Dores E Desejos
Se eu pudesse parar de sentir por um só
segundo
A dor sufocante que me dobra os joelhos
E me faz desejar abandonar esse mundo
Ou esconder o rosto diante de espelhos
Eu viveria uma paz simples e inebriante
Que encheria os meus pulmões e artérias
Trazendo para mim uma sensação esfuziante
Que seria capaz de separar o corpo da
matéria
Mas a dor não me abandona e nem me mata
Ela só me traz à lembrança de que sou de
carne e osso
Acompanhado por uma fúnebre sonata
Me transportando para o mais sinistro
fosso
Jogado aos leões da minha alma amarga
Sofro a dor de mil anos em um único dia
Preso como um peixe indefeso na abarga
Estou ciente de que a vida me trata com
desídia
Mas eu não busco uma solução mais fácil
A fuga não me serve como escolha
A morte não me toca com o seu beijo grácil
Pareço uma árvore que no outono desfolha
Eu já me acostumei com essa maldita dor
Já sofro em silêncio há não sei quanto
tempo
Tentei diversas vezes ser contra mim perpetrador
Contudo, a sensação sempre me pareceu a
destempo
O passado é uma roupa que já não me serve
mais
E o futuro é a roupa que paquero na
vitrine
Por mais que eu seja um perdedor contumaz
Isso não é a essência que me define
Vou me equilibrando entre dores e desejos
Vivendo um dia a após o outro dia, de cada
vez
Tentando não ser o macaco do realejo
Encarando, assim, a vida de frente, com altivez
Encarando, assim, a vida de frente, com altivez
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