quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O Animal Que Me Habita

O Animal Que Me Habita

Ouvi um bater de asas no interior de mim
Sabia que algo estava vivo aqui dentro
Um ser sombrio, com hálito gelado se levantava
É o típico ser da noite que eu não recomendo

Com o chacoalhar de sua cauda causa arrepio
O seu olhar firme causa extremo desconforto
O torpor que seu movimentar gera
Sua presença é fria, como se estivesse morto

Rasteja como um réptil buscando encontrar um bom lugar
Estica suas asas como se fosse uma irreverência
Este sim era o seu despertar sombrio
Assim de um calabouço fétido e cinza, emergia minha consciência

Afiando as garras nas paredes sujas
O animal em mim se espreguiçava
Demonstrando toda a sua inquietação selvagem
Era uma típica noite onde ele caçava

Assim é o mundo sombrio da minha mente
Onde um ser obscuro habita e se apodera
Um ser capaz de provocar os mais temíveis pensamentos
Daqueles que inimaginável pondera

Esse ser está no covil mais fundo da minha alma
Mas sempre que possível ele se liberta
É um animal que sente cheiro de sangue
Por isso mesmo que ele dispara o alerta

Como qualquer predador que se prese
Ele não gosta de se sentir provocado
Só consegue pensar nos sortilégios a infligir
Agora se mostra um pouco entediado

Quer se divertir com as maldades que a noite permite
A lua tem um efeito hipnotizante
Gosta de sentir o luar sobre a pele
Sonhando em causar dor agonizante

Quando o animal assume, não há o que fazer
Só deixar ele ser o que ele realmente é
Um assassino cruel e impiedoso
Capaz de fazer tudo aquilo que quiser

Aí, poucos percebem que minha fisionomia muda
Meu falar e meu olhar se modificam
Minha postura passa a ser de um predador implacável
Desejos por sangue se intensificam

Daí, sente-se um próprio tubarão
Bota os dentes pra fora e tudo
Procurando alguém para brincar
O animal quer sair para o mundo

Deixo-me levar pela alegria soturna que o animal proporciona
Não há nada de errado em ter um lado sombrio
O problema maior é você não saber como lidar com o todo
O animal é a maldade interior que por vezes ludibrio

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