Quando
Amo, É Pra Valer
Eu sou um cara sincero,
por isso mesmo, fica fácil para mim admitir certas limitações minhas. Tenho
várias, algumas leves, algumas mais graves, contudo, nenhuma delas se compara a
minha limitação em me apaixonar. E não falo da paixão como combustível para te
mover em relação a algum objetivo ou prazer mundano, mas sim a paixão de homem
e mulher, a paixão romântica, aquela paixão avassaladora, aquela de história de
cinema, de romances e afins. Eu tenho um problema sério com isso, pois não
consigo ter aquele interesse irracional por uma pessoa, sabe aquela coisa de
mesmo com tudo diferente, veio meio de repente uma vontade de se ver? Pois bem,
pra mim isso não rola. Eu não tenho essa empatia irracional pelas pessoas, pra
mim tem que ter aquela coisa de interesses mútuos, ter hobbies em comum, de
gostar das mesmas coisas e aí, por conta das similaridades, acabar se
envolvendo, nascendo um interesse pela outra pessoa.
Pra quem tem o costume de
ler esse meu blog, já deve saber que eu sou pragmático, que as coisas comigo
funcionam de uma forma diferente, não sigo os modelos básicos de comportamento
e nem as opiniões alheias, sendo assim, não consigo me envolver com alguém sem
ter um envolvimento prévio, um conhecimento prévio de quem é a pessoa e um
convívio prévio, também. Parece loucura isso, mas para eu me interessar por
alguém, preciso desenvolver um nível de empatia, uma certa amizade. Não dá para
chegar do nada, conhecer a pessoa hoje e já achar que é a mulher da minha vida.
Tem gente que consegue isso, mas pra mim não funciona assim. Eu não tenho isso,
nunca fui de sair com alguém que conheci numa night e me relacionar direto, mas
se depois, conseguia sair com a pessoa mais vezes, via que a pessoa tinha algo
pra me acrescer, aí eu já não via problema, porque tornei a pessoa alguém
próximo, sendo leve a relação e algo bom de se ter, daí, não tinha porquê de
não deixar rolar. Podemos dizer, que isso é uma forma de defesa, mas acho que é
uma evolução na questão dos relacionamentos, pois não é algo superficial, ou só
físico, é um encontro de mentes, de almas, é algo muito mais profundo e que pra
mim vale mais a pena ser vivido, pois eu já terei uma base para alicerçar uma
relação.
Eu acho relacionamento
coisa séria, até que o relacionamento não seja sério, ainda assim, a relação
entre as pessoas precisa ser séria, precisa, ter respeito, carinho, atenção,
dedicação, sinceridade... Mesmo que para ser uma relação frívola ou sem maior
envolvimento, pode ser apenas pegação ou sexo casual, mas precisa ter o básico:
respeito, atenção e cuidado. Sem isso, você não consegue manter uma relação
saudável ou um envolvimento minimamente prazeroso. Quer dizer, um
relacionamento que vise meramente o prazer não dá importância para essas
coisas, mas um que seja prazeroso, que valha a pena ser vivido, esse precisa
mesmo desse pacote básico de respeito, atenção e cuidado. Não se pode fugir
disso, até para você não ter um relacionamento, você precisa deles, para não
ter um namoro, ser só uma ficada, ainda assim, você precisa entender que o
outro merece que você haja de certa forma, para não terem problemas.
Minha forma de ver os
relacionamentos foi se aprimorando com o tempo, cada vez mais e mais. Comigo,
cada relação contou, cada uma delas me trouxe uma coisa boa, mesmo que seja,
simplesmente, nunca mais fazer algo parecido. Sou do tipo de pessoa que valorizo
as experiências vividas, valorizo o que passei, valorizo o que vivi, valorizo o
aprendizado, valorizo o que tive com cada uma das mulheres que passaram pela
minha vida. Nunca fui de cuspir no prato que comi, nem de falar mal da pessoa
com quem me relacionei ou da relação em si. Até porque, eu creio que
relacionamentos acabam, vão e vêm, mas o que se viveu a dois, não se apaga,
mesmo que em muitos casos, algumas pessoas achem que tirar todas as coisas
relacionadas ao casal das redes sociais vai apagar o que se viveu, porém, o
certo é que não vai. Mesmo. Você vai carregar para sempre as coisas boas e
ruins da relação, os bons e maus momentos, as boas e as más experiências, tudo
isso vai estar intrinsecamente ligado a você, independentemente de você gostar
ou não da ideia, mas essas experiências de relacionamentos que você teve, te
deram a vivência e a maturidade para você vivenciar as suas futuras relações de
uma forma melhor e mais plena.
