Fair
Play Do Amor
Acho que tá na hora de
fazermos um acordo. Sério mesmo, um acordo, quero propor um pacto. Vamos fazer
um fair play do amor. É bem prático, simples e doto mundo sai ganhando. A
partir de agora, a gente joga limpo no amor, não faz mais joguinho, não tem
mais essa de brincar de amor, a gente passa a ser sincero sempre. Quando gosta,
pega e diz que gosta, se for só atração, também pega e diz, se não estiver
sentindo nada, aí, mais ainda que chega e diz. Não tem mais aquela de iludir,
de brincar, de fingir, de enganar, de sacanear ou de se entreter com o outro,
de agora em diante a gente vai parar de usar, mentir, fingir e atuar, vai se
desnudar, vai se lançar, abrir o coração, mostrar a alma quando for falar de
amor.
Falo isso, pois a nossa
geração já passou da hora de aprender, de saber como se comportar, de saber
como agir e tal. Perdemos tanto tempo querendo ser o que não somos, viver o que
não somos, agir como não somos, que nos esquecemos do que é real, nos
esquecemos do que vale a pena, abrimos mão do que nos faz bem e feliz, para
vivermos sentimentos estéreis e vazios, deixamos de aproveitar momentos bons,
verdadeiros e reais, por pura mesquinharia e leviandade.
Então, estou aqui,
realmente para propor um pacto. Quero que a sinceridade seja a única opção, que
você pare de brincar de falsos amores, se envolver pelos motivos errados, pare
de tentar forçar relações sem futuro, dizer coisas que não sente, iludir alguém
para alimentar o seu ego, simplesmente pare com isso! Se jogue no que é
verdade, no que é real, não adianta ficar fingindo que algo é o que não é.
Se você não gosta de
alguém, pare de iludir a pessoa, não vale a pena. Vamos parar de gastar energia
com o que não devemos, vamos nos focar no que vale a pena. Você gosta de
alguém? Ótimo, faça de tudo para que a pessoa note, fale com ela, mostre que
você se importa, chama ela pra sair, pra viajar, pra sonhar, pra ser feliz...
Mas acima de tudo, seja sincero, abra o seu coração. Agora, caso você não goste
de alguém, diga também, diga para a pessoa que você não tá com interesse
amoroso, que você só quer passar um tempo, só quer curtir, se divertir. Vamos
dar, ao menos, as armas para que todos possam lutar de igual para igual, no
campo de batalha do amor.
Proponho isso, pois já me
cansei desse jogo sujo. Nunca fui muito afeito a ele, muito menos fui fã, mas
agora tá cada vez mais insuportável conviver nesse meio. Se eu me interesso por
alguém, quero aumentar meu convívio com a pessoa ao máximo. Chamo para jantar,
tomar um chopp, ir ao cinema, ir na praia, andar de bike, dar uma volta, tomar
sorvete, tomar um café, sair, ver a lua, passear no shopping, fazer uma trilha,
qualquer coisa que eu possa fazer com a pessoa, meramente para ter um momento a
mais com a pessoa. Algo que possa me permitir conhecer a pessoa um pouco mais,
de uma forma que eu possa conhecê-la melhor, ver o que rola, isso tudo na
esperança que a pessoa aceite o meu convite e corresponda a minha investida, é
claro.
Claro que ninguém é
obrigado a nada, só a ser sincero, dizer o que pensa acerca do assunto, se tá
afim, se não tá, se quer ou não, se só quer putaria ou não, se quer algo sério
ou não, tem que contar se têm traumas ou não, se tá disposto ou não, se vai
deixar rolar ou não. Mas tudo com sinceridade, sem joguinho. Não tenho mais
saco para mandar uma mensagem e a pessoa não responder, eu ligar e não atender,
ou então, a pessoa só responder tempos depois. Sou do tipo que gosto de
instantaneidade e espontaneidade, você chama para sair e a pessoa responde
vamos. Você convida para um chopp e a pessoa diz que vai te esperar com o seu
já pago. Gosto de pessoas práticas.
