O
Animal Que Me Habita
Ouvi um bater de asas no
interior de mim
Sabia que algo estava
vivo aqui dentro
Um ser sombrio, com
hálito gelado se levantava
É o típico ser da noite
que eu não recomendo
Com o chacoalhar de sua
cauda causa arrepio
O seu olhar firme causa
extremo desconforto
O torpor que seu
movimentar gera
Sua presença é fria, como
se estivesse morto
Rasteja como um réptil
buscando encontrar um bom lugar
Estica suas asas como se
fosse uma irreverência
Este sim era o seu
despertar sombrio
Assim de um calabouço
fétido e cinza, emergia minha consciência
Afiando as garras nas
paredes sujas
O animal em mim se
espreguiçava
Demonstrando toda a sua
inquietação selvagem
Era uma típica noite onde
ele caçava
Assim é o mundo sombrio
da minha mente
Onde um ser obscuro
habita e se apodera
Um ser capaz de provocar
os mais temíveis pensamentos
Daqueles que inimaginável
pondera
Esse ser está no covil
mais fundo da minha alma
Mas sempre que possível
ele se liberta
É um animal que sente
cheiro de sangue
Por isso mesmo que ele
dispara o alerta
Como qualquer predador
que se prese
Ele não gosta de se
sentir provocado
Só consegue pensar nos
sortilégios a infligir
Agora se mostra um pouco
entediado
Quer se divertir com as
maldades que a noite permite
A lua tem um efeito
hipnotizante
Gosta de sentir o luar
sobre a pele
Sonhando em causar dor
agonizante
Quando o animal assume,
não há o que fazer
Só deixar ele ser o que
ele realmente é
Um assassino cruel e
impiedoso
Capaz de fazer tudo
aquilo que quiser
Aí, poucos percebem que
minha fisionomia muda
Meu falar e meu olhar se
modificam
Minha postura passa a ser
de um predador implacável
Desejos por sangue se
intensificam
Daí, sente-se um próprio
tubarão
Bota os dentes pra fora e
tudo
Procurando alguém para
brincar
O animal quer sair para o
mundo
Deixo-me levar pela
alegria soturna que o animal proporciona
Não há nada de errado em ter
um lado sombrio
O problema maior é você
não saber como lidar com o todo
O animal é a maldade
interior que por vezes ludibrio
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