terça-feira, 2 de abril de 2019

Adstringente


Adstringente

Verti a lágrima transparente
Ela se contrastava com a minha pele escura
Eu nem sabia porque chorava
Apenas me vinha a necessidade de cura

A dor lancinante e perene
Não era do corpo frágil, mas sim da alma
Consumia o pouco de sanidade que eu ainda tinha
Que me escorria por entre os dedos pela palma

Pobre de mim, que me sinto sozinho
Nesse mundo tão grande e cheio de gente
Mas de nada me server companhias vazias
Eu busco um contato próximo, adstringente

Enquanto todos seguem sob o peso da ganância
Eu me distancio dessas pobres pessoas
Que sobrevivem e não vivem de verdade
Esperando apenas receberem as loas

Mas eu sofro com a dor alheia
Com tantas vidas assim, desperdiçadas
Com tantos sonhos, por aí, interrompidos
Por tantas fúrias mitigadas

As lágrimas caem dos meus olhos
E meu coração sangra em meu peito
Tento salvar cada alma que sofre
Evitando assim que eu esteja putrefeito

Carrego a minha cruz em busca salvação
Tentando salvar cada um que cruza o meu caminho
O descanso que eu busco tem que ser coletivo
Afinal ninguém veio ao mundo para ser feliz sozinho

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