Ponto Final
Cheguei
ao fim
Não
tem próxima linha
Próximo
ato
Próxima
música
Próxima
página
Próximo
passo
Proximidade
Ou
próxima idade
Não
haverá desalento
Nem
desassossego
Não
há de ter sofrimento
Ou
ainda qualquer tipo de dor
Só
o que tiver de ser depois
A
partir de agora me desobrigo
Abro
mão das minhas certezas
Me
desfaço da minha noção de realidade
A
verdade, é que a partir de agora, nada mais sei
Os
pensamentos que me dominam me calam
Não
consigo vislumbrar um depois
O
bipar do monitor cardíaco me acompanha
E
o inflar do meu respirador já não me preenche
O
que me mantém vivo me machuca
E
aquilo tudo que um dia me foi prazer
Hoje,
só me causa dor
Estar
vivo é sinal de resistência
Pode
ser até resiliência, talvez
Olhar
para trás e pensar no que podia ter sido
Dói
E
como dói
Mas
nada de arrependimentos
Me
olhar no espelho me rasga
As
rugas são feridas de guerra
Uma
guerra perdida contra o tempo
Não
sei se dói mais o físico ou a alma
O
mental ainda me atrapalha
Não
há motivos
Continuar
é suicídio
O
término do que fui eu, já é uma realidade
Sinto
que me esvaio de mim
Em
cada respiro
Em
cada batida do coração
Cada
segundo a mais é um segundo a menos
Me
sendo bem sincero
É
pouco me ver sair de mim
Saber
que pouco a pouco
Vou
deixando de ser quem sou
Para
ser quem fui
E
termino sendo exatamente o que nunca quis
Eu
que sempre quis ser vírgula
No
fim
Jazi
sendo ponto final
Em
uma história que deveria acabar em reticências
Que
um dia um poeta escreva minhas crônicas
E
encha de metáforas
Uma
vida que era só paradoxos
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