o que não é e nunca será verdade.
Uma pessoa tem uma forma
de pensar sobre um assunto e outra sobre outro assunto completamente diferente,
e ainda assim, não será possível dizer que ela sempre será conservadora,
reacionária, revolucionária, libertária ou qualquer outra forma de visão
rotulável. Somos humanos e por isso mesmo, complexos por natureza, podemos
julgar baseado em nossas experiências pessoais, nossa religião, nossa
orientação sexual, ou tantos outros aspectos, que torna praticamente impossível
de sermos rotulados.
Por exemplo, hoje vi uma
foto de um rapaz com um cartaz com os dizeres: “Gay for Trump”. Pra quem não
sabe, o sr. Donald Trump é um dos maiores críticos dos homossexuais, chegando a
compará-los com uma doença, contudo, embora eu não ache que o rapaz na foto
seja um homossexual, não por conta da sua aparência, mas sim por conta de não
crer que homossexuais apoiem esse senhor, ainda assim, acho que, caso algum
homossexual o apoie, seja justamente por conta de tudo o que eu falei, o
julgamento dele não se baseia apenas na sua orientação sexual, mas em diversas
outras facetas de sua personalidade que o fazem ser um ser humano com
capacidade política plena e que o levou ao julgamento de que o sr. Donald Trump
é o melhor candidato, que vai fazer mais por ele e pela sociedade estudinidense
em geral.
Enfim, por conta disso,
espero mesmo que depois dessa onda de pessimismo que estamos passando, essa
reação totalmente comum de aversão a política, aos políticos e tudo mais, que
possamos voltar a nos preocupar com isso, que possamos voltar a pensar em
política, discutir política, falar, debater, conversar, nos interessarmos mais
por política. Novamente, não estou falando do sistema político, pois esse eu
acredito já ter se esgotado e estar bem perto de um colapso, contudo, ainda
acho que a democracia é o melhor sistema.
Que, independente do
resultado das eleições desse domingo, ao final dessas eleições, possamos nos
concentrar no que realmente importa, que é buscarmos um projeto de país viável,
que abarque todos os segmentos da sociedade, que vise melhorar a vida de todos,
que busque a igualdade, a fraternidade, a liberdade e acima de tudo, a justiça
e a paz para o seu povo. Se percebermos que saber e entender política é muito
melhor que entender a fórmula de Báscara ou como funciona a teoria de separação
dos continentes e tantas outras matérias inúteis que jogam em cima dos jovens
da nossa sociedade, construiremos uma sociedade muito mais politizada e que
será capaz de realmente se autogovernar, ao invés de ficar de braços cruzados
vendo as mazelas que a afligem e não fazendo nada.
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