Nossa geração realmente
está perdendo a oportunidade de ser feliz, de fazer diferente, de mudar o jogo,
estamos abrindo mão de simplificar a coisa. Transformamos tudo num jogo burro
de poder, onde quem demonstra mais desinteresse, “ganha”. Mas no fim das
contas, ambos saem perdendo. Sobre esse tema, assisti um vídeo da vlogger Jout
Jout esses dias, no qual ela falava justamente das pessoas que curtem fazer
joguinhos e as que não gostam. Que para uma pessoa que não gosta de joguinho,
quando alguém faz joguinho e mostra desinteresse, para quem não curte
joguinhos, só vê exatamente como isso, só desinteresse.
É estranha essa lógica
das pessoas que gostam de fazer joguinhos, afinal, desde quando você mostrar
desinteresse vai fazer alguém achar que você está afim dela?! É uma situação
meio sadomasoquista?! Afinal, se a pessoa demonstra desinteresse de você, você
pega e vai com mais afinco pra cima dela, para que, quem sabe assim, ela
resolva gostar de você?! Não faz sentido isso, pessoa, tenha certeza disso.
Qualquer pessoa em sã consciência, quando alguém caga para ela, tende a
simplesmente mandar a pessoa pro quinto dos infernos e vai à luta de novo, em
busca de uma nova pessoa que possa apetecer o seu coração e suas vontades.
Gostaria aqui, de
salientar, que não é porque estou propondo sinceridade e que não se façam
joguinhos, que as pessoas que pensam e agem assim, sem joguinhos, dizendo
exatamente o que querem e o que pensam, estão desesperadas, não é isso, muito
pelo contrário, elas estão apenas cansadas e de saco cheio de perder tempo com
o que não vale a pena, alimentando sentimentos levianos. Nós, e aí me incluo
dentre esses, já sabemos o que queremos ou não, aquilo que gostamos ou não e
também o que conseguimos aturar ou não em nossas vidas. Aí, então, a gente abre
mão de certas vaidades. Se uma pessoa liga, a gente atende, se manda mensagem, logo
respondemos, se nos chamam para sair, aceitamos, se demonstram interesse, a
gente pega e corresponde.
Para pessoas que não
gostam de joguinhos, a coisa é simples, não tem essa de criar problemas ou
problematizar o simples, o sim é sim, o não é não e o talvez não é coisa
alguma. Não temos tempo a perder, queremos a felicidade e queremos pra agora,
já paramos com as ideias de aceitarmos coisas pela metade. Para nós, é: quem
sabe faz a hora, e não espera acontecer para a chance não ir embora. Nós nos
jogamos de cabeça e pronto. Não tem mais essa de talvez, quem sabe ou qualquer
coisa do tipo. Nós já cometemos os nossos erros, já tivemos nossa cota de
burradas alcançadas, já amamos e fomos amados, agora estamos no momento de
sermos felizes, estamos buscando encontrar alguém que nos acompanhe na
caminhada e não quem nos desvie do caminho.
Claro que podemos cometer
erros ainda, ninguém é infalível ou tem certeza de tudo. Ainda apostamos,
corremos riscos, mas tentamos reduzi-los, nos valendo da verdade como filtro, a
gente acaba selecionando melhor, conseguindo conduzir as coisas de uma forma
simples e mais direta, não deixando pontas soltas, apenas buscando a felicidade
e tornando ela um objetivo para os dois, afinal em um casal, um tem que por a
felicidade do outro em primeiro lugar, é abrir mão de vaidades, de
individualismo, a partir do momento que se torna um casal, a questão é essa,
fazer o companheiro feliz.
Então é isso, proponho um
pacto para salvar a nossa geração do fracasso amoroso, da solidão à dois, do
egoísmo e do individualismo sentimental, para que voltemos ao trilho da
normalidade, para o bem da nossa sociedade e a perpetuação da espécie, afinal,
se as pessoas não conseguem construir relações sinceras, como vão procriar?
Vamos fazer o fair play do amor, pois só assim vamos mudar o jogo, só assim
vamos realmente encontrar a felicidade. Não tem mais essa de joguinho, de
fingir, omitir, brincar, burlar, enganar, atuar, mentir, nada disso... Vamos
apenas dizer a verdade, abrir o coração, jogar limpo, se apegar somente ao
amor, sentimentos bons... Afinal, amor é doação, é sinceridade, é coração, é
certeza, o amor é pureza, não é um joguinho ou algo do tipo, então, seja justo,
haja de forma limpa que o resto acontece naturalmente.
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