Acontece, que hoje, para
mim, o que importa é ter relações plenas, sinceras e diretas. Plenas, de forma
que me deixam realizado e feliz de vivenciá-las, assim, não me trazem ônus
penosos, sendo fácil de se vivenciar a relação e a mesma não nos traga temores
ou dúvidas. Sinceras, pois apenas quando ambas as partes estão dizendo de forma
verdadeira o que querem da relação, as partes podem decidir, de forma rápida e
prática o que será dessa relação, afinal, as relações mudam, evoluem e por isso
mesmo, só com muita sinceridade para se conseguir manter a relação. Diretas,
pois precisam ser simplificadas, não dá pra você ficar achando que deve
satisfação da relação para mil outras pessoas, não. Devemos satisfação só entre
o casal, ninguém mais, não dá pra ficar se deixando levar pela opinião alheia
ou ainda pelas informações de fora, o melhor da relação é quando ela é bem
vivida a dois, quando os dois se bastam, quando pra felicidade do casal,
qualquer programa a dois é suficiente para a sua satisfação. Não dá para achar
que pessoas de fora terão mais capacidade que vocês para decidir o melhor para
a relação, então, o desenvolvimento da relação só precisa ser feito em uma via,
de mão dupla e não num sistema de ruas e avenidas mais desarranjado que o nosso
sistema político.
Por isso mesmo, acredito
que pra me apaixonar perdidamente sem conhecer o coração da pessoa, não rola.
Eu preciso mesmo que a coisa venha num crescendo, que vá ter seu auge em um
outro momento das nossas vidas, talvez num momento em que o aceitemos com mais
facilidade que as pessoas não precisam se apaixonar para amarem a outra ou que
a paixão não seja tão valorizada a ponto de se sobrepor ao amor. Eu acredito
que a paixão burra é complicada, afinal, ela nos tira o eixo, nos faz cometer
loucuras, nos leva a sermos menos abertos as possibilidades de que o amor
maduro nos traz.
A paixão adolescente é legal,
parece que nós vamos morrer por amor, que nada mais será capaz de nos fazer nos
sentirmos inteiros novamente, somos melodramáticos, despreparados e pouco
afeitos aos problemas que acarreta um amor juvenil. Contudo, eu já estou com
trinta e quatro anos, não estou mais afim de rompantes, de alterações bruscas
de sentimentos, de instabilidades emocionais... Como disse o poeta: “Eu quero a
sorte de um amor tranquilo com sabor de fruta mordida”. Eu quero isso, eu quero
é algo maduro, quero viver algo que seja pra sempre, mas sem a ilusão de que
todo amor é pra sempre, quero a certeza de que a pessoa vai se dedicar, vai dar
o seu máximo, não quero que a pessoa saiba que é a mais bonita da sala e pode
fazer o que quiser, quero que ela saiba que é a mais bonita da sala e ainda
assim, escolha fazer o que me agrada.
Eu sou romântico, podemos
dizer assim, mas é ao meu jeito. Não sou de falar que amo, mas sou capaz de
mover mundos e fundos para agradar a pessoa, quero por sempre um sorriso em seu
rosto, quero fazer ela sorrir, ser feliz, estar contente por estar comigo em
sua vida, por me ver como alguém que lhe agrada... Mas acima de tudo, eu
acredito no amor, naquela sensação de que foram feitos um para o outro, mas que
não se acomodaram com isso, fizeram as coisas certas, tal qual um jogo de
xadrez, onde a felicidade e o fim da relação travam um duelo imprevisível, mas
que eu acredito sempre que o amor vai vencer. Então, eu posso ser incapaz de me
apaixonar, mas quando eu amo, podes crer que é pra valer.
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