segunda-feira, 17 de junho de 2019

Fobia De Escuridão

Fobia De Escuridão

Estou caminhando noite a dentro sem destino
Vagando por aí, em uma estrada mal iluminada
Ladeado de muros altos que me avizinham o olhar
Dando a impressão de que estou preso em um labirinto
Um lampião com uma luz bem fraca, ilumina a minha frente
Quando a luz, então, começa a piscar inconstante
Até que então, um vento arrepiante sopra e ela se apaga
E então, fez-se a escuridão
Sinto que o meu coração acelera depressa
Arregalo os meus olhos, mas a íris não suporta
O breu toma conta da minha caminhada
Me sinto ansioso ao ouvir passos em minha direção
A sensação do fim começa a tomar conta de mim
Arrepio todos os fios de cabelo do meu corpo
As pernas começam a bambear diante do perigo
O temor toma conta de mim e minhas mãos suam frio
Um vulto desforme cruza comigo pela escuridão
Vejo algo se movendo rapidamente no alto do muro
O seu olhar fixo em mim me dá calafrios
Os meus pelos da nuca me mostram que algo está errado
Ouço uma voz distante chamando o meu nome
Penso em correr, mas não consigo sair do lugar
Ouço mais passos vindo de trás de mim
Um farfalhar de asas me soa estranho
Dobro meus joelhos e toco o chão para me sentir seguro
Mas a verdade é que o terror já se apossou de mim
Vou engatinhando lentamente pela rua
Buscando sentir o cheiro e toque de algo além do breu
Sinto que alguém está me observando à espreita
Mas não consigo nem ver os meus dedos
A sensação de impotência e abandono proliferam
O medo agora é tangível e minha face se enrijece
A respiração já se torna ofegante e os sentidos me traem
Ouço uma gargalhada sinistra bem próxima de mim
Levanto a cabeça e vejo olhos brilhantes na minha frente
Olhei para o que eu não queria ali naquela rua
Agora será difícil esquecer aquela aparição
Sinto a presença de algo sombrio ali naquela estrada
Tento chegar até o muro caminhando apressadamente
Sinto um líquido viscoso penetrando por entre meus dedos
O cheiro de fogo, enxofre e fuligem me tomam as narinas
Não consigo saber o que é verdade ou imaginação
A mente já perdeu a razão, agora que estou aterrorizado
A sensação de que a minha vida está escorrendo pelas minhas mãos
Busco seguir até o fim do labirinto que me enfiei
Tento achar a saída, percorrendo todos os cantos tocados pelos muros
De repente me deparo com a figura mais ameaçadora que já vi
Seus olhos fitam os meus e sinto que minha alma está sendo sugada
Ela se aproxima de mim e eu dela, com cautela
Estico os braços para tocá-lo e então percebo
A figura em minha frente é meu reflexo no espelho

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