sábado, 24 de setembro de 2016

A Noite

A Noite

A noite se fazia presente a cada instante
Era ela a minha melhor companhia
Me permitia ver tudo à minha volta
Seu toque frio era onipresente e brilhante

Os sons arrepiantes e os gritos agudos
Afligiam a todos, causando agonia
A noite assim saía para brincar
Procurando por amigos, afortunados e sortudos

A lua, tal qual uma ferida aberta
Incomoda aos olhos menos atentos
Que se fecham para o seu bailado sexy
Assim como a bailarina numa dança certa

O manto negro cobria toda a cidade
E isso era um convite para todo tipo de facínora
Assassinos, estupradores e salafrários
Viam a noite com cumplicidade

Poucas pessoas de bem se arriscavam a sair
Sabiam que a noite pertence aos anjos caídos
Eu sou daqueles loucos que se arriscam
A noite era ótima para eu me distrair

Me esgueirava nas sombras para não chamar a atenção
Os tons pastéis e as pinturas opacas me abraçam
Tornando mais fácil o meu caminho tortuoso
Manter o anonimato, essa era a intensão

A noite sabe que pode ser impiedosa com desavisados
Ela brinca com os fracos, os solitários e os medrosos
Ela maltrata, humilha e aterroriza
Fazendo todos se sentirem coitados

A noite é boa para quem é bom com ela
O tipo de amante que te suga, te consome
Te usa, abusa e depois some
Mas a noite nunca é ingrata com quem gosta dela

A noite é vaidosa e se enfeita
E desse jeito ela atrai os seus amantes
Busca as almas mais impressionáveis
Busca as mentes mais imperfeitas

Aceite a noite em sua vida
O seu lado sombrio deve ser alimentado
De noite, qualquer gato vira pardo
A noite é bela e te convida

Venha brincar, madrugada a dentro
Com os tipos mais bizarros e soturnos
Dentre prostitutas e malandros
Ordinários, desvalidos e lazarentos

A noite beija quem se apaixona
Beija também quem se odeia
A noite é uma megera dramática
É aquela que a quem liberta, ela aprisiona

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