Ninguém Mete A
Colher?
No
início tudo eram flores
Juravam-se
amores
Quem
via de fora
Não
tinha dúvidas de que era amor
Mas
veio a primeira discussão
O
primeiro empurrão
Um
puxão pelo braço
E
palavras que causaram dor
Ela
chorou uma noite inteira
Achou
que tudo não passou de besteira
Fez
pouco caso do próprio infortúnio
Acreditando
que ele fez por amá-la
O
tempo passou e veio a segunda briga
Um
tapa no rosto, um soco na barriga
Ela
aguentou tudo calada
As
marcas serviam para humilhá-la
Não
tinha com quem se abrir
Depois
de perder um dente parou de sorrir
Se
sentia coagida em sua própria casa
Ele
passou a ser cada vez mais agressivo
Teve
o celular quebrado por ciúmes
Aceitar
acabou sendo uma faca de dois gumes
Foi
se submetendo aos caprichos dele
Fez
do amor um sentimento possessivo
Ela
queria gritar e ele não deixava
A
cada dia a sua moral mais baixava
Ele
tinha o controle de toda a situação
Não
era só com tapa que ele machucava
Não
podia mais usar roupas curtas
Se
sentia abandonada como as murtas
Já
não suportava mais isso tudo
Assumia
que a vida derrocava
Um
dia se rebelou e procurou ajuda
Correu
porta a fora com sua dor aguda
Tentou
que alguém lhe fizesse justiça
Só
conseguiu um mero mandado
Mas
no Brasil, a lei não pega
O
ex-amor a ela ainda se apega
Fez
juras de amor e de morte
O
destino dela estava referendado
Com
um revólver na mão o ódio o cegou
Uma
bala o corpo dela transpassou
Tombou
mais uma vítima do machismo
Um
número na sessão casuística
Em
briga de marido e mulher
Ninguém
quis meter a colher
Nem
o delegado e nem o juiz
Mais uma mulher virou
estatística
Nenhum comentário:
Postar um comentário