Seu
Voto Nulo Não Valeu De Nada
Não me omiti, não me
calei, não me fechei, não fiquei em cima do muro e muito menos me escondi.
Tomei uma decisão, fiz uma escolha, escolhi um lado, pensei no que seria melhor
para mim e para os outros, achei uma saída de uma situação que muitos julgaram
sem saída, pesei o que seria menos penoso para mim e para a minha cidade, o que
seria menos pior para todos, o que poderia ser menos prejudicial a nós, embora
eu soubesse e ainda saiba que nada disso iria adiantar, com o nosso sistema
político corrompido, ainda mais numa cidade onde os políticos costumam estar
envolvidos em esquemas de corrupção, embora nunca se prove nada contra eles,
pois eles são julgados por pessoas que eles mesmos indicaram.
Mas como eu disse, eu não
quis me omitir, não quis ficar em cima do muro, precisei tomar uma decisão,
precisei agir, não seria eu, se ficasse de braços cruzados apenas vendo o circo
pegar fogo, eu tinha que tomar partido, tinha que ir para algum dos lados da
balança, precisava sim agir e aceitar que uma das opções ainda seria válida,
embora nenhuma delas me apetecesse. Eu apenas acabei lidando com a minha
consciência, sabendo que precisaria e muito, por muito e muito tempo ainda,
lidar com a escolha de não fazer uma opção, de deixar outros escolherem por
mim.
Não sou contra a
democracia, muito pelo contrário, sou defensor dela e do estado democrático de
direito e por isso mesmo, referendo o resultado das urnas, Crivella será o
nosso prefeito, pelos próximos quatro anos, ao menos se a Globo e a grande
mídia acharem que ele não deve se manter assim. Contudo, embora ele não tenha
sido o meu candidato, em nenhum dos turnos, ele nunca ter sido e nunca será uma
opção para mim, espero e anseio para que ele faça um grande governo, que
corresponda as necessidades que nossa cidade precisa enfrentar, para acabar com
as suas mazelas.
Ocorre que, meu problema
é com quem justamente tem um discurso falso moralista, de que por não concordar
com nenhum dos dois candidatos, preferiu se omitir. Isso é burrice, você
delegou para outros o controle da sua vida, da cidade e consequentemente, da
vida dos outros. Não, você não está deixando de compactuar com qualquer dos
candidatos ou dos políticos fazendo isso, você está apenas sendo conivente com
qualquer coisa que aconteça, para o bem e para o mal, com o governante eleito,
afinal, você abriu mão do seu poder de escolha, você abriu mão da sua
capacidade de decisão e passou esse poder para qualquer pessoa que quis decidir
por você.
Claro que vale a
reflexão, tivemos um terço dos votos brancos, nulos e abstenções, um terço das
pessoas de nossa cidade abriram mão do seu poder de decidir, do seu livre
arbítrio, do seu poder de escolha e isso merece ser analisado, afinal, mostra
que na nossa cidade nenhum dos candidatos realmente foi viável, afinal, nenhum
deles conseguiu um número expressivo de votos, contudo, para o segundo turno,
foram só duas opções, o Crivella e o Freixo, e suas opções eram só essas. Não
dava pra falar de outros, os que ficaram pelo caminho não eram melhores do que
esses, senão teriam ido adiante.
Porém, vocês que querem
se “eximir” de culpa, podem ter certeza, a culpa também é de vocês, vocês não
escolheram ninguém, ou seja para vocês, tanto fez como tanto faz e daí, não
lhes dará direito de discutir, de argumentar qualquer coisa sobre a política de
nossa cidade pelos próximos 4 anos. Não é questão de radicalismo, é questão de
que o nosso jogo político é assim, a gente precisa escolher, simples assim. Não
dá para dizer que nada nem ninguém te representa, isso é uma coisa que não faz
sentido, você precisa entender que o nosso sistema é esse, alguém vai ser
eleito, independente do que você faça.
E qualquer coisa mesmo
que você faça não irá mudar esse fato. Precisamos mesmo de encarar o fato de
que sempre haverá alguém sendo eleito, sempre teremos um representante. Aquela
balela de que se tivermos mais votos inválidos que votos válidos, a eleição será
anulada, é muito errada. Uma eleição só será anulada se houver cem porcento de
votos anulados e nós sabemos que isso não irá ocorrer, uma vez que nenhum
candidato vai deixar de votar em si mesmo. Então, parem com essa loucura de
anular uma eleição assim.
Só podemos mudar tudo de
duas formas em nosso sistema: ou pelo voto ou pela revolução. Sabemos que não
haverá uma revolução no Brasil tão cedo, pois como falei no outro texto sobre
política, nós não temos lideranças jovens, não discutimos política e temos
pouco interesse sobre o tema, dessa forma, não iremos, mesmo, criar novas
opções de políticos, novas opções de políticas, até porque, quando tivemos essa
opção, ao menos aqui no Rio, jogamos fora a possibilidade de um político que
faz a nova política.
Eu não sou defensor do
Freixo, não gosto dele e tudo mais, mas diante do quadro que se apresentou,
achava que era a minha única opção. E vou amaldiçoar todos os políticos dessa
cidade por terem me feito votar no Freixo nesse segundo turno, contudo, ao
menos fui em frente, superei minhas restrições ao mesmo, para poder apertar 50
na cabine de votação, contudo, acho que tudo é culpa nossa, nós que não falamos
sobre política, não discutimos o assunto e não conseguimos criar novas figuras
para a nossa política. Assim, não odiemos os jogadores, odiemos o jogo. Se não
mudarmos a forma de se fazer política em nosso país, nada disso será diferente.
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