365 Dias

365 Dias

Mais um dia sem resposta

Já são 365 desde então

Tiros calaram sua voz

Mas você não morreu em vão

Afinal, sua ausência se faz presente

Ainda mais nas vidas dos desassistidos

Acovardados por bandidos fardados

Resta a nós os sentimentos ressentidos

O seu grito aqui ainda ecoa

Em mulheres, negros e pobres

Não tem essa de direita ou esquerda

O preço de uma vida não se cobre

Atentado irreparável ao Estado de Direito

Crime organizado contra um estado à deriva

Criminosos agindo com a anuência de poderosos

Enquanto muita gente ainda se esquiva

Mais um mar de Marielles

Em meio à crimes ainda insolúveis

Choram Marias e Joãos pelos seus

Que se perdem em soluções volúveis

Mais armas para matar

Mais corpos pelo chão

Vida de favelado não conta

Matar pobre virou solução

Enquanto o assassino mora em casa de luxo

E miliciano é tratado como herói por alguns

Seguimos o extermínio da juventude negra

Morrem mais cidadãos comuns

E não há mais você lá por eles para lutar

Nesse estado constante de quem cala consente

Ainda tem gente aqui para se levantar

E gritar alto e forte: Marielle Presente!