quarta-feira, 24 de abril de 2019

Procura-se Poetas Negros


Procura-se Poetas Negros

O Instituto Moreira Salles, um dos maiores promotores de cultura e arte em nosso país, resolveu fazer um evento chamado “Oficina Irritada (poetas falam)”, onde 18 poetas foram escolhidos para trocarem opiniões sobre diversos assuntos.
Apesar de negro, não sou dos poetas que evoca essa temática para o seu trabalho, trato do tema sempre quando ele aparece para mim como inspiração e como forma de promover um real debate sobre o tema, sem me promover em cima do mesmo. Ocorre, que embora não seja a maior voz sobre o assunto, sempre que vejo necessidade, gosto de me manifestar a respeito.
E venho aqui falar, depois de passar um fim de semana imerso em poesia de periferia, poesia negra, poesia de gente humilde, mas que não fica a dever em nada a poesia feita por qualquer um dos poetas convidados para o referido evento.
Estou falando da FLIPortela! Um evento promovido e organizado pela grande Portela, a escola de samba Azul e Branca de Madureira. E nesse espaço, pude perceber que o que não falta é gente negra fazendo poesia hoje em dia. Então, me pergunto, será que faltou procurar ou não quiseram procurar mesmo?!
Não estou aqui reivindicando algo para mim. De forma alguma, até porque, não me considero alguém que faria a diferença no referido espaço. Porém, acho que abrir espaço para poetas negros não é uma questão de representatividade, mas sim de reconhecimento. Ou vamos falar que Conceição Evaristo, Cristiane Sobral, Ricardo Aleixo, Ronald Augusto, Haroldo Cesar e Elisa Lucinda não têm qualidade poética para serem considerados para tal evento?
Então, me questiono, se eles não encontraram poetas negros foi por não terem procurado ou por que não quiseram procurar direito? Fora os poetas famosos, que vendem milhares de livros, temos diversos poetas marginais e poetas populares que não são de conhecimento do grande público, mas que engrandeceriam e muito aquele evento.
Poesia é uma manifestação literária que carrega muito do autor para as suas palavras, para o seu discurso. Sendo assim, termos representatividade de negros, mulheres, índios, nordestinos e pessoas que não sejam da “grande elite” desse país, é importante.
Que demos mais ouvidos àqueles que não têm espaço para falar, que ouçamos os pobres, os desvalidos, os marginalizados, os sofridos... Quem sabe assim, paremos de achar que é questão de representatividade e passemos a achar que é uma questão de justiça essas vozes estarem sob os holofotes também? Viva aos poetas negros, viva a cultura popular e viva a diversidade brasileira!

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