O Ser Noturno

O Ser Noturno

Quando a noite cai

E coloco a cabeça no travesseiro

Tento fugir do peso das minhas escolhas

E ficar tranquilo com cada opção que fiz

Mas algo no vazio do escuro me assombra

E percebo o ser noturno dentro de mim

O ser noturno quer sempre assumir o controle

Me fazendo passar a ser um passageiro em minha vida

Mas consciente de tudo o que me acontece

Ciente de que o soturno me abraça

Que o frio do escuro me acalenta

E no escuro eu estou protegido

Quando cai a noite

Todos os gatos são pardos

Todos os pecados redimidos

Todas as dores caladas

Todos os desejos liberados

E toda a libido consentida

O ser noturno brinca com a agonia

Sufoca os meus anseios

Transpõe as minhas dores

Afoga o meu choro

Acompanha a minha solidão

Usa a morte para me reviver

Quando a noite cai

O noturno se levanta das catacumbas da minh’alma

Rasteja pelas sombras da minha mente

Se fortalece com as minhas fraquezas

Sorri da minha tristeza

E abraça tudo o que eu tenho de ruim

O ser noturno é esperto

Ele é o julgador de tudo o que sou

Tem coragem para dizer aquilo que não sou capaz

Ele tem força, tem garra e tem determinação

Acaba com a ilusão em meio ao mundo dos sonhos

Capaz de tornar o tédio em alegria

Quando a noite cai

O ser noturno domina

Aquele que causa gritos histéricos

Provoca palpitações e taquicardias

Que altera o subconsciente

Que aflige e apavora

Aquele que brinca com a minha sanidade

É aquele que é indefectível

Aquele que esmaga e sufoca

Que olha nos olhos e causa náuseas

Te deixa sem dormir e te faz pensar

Que me pesa nos ombros e eu sucumbo

O ser noturno é a minha consciência