O
Poeta Louco
Parece ser só tristeza, mas na verdade é efeito
colateral
Os entorpecentes já não trazem mais euforia
O cheiro que sente em suas narinas é de morte
Sua mente já vagueia por aí vazia
O coração já lhe pesa no peito como bigorna
O respirar já lhe é custoso e dolorido
Arrasta-se por toda a casa como um fantasma
Ninguém percebe o quanto ele tem sofrido
Os seus manuscritos lhe fazem companhia
E servem de alerta aos que com ele habitam
Mas fazem pouco caso dos seus relatos
Em seus pedidos de ajuda, não acreditam
O pobre homem vive assim com a sua dor
Chorando pelos cantos, sozinho e abandonado
Passando a ouvir vozes e escrever poemas
Como se o mal fosse por ele negado
Mas todo poeta se une a melancolia
Sofre no escuro profundo da sua alma amargurada
Lamenta as dores em que se fez partícipe
Deixa seus textos como mensagem a pessoa amada
Porém, ninguém realmente entende o poeta
Fingindo saber o que fala quando une caneta e papel
Acreditando que transformando a tristeza em poesia
Assim deixará de sentir o gosto de fel
Filtra o amargo do mundo com seu corpo
Transpondo assim, uma alegria para suas palavras
Proferindo por aí, belas palavras de amor e bondade
Que o seu interlocutor não entende e não lavra
E assim vive o poeta diante de um mundo cão
Entorpecendo-se para buscar serenidade sentimental
Fazendo do amor o seu bem maior
E sendo tratado de louco no final
Nenhum comentário:
Postar um comentário