sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Distantes


Distantes

Estavam tão perto um do outro
Dividiam a mesma cama
Mas seus corações já não se encontravam
Nem mesmo no curto espaço de um abraço
Onde seus peitos se roçavam
Contudo, pareciam estar dissonantes
Já não se reconheciam ao se verem
Percebiam, a cada dia a mais
Que já não se conheciam
Eram estranhos no próprio ninho
Depois de anos e anos a fio
Percebiam que o casamento já tinha acabado
Nem as músicas do Djavan os uniam mais
Nem as poesias bobas que se escreviam
Permitiram-se tomar pelo rancor
E todo prazer virou afasia
Mal trocavam palavras
Usavam a tecnologia para lhes aproximar
A mesa do café da manhã parecia um velório
Não se permitiam chorar e muito menos lamentar
O oceano de mágoas que os separa hoje
Já não se pode atravessar
Parece que para cada centímetro de amor
Não conseguia transpor cada quilômetro de ódio
Preferem sofrer em seus mundos
Cada um em sua ponta do universo
Esperando a chegada do segundo sol
Para que assim o universo deles se parta
Refazendo todo o universo deles
E cada um fique com uma metade
E possam ficar assim cada um no seu universo
E nunca mais precisem se encontrar

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