“Ei,
Eu Te Amo”
Engraçado como essas
quatro palavras são capazes de causar as mais diversas reações nas pessoas, né?
Ontem eu resolvi seguir à risca a sugestão do meu amigo Henrique e espalhar
amor para as pessoas que eu amo, que de alguma forma são importantes para mim,
que de alguma forma eu quero e desejo muito bem. Para isso, acabei usando do
inusitado, lancei mão do diferente, fui para o inusitado e peguei um aplicativo
de conversação e lancei para todas as pessoas importantes da minha vida a
seguinte mensagem: “Ei, eu te amo. Não se esqueça jamais disso! ” – Pronto, foi
motivo mais que suficiente para eu me ver no meio de um estudo antropológico de
campo, mesmo que ser querer.
Muitos que me conhecem
sabem que eu sou mega amável, mas não sou meloso, dou amor para as pessoas a
minha maneira, mostro preocupação, mando mensagem, cobro presença, chamo pra
sair, marco encontro, dou atenção, me mostro disponível, faço e aconteço pela
pessoa, porém, tenho uma certa dificuldade de verbalizar isso, mesmo sendo um
escritor/poeta, que tem o amor como temática, mas para tratar dos meus
sentimentos, eu tenho uma certa dificuldade. Acabo me embananando com as
palavras, trocando os pés pelas mãos, me engasgo, me confundo, não tenho um
pensamento linear quando preciso falar do meu amor por alguém. Mas ainda assim,
me arrisco em datas especiais, aniversários, datas festivas...
Contudo, tomado pela
forte emoção que o discurso do meu amigo impactou em mim, acabei enfrentando
essa minha dificuldade e elaborando a referida frase simples, supracitada.
Achei que era uma mensagem simples e direta, com princípio meio e fim, algo que
não causaria dúvidas em ninguém, muito menos problemas de interpretação. Pra
mim, me pareceu algo tão simples e direto, que não julguei ser possível que
alguém ficasse em dúvidas ou problematizando um simples eu te amo. O curioso é
que embora tenha recebido respostas positivas logo de cara, ainda assim, muitas
pessoas questionaram essa minha repentina demonstração de afeto.
Susto, incredulidade,
rejeição e ceticismo foram algumas das respostas negativas que recebi. A
pergunta mais comum entre as pessoas que tiveram reações negativas, foi: Você tá
falando com a pessoa certa? Ela e suas variações. Daí eu tirei minha primeira
conclusão do meu estudo de campo: O mundo está se achando desmerecedor do amor.
As pessoas me conhecem, me têm em seus contatos, embora eu não fale com elas
diariamente, ainda assim, somos amigos. Ainda temos laços fraternais que nos
unem e alimentam esse sentimento entre nós, e ainda assim, a pessoa questiona
se a mensagem foi para o destinatário certo, pois ela, realmente, não se julga
digna de receber uma demonstração gratuita e não provocada de amor.
A segunda conclusão me
veio com a segunda resposta negativa mais comum. Quando eu disse que amava
alguns, eles me questionaram se eu estava bêbado, o que me levou a minha
conclusão número dois, que é: O mundo acha que só se ama ébrio. O mundo anda
tão insensível, tão perdido e sem amor, que as pessoas ao receberem uma
demonstração dessas, simplesmente acham que a única justificativa é que o
interlocutor está fora de seu estado normal, está longe da sobriedade, está
ébrio e só, e tão somente só por isso, a pessoa foi capaz de abrir seu coração
e falar de amor. Chega a ser triste essa reação, já que demonstra ainda, que
nós estamos achando que o amor não é algo natural, mas provocado por entorpecentes.
O terceiro questionamento
mais comum foi se estava tudo bem comigo, se minha saúde estava bem. E tal
questionamento me trouxe a terceira conclusão, talvez a mais forte, que é: O
mundo considera o amor uma doença. As pessoas preferem acreditar que uma
demonstração de amor só pode ser dada por alguém doente, à beira da morte ou
algo assim. Porque o amor está tão escasso no mundo, que quando alguém o
demonstra de forma espontânea, ela não está bem ou gozando de todas as suas
faculdades mentais. E isso chega a ser um absurdo de se imaginar.
A quarta conclusão não
cheguei com uma das respostas em específico, mas sim com todas, que é: A falta
de amor no mundo está nos deixando insensíveis ao amor. Essa insensibilidade
está presente em todas as respostas negativas que recebi. Um sábio uma vez
disse que amor é a única coisa que quanto mais você dá, mais você ganha.
Todavia, nosso mundo hoje está cada vez mais egoísta, é todo mundo querendo
ganhar e ganhar cada vez mais, que as pessoas esquecem da simples lição de que
só tem amor quem sabe dar amor. São Paulo foi muito feliz ao falar que embora
alguém pudesse falar a língua dos homens e dos anjos, sem amor, essa pessoa
nada seria. E é verdade, nós não somos nada sem amor.
