Vozes Que Falam...
Besteira
Todo
mundo sabe que eu não sou fã das “vozes” dessa geração! Não curto eles! Acho um
bando de bobão, que só sabem pensar no próprio umbigo, que não apresentam
discurso consciente ou modificador, preocupados apenas com o próprio ego e com
curtidas e número de seguidores.
E
novamente a máxima do Barão de Itararé se faz bem presente: “De onde não se
espera nada, é daí que não sai nada mesmo”. E é assim que me surge a notícia de
que o tal Julio Cocielo fez comentários racistas em sua rede social. Não é que
eu esperasse, mas não fiquei surpreso.
Muitos
vão dizer que foi só uma piada, que é mimimi da parte das pessoas que estão
reclamando, que ele só faz isso pela zoeira, que não tem nada demais, que ele
só quis fazer graça, que não é algo assim tão sério, que ele é só ais um no
meio da multidão... Mas é justamente esse o meu ponto, o cidadão em questão só
apresentou uma clara falta de noção do momento em que estamos vivendo.
Tal
atitude só corrobora com a minha tese de que esses caras não apresentam nada de
revolucionário ou inovador, são extremamente reacionários e antiquados, só
servem para compactuar com o sistema mantenedor do status quo e por isso mesmo,
me causam uma certa ojeriza, afinal, não consigo ver jovens sendo coniventes
com a situação precária do nosso país.
E
sabe porque ele corrobora com essa situação precária? Porque ele não questiona
o pensamento comum, muito pelo contrário, o mesmo apenas reproduz um pensamento
que a massa tem. E porque eu acho que ele deveria ter uma atitude diferente?
Porque o mesmo é um influenciador! E aí está o meu maior problema com “influenciadores”,
todos eles possuem seguidores, fãs e em alguns casos, até devotos.
Mas
o que eles fazem com esse poder que eles têm? Nada, simplesmente mantém o
status quo, só se preocupam com os próprios benefícios, não agregando nada aos
seus seguidores, não fazem com que o mundo se torne um lugar melhor.
Por
eu ser uma pessoa pública, mesmo que para pouco mais de 2000 pessoas em minhas
redes sociais, ainda assim tenho o compromisso de apresentar um discurso
coerente com o que penso, algo que pode levar as pessoas a se questionarem e
repensarem o mundo a volta delas e a relação delas com esse mesmo mundo. E essa
é a postura que eu acho que qualquer pessoa pública deve ter, ainda mais os
escritores, pensadores e influenciadores.
Ocorre
que, muitos desses caras nem sabem o poder que eles têm na mão, só se preocupam
com os benefícios que ganham, com o número de seguidores e com o quanto isso
significa em suas contas bancárias. Nada contra enriquecer às custas do seu
trabalho, o meu problema é você enriquecer, as custas de discriminação e piadas
excludentes.
Não
vejo grande problema com esses caras é que eles não conseguem ver que poderiam
estar ensinando essa juventude a gostar de política, a se interessar por História,
a aprender a falar um Português correto ou, por muito menos, mostrar aos
mesmos, que eles podem sim questionar o senso comum e a sociedade como um todo.
Não
quero aqui ser hipócrita e dizer que não pode haver comédia, piadas e galhofas,
contudo, a partir do momento que você se vale de elementos de exclusão de
minorias, a piada perde a graça. E mais, quando você faz uma piada e só você
ri, é porque a piada é sem graça também.
Eu
acho uma irresponsabilidade esses caras, que possuem tantos jovens e crianças
como fãs, seguidores, devotos, seja lá o que for, e têm esse tipo de atitude.
Stan Lee e Jack Kirby escreveram muito bem isso em Homem-Aranha: “Grandes
poderes vêm junto com grande responsabilidade”. E é isso, esses caras são
responsáveis pelos conteúdos que propagam, não podendo se eximir disso.
Então,
não pode haver só bônus, como contratos publicitários, dinheiro advindo de
propagandas e aparições em grandes eventos, há o ônus também, com um grande controle
sobre suas atitudes, suas postagens e seu discurso. Logo, não cabe mais você
que resolve ser uma pessoa pública, querer separar o público do privado. Saiba
que tudo o que você faz conta. Seja você um político, um ator, um músico ou um
influenciador digital.
Sendo
assim, pensem mais no que vocês podem fazer para melhorar o mundo, o que vocês
podem fazer para devolver para a Humanidade o que ela está dando para vocês.
Afinal, como diria o poeta: “Nada vem de graça, nem o pão, nem a cachaça”.
Tenham mais responsabilidade, não acho que o Cocielo vai deixar de ser racista,
mas espero que ele não faça suas declarações em tom jocoso, fazendo os jovens
acharem que é normal fazer esse tipo de piada. Responsabilidade, essa é a
ideia!
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