Procura-se
Poetas Negros
O Instituto Moreira Salles, um dos maiores promotores
de cultura e arte em nosso país, resolveu fazer um evento chamado “Oficina
Irritada (poetas falam)”, onde 18 poetas foram escolhidos para trocarem
opiniões sobre diversos assuntos.
Apesar de negro, não sou dos poetas que evoca essa
temática para o seu trabalho, trato do tema sempre quando ele aparece para mim
como inspiração e como forma de promover um real debate sobre o tema, sem me
promover em cima do mesmo. Ocorre, que embora não seja a maior voz sobre o
assunto, sempre que vejo necessidade, gosto de me manifestar a respeito.
E venho aqui falar, depois de passar um fim de semana
imerso em poesia de periferia, poesia negra, poesia de gente humilde, mas que
não fica a dever em nada a poesia feita por qualquer um dos poetas convidados
para o referido evento.
Estou falando da FLIPortela! Um evento promovido e
organizado pela grande Portela, a escola de samba Azul e Branca de Madureira. E
nesse espaço, pude perceber que o que não falta é gente negra fazendo poesia
hoje em dia. Então, me pergunto, será que faltou procurar ou não quiseram procurar
mesmo?!
Não estou aqui reivindicando algo para mim. De forma
alguma, até porque, não me considero alguém que faria a diferença no referido
espaço. Porém, acho que abrir espaço para poetas negros não é uma questão de
representatividade, mas sim de reconhecimento. Ou vamos falar que Conceição
Evaristo, Cristiane Sobral, Ricardo Aleixo, Ronald Augusto, Haroldo Cesar e
Elisa Lucinda não têm qualidade poética para serem considerados para tal
evento?
Então, me questiono, se eles não encontraram poetas negros
foi por não terem procurado ou por que não quiseram procurar direito? Fora os
poetas famosos, que vendem milhares de livros, temos diversos poetas marginais
e poetas populares que não são de conhecimento do grande público, mas que
engrandeceriam e muito aquele evento.
Poesia é uma manifestação literária que carrega muito
do autor para as suas palavras, para o seu discurso. Sendo assim, termos
representatividade de negros, mulheres, índios, nordestinos e pessoas que não
sejam da “grande elite” desse país, é importante.
Que demos mais ouvidos àqueles que não têm espaço para
falar, que ouçamos os pobres, os desvalidos, os marginalizados, os sofridos...
Quem sabe assim, paremos de achar que é questão de representatividade e
passemos a achar que é uma questão de justiça essas vozes estarem sob os
holofotes também? Viva aos poetas negros, viva a cultura popular e viva a
diversidade brasileira!
Nenhum comentário:
Postar um comentário