terça-feira, 25 de outubro de 2016

Um Caderno E Meio

Um Caderno E Meio

Já enchi um caderno e meio de poemas em seu nome
Mas cadê a coragem para te dedicar os meus escritos
Penso que eles não merecem ser vistos pelos seus olhos
Pra mim, todos eles deviam ser proscritos

Afinal, eu não sou poeta e nem tenho talento
Só me dou ao trabalho de narrar todas as minhas desventuras
Com isso, quem sabe eu demonstro meus sentimentos
Tentando assim, quebrar as suas arcaicas estruturas

Já enchi um caderno e meio de bobagens
Sentimentos mal correspondidos, coisa e tal
Agindo até com uma certa irresponsabilidade
Até certo ponto, uma anormalidade sentimental

Queria poder controlar os meus sentimentos
Para que me fosse menos afável
Não me fechar tanto em conceitos herméticos
Deixar ebulir algo agradável

Já enchi um caderno e meio de devaneios
Crendo que você teria ao menos noção da realidade
Eu te quero em minha vida, mesmo quando você foge
É essa a minha grande verdade

Quando eclode em mim o sentimento
O papel acolhe os meus pensamentos vadios
Mas enquanto eu catarso minha sentimentalidade
Deixo os meus canais lacrimais vazios

Já enchi um caderno e meio de mentiras
Daquelas que se fala para enganar alguém
Me pego tentando ser aquilo que eu não sou
Acontece que eu sou péssimo, não engano ninguém

Daí meus poemas não merecerem mais do que lágrimas
Ou páginas amassadas de um caderno esquecido no armário
Daqueles que vão ocupar espaço por uma vida inteira
Tal qual pássaros gordos em um campanário

Já enchi um caderno e meio de vontade de você
Mas a vergonha de te mostrar é maior
O sentimento de culpa me corrói
Não sei então qual dor é pior

A dor de não te mostrar o que eu sinto
Ou a de não conseguir te convencer
A dor de estar deixando você ir embora
Ou a de não poder pra mim te suster

Já enchi um caderno e meio de desleixo
Do tipo que não faz bem a quem sente
Eram frases desconexas e sem sentido
Obras de uma pobre mente doente

A doença foi causada pelos sentimentos não correspondidos
Me fazendo preferir viver num mundo imaginado
Onde só nós dois habitávamos
E que pouco a pouco foi sendo desmantelado

Já enchi um caderno e meio de você
Mas me pego pensando qual a causa disso
Se você não quer no fim das contas realmente estar comigo
Se você não pensa em mim pra compromisso

Se você só quer de mim a parte boa de um casal
Não está disposta aos reais sacrifícios
Não pensa que é bom amar demais
Prefere se entregar a outros vícios

Já enchi um caderno e meio do que eu não quero mais
E agora só penso em como jogar isso tudo fora
Não teria lixeira grande suficiente
Para mandar esse sentimento embora

É tanta coisa boa que eu sinto
Mas nada é por ti correspondido
Melhor queimar tudo no fogo alto
Melhor mostrá-lo, para não acabar arrependido




Nenhum comentário:

Postar um comentário