domingo, 30 de outubro de 2016

Sobre Política

Sobre Política

Sinceramente, sou um cara que tenho minhas posições políticas muito claras, meus posicionamentos são sempre pautados no que foi a minha vida, tudo o que me fez ser quem eu sou, tudo o que me trouxe até aqui, o que eu julgo certo e errado, o que eu penso do mundo e o que eu quero para o futuro, aquilo onde eu acredito que o mundo vai chegar, no que eu penso de uma sociedade justa, igualitária, onde todos terão um futuro em condições de igualdade, sem que haja pessoas privilegiadas, somente pelo fato delas terem nascido em determinado lugar, com determinado sexo, com determinada cor, com determinada orientação sexual, com determinada religião, com determinada capacidade física...
Muita gente fala que futebol, política e religião não se discute, talvez por essa premissa burra e pobre, que estejamos na situação política em que nos encontramos. Nós, filhos das diretas, afinal, somos filhos de pessoas que lutaram e se envolveram diretamente pelas diretas, nos distanciamos da política, por julgarmos que é coisa de velho, coisa dos nossos pais, coisa ultrapassada, coisa que não nos diz respeito. Por isso mesmo, hoje não temos lideranças jovens em nosso país, não temos o envolvimento da juventude, não temos discussões abalizadas, não temos pessoas com consciência política e muito menos com capacidade para decidir o seu futuro e o futuro da nação.
Não posso generalizar, pois ainda vejo alguns infelizes tentando fazer a diferença, com um senso crítico, conseguindo fazer análises macro da política nacional, estadual e municipal. Felizmente, ainda existem pessoas que pensam em tudo isso, que conseguem ver um mundo melhor, onde a política é um instrumento para se melhorar a vida da nação e não somente uma forma de se conseguir enriquecer, levar vantagem, adquirir poder, mas sim, construir uma sociedade mais justa, mais equilibrada e mais feliz para todos. Ainda existem esses infelizes, que veem no estado democrático de direito, a simbolização da justiça, liberdade, igualdade e fraternidade, da verdadeira democracia.
Quando deixamos de falar sobre política, deixamos de falar de nós, deixamos de falar do país, da nação, do futuro, de igualdade, de justiça, de segurança, de saúde, de educação, de oportunidades, de visões de mundo, de vida, de morte, de certo, de errado, de cultura, de infraestrutura, de economia, de ecologia, de meio ambiente, de tudo aquilo que afeta a nossa vida, o nosso dia a dia, mas não só a nós, mas também as pessoas a nossa volta e também pessoas que a gente nem pensa ou imagina que existam, mas que habitam a mesma cidade, o mesmo estado ou o mesmo país que a gente. Daí, abdicamos do nosso poder de escolha, do nosso poder de decisão, do nosso poder de discernir o certo do errado e ao fazer isso, jogamos esse nosso poder nas mãos de pessoas que sim, gostam de tudo isso, gostam não só de falar de política, mas de se aproveitar da política em nosso dia a dia, mas não só isso, gostam de levar vantagem do nosso sistema político.
Repare bem, que não estou falando do nosso sistema político em si, mas sim da política em geral, de tudo aquilo que nos afeta, da forma como imaginamos o mundo do nosso posicionamento em relação a determinadas questões, a forma como vemos o mundo e a forma como queremos que o mundo seja. Minhas visões dessas questões são muito peculiares, já as expus em outros momentos aqui nesse espaço, você querendo, pode procurar em outros textos meus sobre política e você verá o que eu penso de tudo isso.
Contudo, posso já adiantar alguns pontos, sou um social democrata, o que por si só, já me coloca sempre à esquerda nas discussões mais básicas. Acho que mulheres, negros, pobres, deficientes, homossexuais e vários outros segmentos marginalizados da sociedade devem ser abraçados pelo poder público e protegidos por ele das mazelas que são produzidas por uma sociedade racista, machista, sexista, homofóbica, preconceituosa e tudo o mais que temos de ruim, que nos impede de sermos uma sociedade realmente justa e feliz.
A graça da política está em opormos visões de mundo e ainda assim conseguirmos buscar um futuro coletivo melhor para todos, embora eu não consiga ver como haver meritocracia em uma sociedade que foi escravista até pouco mais de 120 anos e que discrimina e exclui as pessoas que não se enquadram na sociedade, admito que não pode haver só pessoas que concordem e pensem como eu, afinal, a divergência leva a reflexão e embora não goste de radicalismos, nem à direita e nem à esquerda, ainda assim, sei que numa sociedade, para o bem da política, são necessárias essas linhas de pensamento.
Por isso mesmo, respeito todas as formas de pensar em nome da saúde política de nossa sociedade. Embora, na sociedade brasileira, ao menos agora, só tenhamos duas visões bem claras para o senso comum das pessoas: ou você é esquerdopata ou então você é coxinha! E isso está tornando a discussão política muito rasa, muito pobre e muito sem sentido, afinal, se você não concorda com uma das visões, você obrigatoriamente tem a outra, o que não é e nunca será verdade.
Uma pessoa tem uma forma de pensar sobre um assunto e outra sobre outro assunto completamente diferente, e ainda assim, não será possível dizer que ela sempre será conservadora, reacionária, revolucionária, libertária ou qualquer outra forma de visão rotulável. Somos humanos e por isso mesmo, complexos por natureza, podemos julgar baseado em nossas experiências pessoais, nossa religião, nossa orientação sexual, ou tantos outros aspectos, que torna praticamente impossível de sermos rotulados.
Por exemplo, hoje vi uma foto de um rapaz com um cartaz com os dizeres: “Gay for Trump”. Pra quem não sabe, o sr. Donald Trump é um dos maiores críticos dos homossexuais, chegando a compará-los com uma doença, contudo, embora eu não ache que o rapaz na foto seja um homossexual, não por conta da sua aparência, mas sim por conta de não crer que homossexuais apoiem esse senhor, ainda assim, acho que, caso algum homossexual o apoie, seja justamente por conta de tudo o que eu falei, o julgamento dele não se baseia apenas na sua orientação sexual, mas em diversas outras facetas de sua personalidade que o fazem ser um ser humano com capacidade política plena e que o levou ao julgamento de que o sr. Donald Trump é o melhor candidato, que vai fazer mais por ele e pela sociedade estudinidense em geral.
Enfim, por conta disso, espero mesmo que depois dessa onda de pessimismo que estamos passando, essa reação totalmente comum de aversão a política, aos políticos e tudo mais, que possamos voltar a nos preocupar com isso, que possamos voltar a pensar em política, discutir política, falar, debater, conversar, nos interessarmos mais por política. Novamente, não estou falando do sistema político, pois esse eu acredito já ter se esgotado e estar bem perto de um colapso, contudo, ainda acho que a democracia é o melhor sistema.
Que, independente do resultado das eleições desse domingo, ao final dessas eleições, possamos nos concentrar no que realmente importa, que é buscarmos um projeto de país viável, que abarque todos os segmentos da sociedade, que vise melhorar a vida de todos, que busque a igualdade, a fraternidade, a liberdade e acima de tudo, a justiça e a paz para o seu povo. Se percebermos que saber e entender política é muito melhor que entender a fórmula de Báscara ou como funciona a teoria de separação dos continentes e tantas outras matérias inúteis que jogam em cima dos jovens da nossa sociedade, construiremos uma sociedade muito mais politizada e que será capaz de realmente se autogovernar, ao invés de ficar de braços cruzados vendo as mazelas que a afligem e não fazendo nada.

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