quinta-feira, 17 de maio de 2018

Arte É Transgredir


Arte É Transgredir

Sabe, quando começamos a nos questionar sobre o nosso papel na sociedade é que começamos a sentir o peso de nossas decisões sobre nossa vida. Como escritor, me sinto um artista e por isso mesmo, me apego ao que disse um pensador disse: “o artista é um transgressor por natureza”, sendo assim, sei que meu papel nesse mundo é muito mais do que escrever coisas bonitas ou trazer imagens fantásticas, acima de tudo, o artista tem o papel de fazer pensar e de questionar o Status Quo.
Por todos os grupos de discussão que eu participo, conversando com amigos e também com pessoas ligadas à área, o tema apesar de recorrente, não é tão explorado quanto deveria. Muitos se preocupam muito mais com seguidores, com alcance, com influência e se esquecem que fazemos isso como uma forma de protesto, como uma forma de questionar o mundo a nossa volta.
Claro que temos que pagar nossas contas, que para isso, sermos vistos e sermos admirados é importante, mas para mim, ter um discurso aliado a tudo isso é muito melhor. Sou de uma época em que os ídolos tinham um discurso. Cazuza, Renato Russo, Kurt Cobain, Romário, Renato Gaúcho, Denzel Washington, Bill Gates, Steve Jobs e tantos outros ídolos modernos, sempre tinham um algo a mais para falar. E o que eles falavam era relevante dentro da minha geração.
Hoje, me pego cercado por “ídolos” dessa geração, que não têm nada a acrescentar, que falam muito e pouco dizem, que apresentam discursos vazios, que não dão opiniões relevantes ou se colocam sobre temáticas importantes. Contudo, ainda achamos algumas pessoas que acrescentam, como a Emma Watson e André Moscoso, que possuem vozes sobre vários temas importantes e que não se privam de se posicionar sobre as questões relevantes para a sociedade.
Acho que o principal ponto de um artista é esse: não ter medo de se posicionar. Quando você se posiciona, você corre o risco de se levantar contra a opinião de muitos. Falo isso, pois sei que minha opinião política não é algo que agrade a maior parte dos meus leitores, muito pelo contrário, ela afasta algumas pessoas que creem que eu deveria pensar mais de acordo com o senso comum.
Mas é justamente essa a minha “obrigação”: remar contra a maré, apresentar um pensamento desviante, não ser mais um na multidão, pensar fora da caixa, ser o ponto fora da curva. Um artista e principalmente um escritor, devem ser farol para a sociedade. Calma, não sou narcisista e prepotente ao ponto de pensar que eu sou um bastião das soluções para o nosso mundo, contudo, sei que as pessoas deveriam se dar ao trabalho de ler mais o que pensam pessoas fora da casinha, aqueles que não pensam com o senso comum.
Uma das ideias que acho mais sensacionais, é a da sociedade judaica, que obriga em seu conselho de anciãos, nunca haver consenso. Daí, sempre que se reúnem, um dos anciãos precisa apresentar um pensamento totalmente diferente do apresentado por todos os outros e levar sempre esse pensamento adiante. Como bem disse Nelson Rodrigues: “Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”.
Sendo assim, sempre que vejo que algo está muito certo, tento ver essa coisa por um outro prisma, tento me colocar do lado de quem não tem que fale por ele, de quem não é capaz de contar a sua história e desta feita, eu acabo me mostrando como um dissonante, como alguém que é transgressor, um marginal, um pária, alguém periférico, que não é visto na sociedade, que só tem sua voz ouvida quando choca.
Por isso, como escritor, me vejo sempre na obrigação de estar me testando de estar me questionando, de estar pensando de outras maneiras, de não me acomodar, de ir contra a calmaria. Estou sempre buscando águas mais profundas, para me testar, para mostrar que sou capaz de questionar o mundo a minha volta, que sou capaz de ter meu senso crítico e ainda assim apresentar uma visão coerente com tudo o que eu digo e tudo aquilo que eu penso e apresento em meus textos.
Como escritor, vou sempre questionar, sempre achar que não preciso falar de amor de uma forma popular ou de convencional. Por isso mesmo, acho que a melhor forma de dizer eu te amo é sem usar as palavras, da mesma forma que você falar de política não precisa se falar de partido, falar de economia não precisa se falar de dinheiro e se falar de sexo não precisa se falar de penetração. Então, para mim, a ordem é questionar, é fazer pensar, é acrescentar as pessoas.
Da mesma forma que na vida eu acho que a pessoa tem que se sentir melhor depois de me encontrar, tenho o pensamento de que o meu leitor tem que se sentir uma pessoa melhor depois de ler um texto meu, não importando a temática. Apenas quero que a pessoa se sinta capaz de questionar o texto, depois questionar a si mesma e por fim, questionar toda a nossa sociedade. Se eu conseguir isso com os meus leitores, sei que estarei cumprindo a minha missão como escritor/artista.

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