sábado, 6 de abril de 2019

O Poeta Louco


O Poeta Louco

Parece ser só tristeza, mas na verdade é efeito colateral
Os entorpecentes já não trazem mais euforia
O cheiro que sente em suas narinas é de morte
Sua mente já vagueia por aí vazia

O coração já lhe pesa no peito como bigorna
O respirar já lhe é custoso e dolorido
Arrasta-se por toda a casa como um fantasma
Ninguém percebe o quanto ele tem sofrido

Os seus manuscritos lhe fazem companhia
E servem de alerta aos que com ele habitam
Mas fazem pouco caso dos seus relatos
Em seus pedidos de ajuda, não acreditam

O pobre homem vive assim com a sua dor
Chorando pelos cantos, sozinho e abandonado
Passando a ouvir vozes e escrever poemas
Como se o mal fosse por ele negado

Mas todo poeta se une a melancolia
Sofre no escuro profundo da sua alma amargurada
Lamenta as dores em que se fez partícipe
Deixa seus textos como mensagem a pessoa amada

Porém, ninguém realmente entende o poeta
Fingindo saber o que fala quando une caneta e papel
Acreditando que transformando a tristeza em poesia
Assim deixará de sentir o gosto de fel

Filtra o amargo do mundo com seu corpo
Transpondo assim, uma alegria para suas palavras
Proferindo por aí, belas palavras de amor e bondade
Que o seu interlocutor não entende e não lavra

E assim vive o poeta diante de um mundo cão
Entorpecendo-se para buscar serenidade sentimental
Fazendo do amor o seu bem maior
E sendo tratado de louco no final

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