E não é só o amor Eros do
que estou falando, aquele amor sexual. Estou falando de amor fraternal, do
filial, do paternal, do parental, de todas as formas de amor. Um dia uma amiga,
amante dos animais, postou um quadrinho em que se falava o porquê dos cachorros
morrerem cedo. E lá dizia que era porque eles aprenderam a amar
incondicionalmente e de forma irrestrita, sem ter medo de demonstrar esse amor.
Logo, nós humanos, precisamos de mais tempo aqui na terra, para aprendermos a
amar como os cães. Parando para analisar com calma, tal premissa está
certíssima, afinal, o certo é morrermos velhos, depois de uma vida inteira,
para que possamos aprender tudo o que pudermos sobre dar amor de forma
incondicional e irrestrita, aí e tão somente quando aprendemos a amar, que nos
vamos para o outro lado.
Quando alguém morre cedo,
sentimos muito mais a perda, pois pensamos que essa pessoa ainda tinha muito o
que viver nessa vida, o quanto ainda tinha para fazer, mas nos esquecemos de
medir o amor, então, quando vamos olhar, geralmente, essas pessoas que se vão
muito jovens, são pessoas tão marcantes, que o amor que elas emanavam era
tamanho, que não tinham mais nada para aprenderem sobre o assunto e por isso se
foram tão rápido e tão cedo. Pra mim, o amor está presente em todas as nossas
relações interpessoais, em algumas em mais alto nível, em outras em menor, mas
de qualquer jeito, o amor está lá.
As reações positivas me
deram esperanças de dias melhores, sabe? Muitas pessoas se sentiram lisonjeadas,
felizes e honradas por eu ter me declarado assim diretamente para elas. Em
alguns casos, as pessoas fizeram declarações semelhantes, em outros, elas se
emocionaram, em outros, elas disseram que tal mensagem mudou o seu dia, em
outros, que aquela frase, singela, significava muito, pois sabiam o quanto era
verdadeira. Daí eu ter a certeza de que o amor é, e sempre será, a melhor forma
de aproximar as pessoas. Mesmo distante, mesmo há tempos sem nos falarmos, mesmo
há tempos sem nos vermos, ainda assim, o amor reconectou, reaproximou, reconstruiu
e refez nossas relações.
Depois dessa experiência,
cheguei à conclusão de que temos que fazer o amor voltar à moda, voltar a ser
comum, voltar a ser valorizado, voltar a ser elemento central e essencial de
qualquer relação humana, devendo ser divulgado, difundido, distribuído, sem
restrições, sem condicionamentos, apenas a doação desse sentimento, sem que se
espere algo em troca. Porém, quanto mais se dá amor, mais amor você tem pra
dar. Então só posso mesmo continuar com essa minha empreitada, convencer
aqueles de quem gosto de que fundamental é mesmo o amor, que tenho que
verbalizar, mesmo que ao meu jeito, o amor que tenho pelas pessoas.
Se o amor é só o que
temos e precisamos nessa vida, a boa, então, é amar. Não se incomodar, não se deixar
abater, vão falar que confundimos o destinatário, que estamos bêbados ou até
que estamos doentes ou vamos morrer, mas o amor é mais, o amor é maior, o amor
é vida, o amor é verdade, o amor é amizade, o amor é companheirismo, o amor é
tudo o que precisamos, o amor é tudo o que temos, o amor é tudo o que podemos
dar. Como bem disse São Paulo, sele nós nada seríamos. Então, ame, sem medo de
parecer ridículo, ser motivo de deboche, ser motivo de descrença ou
desconfiança. Ame por você, pelos seus, pelos que já não creem no amor, pelos
que já não vivem o amor. Que possamos nos encantar de novo pelo amor, espalhar
amor pelo mundo. Voltar a fazer do amor algo comum, mais fácil de ser aceito
pelas pessoas, que elas não julguem que o amor é estranho ou elas são indignas
dele.
Então, façamos o
seguinte: alegre o dia de alguém que você gosta, diga que ama alguém, numa
tarde chuvosa de uma segunda-feira, num dia de domingo, sem pretensão, apenas
para mostrar que ama. Dê abraço, beije, diga o que pensa sobre a pessoa, o que
sente, se interesse, pergunte como foi o dia, se está tudo bem, seja gentil,
falar por onde, ouça o que a pessoa tem a dizer, abra seu coração, dê colo,
faça cafuné, beije a testa, zele, reze, ore, agradeça... No fim das contas,
existem milhões de formas de se dizer eu te amo, eu preferi dizer com uma
mensagem direta, via WhatsApp. Qual é a sua? A mim, pouco importa, o que me
importa é que você o diga e seja extremamente feliz e espalhe o amor pelo
mundo.
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